O pecado de Sodoma foi “falta de hospitalidade”?
Depois de ler meu texto “Quais foram os pecados de Sodoma e Gomorra?” você fez uma busca sobre o assunto na Wikipedia e encontrou uma opinião contrária, dizendo que o pecado de Sodoma e Gomorra foi a falta de hospitalidade aos anjos que visitavam a casa de Ló. Segundo o artigo da Wikipedia, a hospitalidade era algo tão sério na época que Deus destruiu as cidades porque os homens de Sodoma tentaram abusar sexualmente dos hóspedes de Ló.
A Wikipedia pode ser muito útil para sabermos quem descobriu o Brasil e outras informações das diferentes ciências, e eu mesmo a utilizo para descobrir rapidamente informações sobre algum país ou alguma personagem histórica. Mas quando se trata de assuntos sobre a Bíblia, é bom ficar com um pé atrás, porque ela será tão correta quanto os filmes e documentários sobre a Bíblia que são feitos por incrédulos e passam na TV.
A Wikipedia não tem a credibilidade de uma enciclopédia, jornal ou revista (embora estes também possam ser tendenciosos). Na Wikipedia prevalece a informação de quem chegar primeiro ou for mais habilidoso na redação, ou ainda contar com a complacência dos revisores profissionais ou voluntários, que são uma espécie de “vigilantes” daquilo que é publicado, mas nem sempre conseguem vigiar tudo, porque o volume de informação inserida todos os dias é imenso. Enxergue a Wikipedia como um espaço bem democrático.
Por causa disso, qualquer pessoa pode deixar ali a sua versão de um fato, principalmente quando isto envolver opinião ou interpretação de algo, e essa versão ficar ali até alguém contestar com base em argumentos e referências consideradas melhores pelo revisor. Você encontra informações que estão documentadas historicamente, e outras que são meras opiniões. É por isso que hoje há várias ações legais envolvendo pessoas e empresas por informações difamatórias publicadas na Wikipedia em falsas biografias ou em alterações de textos sobre empresas feitas por concorrentes com o objetivo de prejudicar a marca.
No caso de sua dúvida, se o pecado de Sodoma e Gomorra foi a falta de hospitalidade, está mais que evidente que o texto publicado na Wikipedia é a opinião de alguém simpatizante do movimento gay. Uma análise atenta do texto deixa claro que ele não passaria pelo crivo de um editor ou revisor sério. Por quê? Porque nenhuma publicação séria aceitaria expressões como “estudiosos mostram que...”, “há atualmente teólogos e acadêmicos que afirmam...”. Qualquer editor ou revisor iria exigir que o autor do texto apontasse quem são esses “estudiosos” e “teólogos e acadêmicos”. Toda matéria jornalística deve procurar responder às seguintes perguntas: ”O quê?”, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “Como?”, e “Por quê?”.
Além desta dica jornalística de como identificar se um texto é ou não digno de confiança, vou lhe dar outra: quando um texto for opinativo, comece sempre a ler do fim para o começo. Assim você lerá primeiro a conclusão do autor sem antes ser contaminado por seus pensamentos, e depois poderá analisar se os argumentos para chegar àquela conclusão foram tendenciosos. Artigos tendenciosos são como seitas religiosas que não contam a história toda no início, mas falam apenas das vantagens e, pouco a pouco, vão introduzindo suas doutrinas cada vez mais escabrosas. Essa técnica evita que o noviço fuja se descobrir de cara qual é seu verdadeiro intento.
No fim do artigo (ou da seção dedicada a Sodoma e Gomorra) o autor conclui: “Portanto, não se pode afirmar que exista qualquer indício real e direto, de que o comportamento homossexual é condenado por Deus nas escrituras bíblicas”. Percebeu o que eu quis dizer?
Certamente o autor do texto não conhece a Bíblia toda, ou se conhece, simplesmente fechou os olhos para todas as passagens que condenam a prática homossexual, a saber, Levítico 18:22, 20:13; Romanos 1:26-27 e 1 Co 6:9, sem contar o relato de Sodoma e Gomorra e a referência em Judas 1:7.
Outro argumento usado pelos adeptos da teoria da falta de hospitalidade de Sodoma e Gomorra é a passagem em Lucas 10, quando Jesus envia seus discípulos e diz que no dia do juízo haverá menor rigor contra Sodoma do que contra a cidade que porventura deixar de ser hospitaleira com seus discípulos:
(Lc 10:9-12) “Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade”.
Porém o assunto desta passagem é a missão que os discípulos tinham de pregar o reino de Deus, e não de simplesmente se hospedarem nas cidades. Fica claro alguns versículos adiante que a rejeição de que Jesus falava era do ensino e da pregação:
(Lc 10:16) “Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.
