Todos serão salvos no final?
Sua dúvida é se, por Jesus ser a propiciação pelos pecados de todo o mundo, isto não significaria que todos serão salvos no final. Vamos ver a passagem: (1 João 2:1-2) “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.
A passagem deve ser lida em três partes: Primeiro Jesus é o Advogado dos que foram salvos por ele, intercedendo por eles diante do Pai (por isso ele fala “temos”). Segundo, ele é a propiciação pelos pecados dos salvos por ele, isto é, ele pagou o preço devido por nossos pecados (por isso diz “nossos pecados”). Terceiro, ele é a propiciação pelos pecados de todo o mundo, porque sua morte tem capacidade para salvar todos os homens, no sentido do preço pago ser universalmente abrangente.
Entenda que “propiciação” é sempre o lado de Deus no que diz respeito à morte de Cristo. Deus foi plenamente satisfeito pelo sacrifício da cruz, podendo assim ser propício para com todos os pecadores. Todas as demandas divinas concernentes ao pecado foram satisfeitas ali, e efetivamente Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, conforme João Batista havia anunciado.
Agora, se essa provisão irá ou não atender ao pecador individualmente, isto é outra história. Ela está lá, disponível, e é por isso que pode ser hoje anunciada a todos. É o mesmo sacrifício que atendeu também para a salvação até mesmo dos que existiram antes de Cristo morrer. E é o que Paulo fala em Romanos, mas apenas para quem tem fé em Jesus (os que morreram antes morreram crendo que Deus proveria uma solução para o pecado, por se reconhecerem inaptos para se salvarem por suas próprias justiças):
(Rm 3:25-26) “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.
Nesta parte o assunto em Romanos é “propiciação”, ou seja, a provisão do ponto de vista de Deus suficiente para salvar a todos. Porém mais adiante o apóstolo irá falar de “substituição”, e aí se trata de uma questão individual. Ele só substituiu no juízo na cruz aqueles que creem nele, e para esses a obra completa inclui a justificação. Ao crer em Jesus você é perdoado e justificado. Perdão é o juiz considerá-lo livre por alguém ter pagado sua conta. Justificação é o juiz convidá-lo para trabalhar com ele por você ser idôneo e ter ficha limpa.
(Rm 4:25) “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação”.
Portanto, da perspectiva de Deus a obra de Cristo é suficiente para todo o mundo: “... pelos [pecados] de todo o mundo” (1 Jo 2:2). É como se alguém hoje chegasse a Deus e perguntasse: “Cabe mais um?”. A resposta seria, “Sim, pode entrar”. Caso contrário, Deus poderia ser obrigado a responder a alguém que infelizmente o lugar não é espaçoso o suficiente para todos. Todavia, somente para os que estão “dentro” dessa obra é que vale a afirmação “nossos pecados”.
Imagine Deus como alguém que dá uma festa e contrata o bufê para toda a população que já viveu e viverá na terra. Ninguém poderia alegar que não foi incluído no convite, mas é claro que nem todos estarão lá: uns alegarão que precisaram ir sepultar o pai, outros que compraram um campo e precisavam ir verificar, outros faltarão porque se casaram, etc. A parábola da grande ceia de Lucas 14 ilustra isso.
Portanto nem todos serão salvos, pois muitos não desejam ser salvos e nem mesmo querem a Jesus como Salvador. As passagens abaixo, Isaías 53:12 e 2 Co 5:15 mostram que, apesar de Cristo ter morrido por todos, ele levou sobre si os pecados de muitos (não todos). Se você crê nele, ele foi também seu substituto na cruz e os seus (de você) pecados estavam sobre ele naquele momento em que era julgado por Deus. Se você não crê nele, os seus pecados não estavam sobre ele naquele momento, mas havia um lugar para serem colocados lá. Só que não foram.
(Is 53:12) “...Ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”.
(2 Co 5:14-15) “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.
O versículo 14 significa também que na cruz Jesus pôs um fim ao homem em seu estado natural proveniente de Adão. A menos que você nasça de novo e seja nova criação em Cristo (Jo 3:1 e 2 Co 5:17), não poderá usufruir da salvação. Continuará sendo visto por Deus como um morto em delitos e pecados, e seu lugar, que estava disponível na festa, ficará vago.
(Ef 2:1) “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”.
(Jo 3:6) “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”.
(1 João 4:10) “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”.