Essas igrejas deveriam se unir?

Você se diz triste com uma matéria que viu na TV na qual uma organização religiosa criticava o líder de outra organização religiosa por uso indevido do dinheiro arrecadado dos fiéis. Aqui no interior temos um nome para isso: “O roto falando mal do rasgado”. Você escreveu também: “Essa guerra entre igrejas é horrível e desprezível, deveriam trabalhar juntas para ganhar almas e não prejudicarem mais ainda a imagem que os cristãos tem”.

Como assim? Deveriam o roto e o rasgado unir forças? Para quê? Para que o número de incautos que eles arrebanham seja ainda maior e a Palavra de Deus seja ainda mais difamada entre os povos? O cristão não deve ser ingênuo acreditando que tudo o que traz o nome de “igreja” seja efetivamente o que a Bíblia ensina ou tem o respaldo divino (sabia que existe até uma “Igreja Maradoniana” que venera o Maradona?).

Deus não faz associação com o mal, ainda que muitos desses digam estarem reunidos em nome de Jesus e fazendo tudo em nome dele (lembre-se de “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome?” Mateus 7:22). Eu posso sair por aí dizendo que sou representante do presidente dos Estados Unidos e estou fazendo tudo em nome dele, mas isso não tem qualquer valor.

Compreendo que isso pode ser motivo de tristeza, mas não deveria ser motivo de surpresa. Afinal, como os avisos da Palavra de Deus se cumpririam se não fossem por esses homens falsificando a Palavra de Deus e explorando os fiéis? O Senhor Jesus avisou logo no início do evangelho de Mateus:

(Mt 7:19-23) “Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.

Quem são esses? Se não forem os que fazem essas coisas em nome do Senhor de maneira fraudulenta praticando iniquidade, quem seriam então? É mais fácil reconhecer uma árvore má quando seus frutos (obras más) são tão evidentes quanto os desses pregadores de prosperidade. Mas evidentemente as pessoas não querem enxergar, pois gostariam de ter a mesma prosperidade desses líderes, sem perceberem que são elas que fazem eles prosperarem com o dinheiro arrecadado em troca de promessas vãs.

Pense assim: se eles não existissem, em quem se cumpriria o aviso do Senhor em Mateus 7? Certamente ele não está falando de incrédulos, de pagãos, de pessoas de religiões não cristãs, mas trata explicitamente de quem confessa o nome do Senhor, profetiza, expulsa demônios e faz maravilhas em seu nome.

Paulo também avisou que tais pessoas surgiriam entre os cristãos, alguns saídos de seu próprio meio para atrair discípulos, outros vindos de fora para destruir o rebanho. Mais uma vez eu pergunto: como se cumpririam tais palavras se não fossem por esses que iludem o povo?

(Atos 20:29-31) “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [pervertidas ou distorcidas], para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós”.

Que eles seriam ávidos por dinheiro, a Palavra de Deus também deixou bem claro em 2 Timóteo. Se verificar o contexto da carta verá que Paulo está falando da grande casa da cristandade e de como ela seria nos últimos dias:

(2Tm 3:2) “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos [Amantes do dinheiro], presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”.

O fato de alguns adotarem para si títulos pomposos, como o de “Apóstolo”, “Bispo”, etc., só confirma a veracidade dos avisos dados na Palavra:

(2 Co 11:13-15) “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos [que cometem fraudes], transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.

Você alega que ajudava a organização chamada “igreja” apresentada na matéria da TV por acreditar que muitas pessoas teriam sido verdadeiramente curadas. Acaso quando você vê um show de mágica é capaz de dizer imediatamente como foi que o mágico fez o truque? É claro que não, a menos que o mágico seja iniciante. Um profissional faz você ficar intrigado por não descobrir o truque.

A diferença é que o show de mágica nós assistimos conscientes de que se trata de prestidigitação e não de realidade. O mágico não está nos enganando, pois ele não se apresenta como alguém com poderes realmente sobrenaturais. Ele é um profissional do entretenimento e está ali para nos divertir. O próprio cinema é uma espécie de mágica, que nos faz ver as coisas como se elas fossem reais. Choramos, rimos, sofremos, mas sabemos que aquilo é tudo combinado e os atores estão fingindo.

Embora eu acredite que Deus possa realmente curar, o que você encontra nesses supostos “shows de fé” é picaretagem da grossa; quando não é efeito placebo e sugestionamento (a medicina explica isso) ou diagnósticos falsos, é armação ou, o que é pior, obra do inimigo e o poder das trevas.

Como você acha que Janes e Jambres, os magos de Faraó, conseguiram imitar tudo o que Moisés fazia, com exceção de criar vida do pó? Eles não eram prestidigitadores como os profissionais do entretenimento. Eles eram bruxos e feiticeiros, no entanto Timóteo os compara aos líderes religiosos dos últimos dias. Vampiros e lobisomens podem ser personagens de ficção, mas bruxos e feiticeiros não. E os piores são os que vêm travestidos de servos de Deus.

(2Tm 3:8-9) “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles”.