Ou seja, se nos tempos do Antigo Testamento o pecado de Sodoma era considerado uma abominação, mas agora que Jesus tinha vindo ao mundo seria um pecado ainda maior não receber o seu testemunho, fosse este diretamente de sua boca ou da boca de seus discípulos. E o próprio Jesus endossou o que Moisés escreveu condenando a prática homossexual em Levítico 18:22 quando disse:
(Jo 5:45-47) “Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?”.
Depois disso o autor ainda tenta apontar supostas relações homossexuais na Bíblia entre Rute e Noemi, David e Jônatas, e Daniel e Aspenaz.
Eu particularmente não compreendo todo esse esforço da comunidade gay em torcer o significado bíblico para fazê-lo concordar com seus pensamentos. Seria mais simples rejeitarem totalmente a Bíblia e seguirem vivendo do jeito que acharem melhor. Eu não concordo com o que dizem os livros publicados por simpatizantes da prática homossexual, mas não perco meu tempo tentando distorcer esses escritos na tentativa de fazê-los concordar com o que eu penso. Eu simplesmente não faço parte dessa comunidade, então por que me incomodaria em perturbá-los com minhas ideias? Considero igualmente errados os que se dizem cristãos e vivem perseguindo homossexuais ou invadindo seus sites e blogs para deixar comentários agressivos. Se existem cristãos que se sentem incomodados com esses sites, então que parem de frequentá-los.
Os cristãos não deveriam se intrometer nos assuntos da comunidade gay, e os que apoiam práticas homossexuais não deveriam se intrometer nos assuntos daqueles que creem na Bíblia como a Palavra de Deus. Quem não concordar com o que a Bíblia diz que pare de ler suas páginas, ou de arrancá-las (como costuma fazer o ator Ian McKellen, conforme revelou em sua entrevista). De vez em quando recebo e-mails mal educados de gays e não entendo a razão. Se eles querem viver assim, não tenho nada a ver com isso, como eles não têm nada a ver com minha crença na Bíblia.
Aliás, o cristão seria mais feliz se não se intrometesse nos assuntos deste mundo, como sua política, tentando fazer as leis se alinharem com o ensino das Escrituras. Jesus deixou bem claro que aqueles que foram salvos por ele estão neste mundo, mas não são deste mundo. Este mundo seguirá adiante, como diz o ditado, “do jeito que o diabo gosta”, pois o mundo simplesmente rejeitou a Cristo e adotou o diabo como seu príncipe. Se o governo aprova ou não o casamento gay, isso é um problema dos governantes, e não do cristão, cuja cidadania é celestial.
(Fp 3:20) ”A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (NVI).
(Jo 14:30) “Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim;”.
(Jo 17:9) “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”.
Recebo muitos e-mails de pessoas fazendo perguntas sobre o que a Bíblia diz a respeito do homossexualismo, e a estes respondo com o maior respeito e atenção à pessoa, seja ela homossexual ou não, apontando o que encontro na Palavra de Deus e explicando a razão da minha fé. Não é a minha opinião que importa, mas o que diz a Bíblia, isto para aqueles que querem saber. Mas não vou sair por aí fazendo do “anti-homossexualismo” uma bandeira, porque de nada adianta alguém deixar a prática e não crer na salvação que Jesus oferece.
O evangelho que deve ser pregado é o da salvação pela fé em Cristo e em sua obra na cruz, e não um evangelho de mudança de hábitos, como alguns pregam. O lago de fogo terá multidões, tanto de pessoas que praticaram todas as coisas que a Bíblia condena, como de pessoas que nunca fizeram mal a uma mosca. Somos pecadores não por praticarmos isso ou aquilo, mas porque nascemos assim. Precisamos nascer de novo, receber de Deus uma nova natureza pela fé em Jesus e em sua obra na cruz. Os pecados que praticamos são apenas uma prova de que somos pecadores, mas não são eles que nos tornam pecadores, assim como uma árvore não se torna um limoeiro por dar limões, mas ela dá limões por ser um limoeiro.
Costumo dizer que posso perfeitamente discordar da prática homossexual sem deixar de amar e respeitar a pessoa envolvida nessa prática, como posso detestar o cigarro e amar e respeitar a pessoa que fuma. Infelizmente nem todos, sejam eles gays ou cristãos professos, sabem separar a pessoa da prática, daí os casos de violência contra os seres humanos. Devemos nos lembrar de que o Senhor Jesus sempre amou o pecador, independente do pecado em que estivesse envolvido, e suas palavras mais ásperas eram reservadas, não às prostitutas ou aos publicanos (os traidores corruptos de seu tempo), mas aos sacerdotes, escribas e anciãos, aos homens religiosos que se consideravam mais puros que os outros.