Devo aguardar na denominação enquanto não existe uma assembleia?

Você escreveu que decidiu continuar congregando em sua denominação enquanto não existir uma assembleia congregada ao nome do Senhor em sua cidade. Temo que você não tenha compreendido o que é realmente estar congregado ao nome do Senhor fora do arraial religioso.

Sem o entendimento do mal que é o denominacionalismo e o clericalismo, e sem uma separação completa, você não terá luz para enxergar o próximo passo, e por isso as coisas não lhe parecerão tão claras. Não se trata de uma opção, algo como escolher reunir em A, B ou C, como se fosse apenas filiar-se a um grupo com doutrinas diferentes das encontradas nas denominações. Trata-se de voltar ao único lugar onde o Senhor prometeu colocar o seu nome: onde dois ou três estiverem congregados ao seu NOME, e não ao nome de A, B ou C.

O princípio pelo qual o cristão vive é o mesmo princípio da fé de Abraão, que foi chamado a sair de Ur dos Caldeus sem saber para onde ia. Deus apenas lhe disse que lhe mostraria depois uma terra, mas quando ele saiu não sabia ainda aonde ir. Se Abraão não tivesse dado o primeiro passo, que era sair, será que teria descoberto o passo seguinte?

Caminhamos assim, deixando algo para trás antes de recebermos algo de novo que o Senhor quer nos mostrar. O cego de nascença, depois de curado, ainda tinha um conhecimento incompleto de quem era Jesus. Foi preciso ser expulso da sinagoga para se encontrar com Jesus fora do sistema dos homens e ter uma visão mais clara de quem realmente era. Foi só então que o adorou.

(Jo 9:34-36) “Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no. Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia? E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo. Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou”.

Quando tomei conhecimento da verdade do um só corpo e que deveria congregar somente ao nome do Senhor Jesus, eu morava com minha esposa em Alto Paraíso (GO) e congregava numa pequena congregação batista, formada praticamente por 3 famílias, sem pastor, templo ou as coisas normalmente encontradas numa “Igreja Batista” estabelecida. Então éramos eu e outro irmão que pregávamos nas reuniões e saíamos para evangelizar. Eventualmente algum obreiro ou pastor nos visitava.

Mas quando eu e minha esposa entendemos a verdade da separação do mal eclesiástico, separamo-nos daquela congregação e passamos a ficar em casa fazendo a leitura da Palavra. Alguns irmãos de Limeira e Piracicaba iam nos visitar de vez em quando. Fomos recebidos à comunhão à mesa do Senhor em Limeira e passamos a partir o pão, não como uma assembleia, mas apenas como irmãos da assembleia de Limeira em Alto Paraíso. Somente dois anos depois, quando voltamos a Limeira (minha cidade natal), foi que pudemos nos congregar em uma assembleia constituída e congregada ao nome do Senhor.

Mas isso durou apenas dois ou três anos, pois a necessidade de trabalho me levou a buscar emprego em São Paulo. Pela dificuldade de alugar algo lá fomos morar em São Vicente, onde meu sogro tinha um apartamento vago, e todos os dias eu viajava a São Paulo para trabalhar. Ficamos seis meses assim antes de nos mudarmos para São Paulo, onde também não havia uma assembleia congregada ao nome do Senhor.

Portanto, boa parte do tempo que passamos em Alto Paraíso, São Vicente e São Paulo não pudemos congregar regularmente, mas já estávamos apartados das denominações e em comunhão à mesa do Senhor. Quando podíamos, viajávamos a Limeira para congregar.

O Senhor proveu para que uma irmã de Piracicaba se mudasse para São Paulo, depois um irmão, e mais uma irmã que havia se convertido em Florianópolis, e aos poucos as pessoas foram se convertendo ou vindo de outras assembleias. Começamos a fazer reuniões em nosso apartamento que era minúsculo (algumas pessoas ficavam no corredor só ouvindo a reunião, mas não vendo nada) e logo estava estabelecida uma assembleia em São Paulo em comunhão com todas as assembleias em todo o mundo congregadas ao nome do Senhor.

Como você pode ver, não raro existem irmãos que se separam dos sistemas e buscam o Senhor quanto ao que devem fazer, mas pode ter certeza de que em nenhuma circunstância o Senhor lhes mostrará que devem voltar ao sistema religioso dos homens, pois isso seria contradizer a própria Palavra. O jeito é esperar e confiar que Deus proverá.

Depois de saber o que você já sabe, seria possível imaginar o Senhor lhe dizendo para voltar? Será que ele iria lhe dizer algo do tipo: “Vá congregar em qualquer lugar, ainda que ali exista um clero, um homem dirigindo as reuniões, um nome negando a unidade do corpo, elementos emprestados do judaísmo como dízimos, cantores, templos...”? Se escutar uma voz dizendo isso pode ter certeza de que não é a voz de Deus conforme a vemos expressa em sua Palavra.

Portanto, os passos são nesta ordem:

1. Entender o mal que existe nas religiões e que isso é iniquidade aos olhos de Deus (ainda que existam muitos convertidos nelas, mas cabe ao Senhor conhecer os que lhe pertencem).

(2Tm 2:19) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus”.

2. Apartar-se da iniquidade.

(2Tm 2:19) “E qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”.

3. Purificar-se dos vasos (pessoas).

(2Tm 2:20-21) “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra”.

4. Deixar de seguir os instintos naturais.

(2Tm 2:22) “Foge também das paixões da mocidade;”.

5. Seguir (congregar) com os que já se purificaram dessas coisas.

(2Tm 2:22) “e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.

6. Não fazer disso um cavalo de batalha e nem entrar em contendas com aqueles que permanecem nos sistemas (entenda que 2 Timóteo está falando da esfera da cristandade, não de incrédulos).

(2Tm 2:23) “E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos”.