Como lidar com as festas?
Geralmente os pais cristãos têm dúvidas de como proceder quando seus filhos desejam ir a festas juninas ou participar de eventos como Cosme e Damião ou Halloween. Também recebo perguntas de como proceder em épocas como Carnaval, Natal, Páscoa ou cerimônias de casamento e festas de aniversários.
Já tive problemas assim quando meus filhos eram pequenos e eram convidados para festas juninas. Nos Estados Unidos (e agora em alguns lugares no Brasil) existe o Halloween, ou festa das bruxas, e nos EUA o costume é as crianças saírem fantasiadas pela vizinhança pedindo doces. A festa à fantasia daqui é o carnaval (geralmente isso é tudo o que as crianças percebem da festa, a fantasia).
Para tentar contornar o problema das festas juninas quando os filhos eram pequenos, nós sempre programávamos alguma atividade mais interessante, como ir a um parque de diversões ou ao zoológico. As crianças evidentemente preferiam o passeio a participar da festa junina na escola. Obviamente as coisas ficam mais difíceis quando os filhos são adolescentes e querem participar da festa junina nem tanto por devoção a São João, mas muito mais por estarem em busca de um empurrãozinho de Santo Antônio.
Felizmente não tivemos tais problemas com os filhos na adolescência, pois cedo eles perceberam que tanto por um motivo ou por outro aquele não seria um ambiente adequado. Do ponto de vista do caráter religioso da festa, certamente eles não iriam querer gritar “Viva São João!” para alguém que morreu. Também entenderam que não deviam esperar uma ajuda de “Santo Antônio” para conseguir um par dentre incrédulos. A Palavra de Deus é bem clara a respeito de buscar uma união com incrédulos:
(2 Co 6:14-18) “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”.
A ideia de uma atividade alternativa também vale para o carnaval e outras festividades. No caso do carnaval, às vezes os filhos precisarão chegar a uma idade mais avançada para entenderem que “carnaval” tem o sentido de “carne-aval”, ou seja, um aval para a carne se manifestar sem freios. É evidente que de nada adiantará você querer convencer seus filhos de que isso não é apropriado a um cristão se você mesmo passa horas em frente à TV assistindo aos desfiles, justificando-se de que aquilo é apenas interesse pelo folclore. E também será difícil explicar a eles como é que você é contra um desfile de carnaval se todos os anos participa dele com a desculpa para evangelizar. Você não daria a mesma desculpa para visitar um bordel, daria?
O Halloween é outra festa que foi importada e agora acabou entrando no calendário das escolas brasileiras. Isso está bem no compasso do despertar de jovens e adultos para o ocultismo, bruxaria, vampiros e lobisomens, com a mãozinha dada por livros e filmes como Harry Potter e Crepúsculo. Mais uma vez será preciso usar de criatividade para encarar a situação. Quando o ocultismo e a bruxaria passam a ser consideradas coisas normais no entretenimento para jovens, isso cria uma atitude receptiva quando eles entram em contato com a coisa real. Antes de minha conversão estive mergulhado no ocultismo e esoterismo e posso afirmar que não são coisas inofensivas para a alma.
Nos EUA no Halloween as crianças batem à porta das casas e considerariam indelicada uma recepção de reprimenda, mesmo porque geralmente elas fazem isso acompanhadas pelos pais. Por isso minha filha e meu genro costumam comprar doces e quando as crianças tocam a campainha ganham um doce e um calendário, folheto ou quadrinho com versículos bíblicos. Eles encontraram esta maneira de, ao mesmo tempo não parecerem antipáticos às crianças e poder evangelizá-las. Ficaria pior não atender a porta ou tentar explicar para cada criança a razão de não ter doces para distribuir.
Existem ainda dúvidas sobre participar ou não de festividades de Natal, dar ovos de Páscoa, ou cantar parabéns em festas de aniversário (neste caso aproveito para avisar que a mensagem que circula na Internet dizendo que o “Rá-Tchim-Bum” é uma expressão demoníaca não passa de boato). Este é um assunto pessoal, mas se a sua consciência estiver intranquila, então é melhor não participar. Já temos que engolir muitos sapos por compromissos de trabalho, quando o chefe quer que a gente participe disso e daquilo, então quando a decisão cabe somente a nós o melhor é nos resguardarmos, se isso for causar algum problema de testemunho ou consciência.
Este final de semana estive com um irmão que deixou de tocar profissionalmente porque seu grupo era contratado às vezes para quermesses católicas. Ele não ficava tranquilo com aquilo e achou por bem parar. Eu mesmo, como palestrante, não atendo alguns tipos de clientes, como organizações religiosas, partidos políticos, indústrias de armas, munições e cigarros. Semana passada recusei um trabalho de uma editora religiosa. Era um pedido para uma palestra de vendas para os funcionários, e não tinha nada a ver com religião, mas eu escrevi explicando que não atendo esse segmento de empresas. Também não faço palestras com temas como “espiritualidade na empresa” porque seria preciso diluir a verdade para agradar a todos.
Também sou contra a ideia de ir a festas e eventos com a desculpa de evangelizar (no caso que citei de minha filha e o Halloween, são as crianças fantasiadas que vão à casa dela em busca de doces). Participar de desfiles de carnaval para evangelizar foliões, marchas para Jesus para tirar os participantes de suas denominações ou paradas gay para combater a prática homossexual é se intrometer em eventos de terceiros com objetivos contrários. Qualquer indivíduo, quando em grupo, se sente fortalecido e assim tapará os ouvidos aos seus argumentos. Se você quiser alcançar as pessoas para o evangelho, existe todo o restante do mundo para levar sua mensagem e muitas outras oportunidades que não irão gerar conflitos e combates desnecessários.
Voltando à questão da participação dos filhos em festas populares entre crianças e jovens, de nada adiantará você simplesmente proibir sem ter feito antes a lição de casa. E quando falo em lição de casa, estou me referindo a ler diariamente a Bíblia com seus filhos desde a mais tenra idade, para eles aprenderem a diferença entre as coisas de Deus e do mundo. Falo também de disciplinar seus filhos não na admoestação que vem dos pais, mas do Senhor (daí a importância de eles conhecerem e reverenciarem o Senhor). Uma criança deixada a si mesma irá seguir a correnteza mais forte, ou simplesmente se deixar levar por ela. Pais que não têm na Palavra de Deus seu referencial, irão buscar nas revistas de banca o modo como devem criar seus filhos. E as revistas sempre tendem a mostrar como certo aquilo que a maioria acha certo, ou seja, o mundo. Sugiro aos pais a leitura do ótimo texto “Como educar a criança”.
(1 João 2:12-17) “Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados. Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno. Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.