Antes de Cristo as pessoas eram salvas pela fé?

Sim, a salvação sempre foi pela fé, mesmo por aqueles que tinham a lei, pois os que eram salvos acabavam reconhecendo que eram incapazes de cumprir a lei e acabavam se agarrando à misericórdia e provisão de Deus. Mas eles não sabiam como Deus resolveria a questão da justificação, como hoje sabemos. O primeiro homem da fé mencionado é Abel.

(Hb 11:4) “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

Abel, guiado pelo Espírito, lembrou-se do que Deus fez com seus pais, ao sacrificar um animal inocente para com sua pele cobrir o pecador. Mas veja que tanto Abel como todos os que vieram depois não enxergavam a solução completa para seus pecados e para terem cumprida neles a promessa de Deus dependiam de nós, ou seja, daqueles que Deus alcançou após o sacrifício definitivo de Cristo. Em outras palavras, a salvação dos salvos do Antigo Testamento tinha uma pendência e não poderia ser completada sem a manifestação de Cristo como o Cordeiro de Deus.

(Hb 11:39-40) “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados”.

Era como se os santos do Antigo Testamento tivessem suas contas “penduradas” no armazém para serem pagas algum dia. Só que eles não sabiam como essas contas ou cédulas seriam pagas, mas precisavam crer que Deus daria um jeito, caso contrário, estariam confiando em sua própria capacidade, o que não é fé. Então veio Cristo e riscou a cédula ou a conta dos pecados.

(Cl 2:14) “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”.

A vinda de Cristo também resolvia de vez a questão dos sacrifícios de animais, que não tinham o poder de limpar os pecados ou de efetuar uma eterna redenção.

(Hb 9:11-12) “Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”.

Antes da Lei havia sacrifícios nessa premissa de que Deus providenciaria para si o cordeiro, como Abraão falou a Isaque. Então o povo de Israel, confiando em sua própria capacidade, achou que seria capaz de cumprir a lei:

(Ex 19:8) “Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos”.

Deus introduziu os sacrifícios na lei, mas estes precisavam ser repetidos e só serviam para fazer comemoração dos pecados, ou seja, trazê-los à memória do pecador. A lei não podia salvar e os sacrifícios que ela ordenava não serviam para aperfeiçoar o pecador e nem livrá-los permanentemente de sua consciência de culpa.

(Hb 10:1-4) “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados”.

Veja que eles já dependiam do sacrifício de Cristo para receberem a herança eterna.

(Hb 9:15) “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna”.

Portanto, se a lei veio por Moisés, a graça veio por Cristo (aquela graça pela qual eles eram salvos mas que ainda não tinha sido manifestada). Veja que aqui fala do sacrifício de Cristo como provisão para a remissão dos pecados cometidos no passado e para demonstrar a justiça no presente, ou seja, uma obra de alcance infinito para trás e para frente no tempo e eternamente.

(Rm 3:21-26) “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

Para resumir, o sentimento de um crente do Antigo Testamento era parecido com o do cego que fora curado:

(Jo 9:25) “Respondeu ele, pois, e disse: Se é pecador, não sei; uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo”.

O crente no AT sabia que Deus seria misericordioso para salvá-lo, embora não imaginasse exatamente como. Então ele tinha seus pecados lançados numa conta a prazo para pagamento futuro, que foi o que Cristo fez quando veio. Eles eram salvos a prazo, no cartão de crédito que outro pagaria no vencimento. Nós somos salvos por pagamento antecipado.