A guarda do sábado é o sinal que identifica os salvos?

Você ficou confusa depois de ler um texto em um site que o cristão precisa do selo do Espírito Santo e do sinal da guarda do sábado para ter a segurança da salvação. Ali o autor dá asas à imaginação e coloca a guarda do sábado, como “selo” e “sinal”, em um patamar de importância acima do selo do Espírito Santo, com o qual é selado todo aquele que crê no Senhor Jesus.

Lá ele diz: “O Espírito Santo é um dos selos de Deus, mas não é o sinal de Deus... Enquanto que o Espírito Santo é o selo que identifica quem aceitou a Jesus como Salvador, o sábado é o selo e sinal que identifica quem permanecerá fiel ao Salvador no desfecho final do conflito entre o bem e o mal”.

Nem é preciso entrar em detalhes doutrinários para refutar o que o autor do texto afirma, basta verificar a validade da fonte. Considerando que o Adventismo do Sétimo Dia (a religião à qual pertence a pessoa que escreveu isso) teve sua doutrina ensinada por uma mulher (Ellen G. White), o que a Bíblia proíbe, o melhor mesmo é descartar de vez o que ler vindo dessa fonte. Se o Espírito Santo de Deus ordenou que a mulher não ensinasse, por estar ela mais propensa ao engano, como você irá confiar em uma religião cujas doutrinas foram ensinadas por uma mulher?

(1Tm 2:11-14) “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.

Além disso, se você prestar atenção nos textos que o autor citou para embasar sua teoria verá que eles não foram endereçados à igreja, mas a Israel.

(Ex 31:13-14) “Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (o autor do texto omitiu o versículo 14 que inclui aqui para mostrar que a pena para a transgressão da guarda do sábado era a morte).

(Ex 31:17) “Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se”.

(Ez 20:20) “E santificai os meus sábados, e servirão de sinal entre mim e vós [Israel], para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus”.

Como o autor também tirou este último versículo de seu contexto, é bom verificar a quem foram ditas essas palavras:

(Ez 20:3-13) “Filho do homem, fala aos anciãos de Israel, e dize-lhes... E os tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto. E dei-lhes [a Israel] os meus estatutos e lhes mostrei os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles. E também lhes dei [a Israel] os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica. Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os, o homem viverá por eles; e profanaram grandemente os meus sábados; e eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir”.

As religiões geralmente são construídas em cima de afirmações tiradas de seu contexto, e não é diferente com esta. Ao tentar transplantar a guarda do sábado, uma ordenança tipicamente judaica, para o cristianismo fica algo faltando: a pena de morte para quem não guardar o sábado, o que evidentemente deixa a coisa toda surreal. Não somos Israel, mas Igreja, portanto é muito importante distinguir bem o que se aplica a cada povo.