Tocar no ungido de Deus significa falar mal do pastor?

Isso é uma grande bobagem inventada por esses pastores mercenários para não perderem seus seguidores e a renda. O versículo geralmente usado é (Sl 105:15) “Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas”. Valendo-se deste versículo isolado homens corruptos podem gozar de um tipo de “imunidade parlamentar” nos meios religiosos, deixando de ser julgados e condenados por seus atos.

Não vai demorar e a legislação terá de incluir o “bullying espiritual” como crime sem fiança. O assédio e exploração feitos por líderes religiosos têm destruído famílias e levado pessoas ao desespero. Os psiquiatras que o digam. A manipulação religiosa é uma forma de lavagem cerebral que deixa sequelas terríveis, e muitos incrédulos acabam confundindo isso com o puro cristianismo encontrado na Palavra de Deus. É triste ver quantos têm sido vítimas desses lobos vestidos de cordeiro.

É comum encontrar na TV homens corruptos vociferando suas ameaças aos berros contra aqueles que os desafiam, como se fossem guardas de campo de concentração. Obviamente os seus seguidores mais tímidos e menos conhecedores da Palavra de Deus acabam dando o pescoço à coleira.

É sabido que o poder corrompe, e não raro a busca por poder mais ferrenha que se pode encontrar é a que ocorre dentro do meio religioso. Eu não aguento mais receber spam de um pastor evangélico fazendo campanha para ser presidente de sua denominação. Sua exaltação própria causa nojo. Mas é sabido que o poder e a ameaça têm um efeito poderoso, e basta ver o que Hitler conseguiu gritando no microfone. Uma nação inteira sucumbiu aos seus apelos e ameaças.

Se os cristãos entendessem que hoje não existe um clero, mas apenas dons dados à igreja, e que não existe na doutrina dos apóstolos um homem dirigindo uma congregação (o dom de pastor é universal, não local), se libertariam desse jugo e das algemas de medo que esses líderes colocam. Passariam a crer na Palavra de Deus e não nas promessas vãs de homens corruptos quanto à fé e avarentos (amantes do dinheiro). Não faltam avisos na Palavra de Deus contra esses.

O versículo do Salmos 105 que é largamente usado por esses líderes foi escrito para as nações que ameaçavam Israel em seus primeiros dias. Era um aviso para pessoas do tipo do Faraó e outros, que queriam escravizar os hebreus “quando eram poucos homens em número, sim, mui poucos, e estrangeiros nela; quando andavam de nação em nação e dum reino para outro povo; não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por amor deles repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas” (Sl 105:12).

Percebeu como tudo fica mais claro quando examinamos o contexto e não um versículo isolado? O alerta ali não era dirigido aos do povo de Deus, mas aos tiranos que queriam explorá-los, como Faraó fazia. Se quisermos aplicar esta passagem do Antigo Testamento como um princípio para nossos dias, eu diria que o alerta cabe aos que se colocam como Faraós do atual povo de Deus tentando explorá-los a todo custo. Ou seja, o aviso é dirigido diretamente a esses pregadores corruptos que exploram as ovelhas do rebanho do Senhor.

O verbo “ungir” significa aplicar azeite em alguém, e era assim que as pessoas no Antigo Testamento eram escolhidas para alguma função especial, como os reis, os sacerdotes, etc. As coisas que foram escritas no Antigo Testamento são tipos e sombras das coisas atuais e também das que estão no céu. Hoje todo verdadeiro crente em Jesus tem a unção, ou seja, recebe em si o azeite do Espírito (na Palavra de Deus o azeite simboliza o Espírito Santo) quando é selado após crer em Jesus.

Ef 1:13-14 “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”.

Os ungidos hoje são todos os salvos por Cristo, e o apóstolo João deixa isso muito claro justamente na passagem onde ele alerta para os cristãos tomarem cuidado com os falsos mestres, os predecessores do anticristo, o homem do engano:

(Jo 2:18-27) “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.

Deus aparelhou cada crente com essa unção para que ele saiba discernir o que vem de Deus e o que vem do diabo, o pai da mentira. Quando algum desses pregadores promete algo que não é capaz de entregar, está mentindo e fazendo a obra de Satanás.

Portanto não caia nessa conversa de “não toqueis os meus ungidos” como ameaça contra os que criticam os líderes corruptos, porque a advertência é justamente dirigida aos líderes corruptos que querem extrair o máximo do povo de Deus, como fazia o faraó. Não é de admirar que isso aconteça hoje na cristandade, não por pessoas declaradamente inimigas, como era o faraó, mas por aqueles que se dizem “pastores” do povo. Aconteceu exatamente o mesmo em Israel durante sua decadência.

Veja a passagem abaixo (leia o capítulo inteiro) que é dirigida, obviamente, a Israel e não à igreja, e também tem um caráter profético, mostrando como Deus irá libertar o seu remanescente de judeus fiéis durante a tribulação.

(Ez 34:1-31) “E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.... Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas; Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.... Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes. Acaso não vos basta pastar os bons pastos, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? E não vos basta beber as águas claras, senão que sujais o resto com os vossos pés? ...”.