Você alega que, “independente do líder estar pecando, os membros não têm culpa e podem receber a salvação”. Mais uma razão para ficar longe deles: (Mt 15:14) “Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”.

Boa parte dos membros realmente está ali na ignorância, enquanto um grande número deles está ali por concupiscência, que é o desejo ardente de enriquecer e ter uma vida confortável e livre de dificuldades neste mundo cujo príncipe é o diabo. Mesmo que fossem TODOS inocentes e estivessem ali por pura ignorância, ainda assim isso não seria motivo para nos associarmos a eles ou acompanhá-los em seu erro.

Ao falar dos homens que enganam, o apóstolo Paulo disse que “a palavra desses roerá como gangrena”, portanto devemos ficar longe de sua saliva. Não cabe a nós dizer quais de seus seguidores são ou não salvos, pois “o Senhor conhece os que são seus”. A mim e a você cabe a exortação que vem em seguida: “qualquer que profere o nome de Cristo APARTE-SE da iniquidade” (2Tm 2).

E a iniquidade não se limita aos líderes, mas aos seguidores também. “Ora, numa grande casa não somente há vasos [pessoas] de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destes, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra”. (2Tm 2:17-21).

Geralmente as pessoas são temerosas em julgar esses falsos pregadores com receio de estarem pecando contra o Espírito Santo (eles adoram ameaçar seus seguidores com isso) ou desobedecendo a ordem de Jesus que disse: “Não julgueis” (Mt 7:1-5). A questão é que há um número enorme de passagens que nos exortam a julgarmos e fugirmos de tais pessoas, as quais não conflitam com Mateus 7:1-5, que está falando para não julgarmos a pessoa (do mesmo modo como devemos julgar o cigarro, mas não o fumante por fumar), pois Deus a julgará. Mas suas doutrinas, erros, más obras e pecados devem sim ser julgados para podermos nos afastar delas. Se tiver tempo, confira estas passagens em sua Bíblia:

1 João 4:1, Mateus 7:15, Romanos 16:17-18, 2 Jo 1:10-11, Jo 7:24, 2 Jo 1:7, Mateus 7:16, Colossenses 2:8, Jo 8:44, 2 Jo 1:10, Lucas 12:57, 1 Co 2:15, Romanos 16:17, Deuteronômio 13:1-4, 1 Co 5:1-13, 2 Pe 2:1-22, 1 Co 10:15, 2 Timóteo 4:10, 2 Timóteo 4:3-4, Ef 5:11, 2 Timóteo 3:6-9, 2 Tessalonicenses 3:14-15, Atos 17:11, Isaías 3:9, Salmos 26:4-5, Ap 19:20, 18:4, 16:13-14, 1 Timóteo 1:19-20, Gálatas 3:1-3, 2:11, 2 Co 6:14-18, Mateus 15:14, Salmos 40:4, 28:3, Ap 13:11, Tito 1:13, 2 Timóteo 4:1-22, 2 Tessalonicenses 3:6.

O cristão que busca fazer a vontade de seu Senhor deve se apartar de tudo isso, porque só atrapalha o evangelho ao invés de ajudar. Por isso hoje encontramos tanta dificuldade em evangelizar pessoas esclarecidas, pois elas nos olham na dúvida se somos os vigaristas que pedem dinheiro ou os tolos que dão.

Mas certamente a picaretagem generalizada na cristandade não exime o incrédulo de sua responsabilidade de crer em Jesus. Quando ele se encontrar com Deus não poderá dizer que não creu por esta razão. Ao contrário, é por existirem tantos falsificadores da Palavra que ele deveria ter prestado mais atenção e buscado o evangelho puro e verdadeiro. Sim, há muitos que vêm com desculpas do tipo “Eu não quero nada com a Bíblia ou com Jesus porque não quero ser enganado como todas essas pessoas que vivem dando dinheiro”. Mas este argumento é absurdo e vou explicar a razão.

Digamos que você fosse um incrédulo que rejeitasse o cristianismo totalmente por causa desses falsificadores da fé cristã. Neste caso eu ficaria muito feliz se você pudesse me dar todo o seu dinheiro, já que certamente deseja se livrar dele. Sim, pois você deveria aplicar o mesmo raciocínio ao seu dinheiro. Veja bem, se você rejeita o cristianismo por causa dos falsificadores da Palavra de Deus, deveria também rejeitar seus Reais, Dólares e Euros por causa dos falsificadores de dinheiro (por isso eu disse que aceito de bom grado o dinheiro que irá jogar fora).

Mas obviamente você não recusa uma nota de cem reais verdadeira só porque existem notas falsas por aí. Então não deveria recusar o verdadeiro evangelho de Deus só porque existe uma quadrilha de falsários agindo em templos e programas de rádio e TV. Falsários falsificam aquilo que tem valor, por isso falsificam o evangelho. O Real, o Dólar e o Euro são moedas que têm valor. Você conhece algum falsário que perde seu tempo falsificando o “xelim somali” ou o “dólar zimbabuano”?