Qual o problema de chamar Jesus de meu Rei?
Outro dia recebi o e-mail de alguém que descobriu que estava desobedecendo algo na Palavra de Deus e queria saber qual seria a penalidade se ele continuasse assim. Era como se ele fosse um motorista ponderando se ainda seria vantajoso correr o risco de ser multado por estacionar em local proibido ao invés de pagar um estacionamento.
Quando você pergunta que problema há em chamar a Jesus de “meu Rei”, não é caso de desobedecer, mas sim de não se apossar dos privilégios que lhe foram garantidos com sua salvação. Chamar a Jesus de Rei é um engano comum entre os que não entendem as dispensações e a diferença entre as promessas dadas a Israel e à Igreja. Israel irá viver na terra e a Igreja no céu, tanto durante o reino de mil anos de Cristo como depois no estado eterno, na nova terra e novos céus. Cristo irá reinar sobre Israel, mas não sobre a Igreja, porque esta irá reinar com Cristo a partir do céu.
O relacionamento da Igreja com Cristo não é o relacionamento de um súdito com seu Rei, mas de uma noiva com seu Noivo. Isto já seria suficiente para entendermos que se olharmos para Cristo como nosso Rei, estaremos nos rebaixando a uma posição de súditos que não é a que ele intentou para nós. Pense no quanto uma súdita perderia se, depois de ter sido pedida em casamento pelo Rei, quisesse continuar vivendo entre os súditos e não no palácio real.
O que uma noiva espera não é viver sob o domínio do Rei, mas reinar com ele, e é esta a promessa dada à Igreja, que inclui até exercer juízo sobre os anjos, uma prerrogativa que antes só caberia a Deus:
(Rm 8:17) “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”.
(2Tm 2:12) “Se sofrermos, também com ele reinaremos”.
(Ap 5:10) “E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.
(1 Co 6:3) “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?”.
Do ponto de vista individual, o relacionamento do crente com o Senhor é o de um membro com o corpo, ou seja, ele possui uma ligação íntima com a cabeça Jesus quem nenhum israelita teve e jamais terá. Para Israel Jesus será sempre o Rei.
Em nenhum lugar na doutrina dos apóstolos, que está nas cartas endereçadas às igrejas, você encontra Jesus sendo chamado de Rei da Igreja, e isto já seria suficiente para chamar a atenção de alguém que tenha o desejo de viver de acordo com o ensino da Palavra, e não de suas próprias conjecturas. (O versículo Ap 15:3, que em algumas traduções que seguiram a versão Almeida, traz “ó Rei dos santos”, é melhor traduzido nas versões que dizem “ó Rei das nações”, como está nas versões Darby, Ave-Maria, CNBB, NVI, Bíblia de Jerusalém, etc.).
Portanto, para a Igreja Jesus é Senhor e Cabeça, e reinaremos com ele sobre Israel e as nações.
(Ap 3:21) “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono”.
Ao falar do presbiterianismo, John Nelson Darby escreve: “É uma injúria chamar a Cristo de ‘Rei da Igreja’. Os líderes daquele sistema podem ter tido boa intenção, mas é algo que não tem qualquer fundamento bíblico. As escrituras nunca falam de Cristo como Rei da Igreja. A Igreja possui um lugar muito mais elevado. Ela é o corpo de Cristo. Além disso, quando ele assumir seu grande poder e reinar, nós reinaremos com ele. Ele está agora no trono de seu Pai; quando ele se sentar em seu próprio trono, aqueles que vencerem se sentarão ali com ele. Fazer de Cristo Rei da Igreja é um dogma totalmente falso e sem base bíblica, além de depreciar a glória e verdade da Igreja, o amor de Cristo e o valor de sua morte”.