Os 144 mil de Apocalipse são a Igreja?
Não, os 144 mil não são cristãos membros do corpo de Cristo (Igreja), mas israelitas convertidos e salvos no início da tribulação. O número em si pode ser literal ou simbólico, mas a categoria à qual eles pertencem não é simbólica: são israelitas. Naquele momento que se sucede ao arrebatamento da Igreja (cuja história na terra termina no capítulo 3), eles estão na terra e são selados provavelmente como sinal de proteção de Deus para serem guardados durante os 7 anos e principalmente na segunda metade, a grande tribulação.
Está muito claro que são judeus porque é dado o nome de cada tribo, e os que fazem parte da igreja não são judeus, mas Igreja de Deus, que é a designação que vigora hoje em contraste com judeus e gentios:
(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.
Na lista das tribos estão faltando Dã e Efraim, talvez por terem sido as tribos mais associadas à idolatria no Antigo Testamento. Aparentemente foi a tribo de Dã a primeira a estabelecer um culto a um ídolo já na terra prometida em Juízes 18:30-31.
A tribo de Dã não é mencionada também em 1 Crônicas 2:3 e 8:40. Provavelmente o anticristo virá da tribo de Dã. Na profecia de Jacó (Israel) Dã aparece como alguém que iria julgar o povo de Deus, porém no caráter de uma serpente que induz o homem a pecar, como faz Satanás, ou quer destruí-lo. Além disso, logo após tal profecia vem uma espécie de brado de angústia, como se Israel assim oprimido buscasse por libertação:
(Gn 49:16-17) “Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás”.
(Gn 49:18) “A tua salvação espero, ó Senhor!”.
De Efraim, Oséias profetiza que deveria ficar sozinho por estar entregue à idolatria: (Os 4:17) “Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o”.
No lugar das tribos de Dã e Efraim aparecem Levi e José. Mas que não se trata de gentios, e sim judeus, fica mais claro ainda quando nos versículos seguintes são mencionados gentios:
(Ap 7:9-10) “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro”.
A Teologia do Pacto e a Teologia da Substituição, que acreditam que a Igreja seja a sucessora de Israel inclusive para desfrutar das promessas na terra feitas pelos profetas do Antigo Testamento, têm dificuldades em explicar a distinção que é feita claramente no livro de Apocalipse entre Igreja, Israel e Nações, colocando situações bem específicas para cada um desses grupos de pessoas.
A própria profecia do Senhor em Mateus 24, que fala da Grande Tribulação, não faz sentido a menos que seja lida em um contexto judaico. Que sentido faria o Senhor dizer para os que estiverem na Judéia que fujam para os montes? O que a Igreja estaria fazendo na Judéia? E por que orar para que sua fuga não ocorra no sábado? Por que estaria a Igreja guardando o sábado e as restrições de distância?