Devo me sujeitar ao meu marido?

Você escreveu que entendeu que deve se apartar da denominação religiosa que frequenta para estar congregada somente ao nome do Senhor. Porém, sua dúvida é o que fazer, já que o seu marido não concorda com isso e acredita que o que você tem lido e escutado não tem base bíblica. Considerando que o marido é a cabeça da mulher, você deve acatar o desejo dele a este respeito e orar para que o Senhor possa dar a ele o entendimento segundo a Palavra. Não é correto aceitar as coisas que você lê ou escuta sem comparar tudo com a Palavra de Deus.

Portanto, se ele prefere que você não faça contato com irmãos congregados ao nome do Senhor em sua cidade, então que assim seja. Quanto a continuar frequentando a denominação, isto caberá a você decidir diante do Senhor, pois é um exercício pessoal seu. Há irmãs que em situações assim preferem ficar em casa lendo a Palavra, enquanto outras podem ser obrigadas pelo marido a continuar frequentando a denominação.

O Senhor conhece os corações e se for este o caso Ele saberá que sua intenção é fazer a vontade dele de qualquer maneira, ainda que possa ser preciso se sujeitar a uma situação que não é a mais adequada. Neste caso a responsabilidade sobre as ações da esposa recairá sobre o marido. Lembro-me de um caso semelhante, porém de um adolescente cujos pais o obrigavam a continuar indo aos cultos de sua denominação, quando a vontade dele era estar congregado ao nome do Senhor. Por estar sob a autoridade e responsabilidade dos pais ele devia orar e esperar. Obviamente se os pais o obrigassem a praticar um crime ou algo assim, ele, como cristão, poderia se opor.

(Ef 5:22-28) “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”.

(1 Pe 3:1) “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra;”.

Quanto ao sentimento que você afirmou ter para com tudo o que vem das denominações, é normal nos sentirmos um pouco decepcionados com as pessoas de quem aprendemos coisas que não estavam de acordo com a Palavra, e passarmos a criticar tudo e todos. Porém não creio ser esta a vontade do Senhor, já que ele tem o seu povo espalhado por todas essas denominações. Uma coisa é criticar a doença, outra é falar mal do doente. Então com o tempo a gente vai aprendendo que deve amar a todos os nossos irmãos independentemente de estarem ou não em uma denominação.

A coisa muda um pouco de figura quando o assunto são os líderes religiosos. Se observar, nos evangelhos o Senhor nunca “pegou pesado” com publicanos e prostitutas, mas bateu com força nos fariseus e saduceus por causa da responsabilidade que eles tinham de saber o que era certo, já que ensinavam o povo. Mas até mesmo ele sabia diferenciar uns de outros, pois tratou bem Nicodemos, que era um fariseu (Jo 3:1), e o chefe da sinagoga que foi a ele pedir que ressuscitasse sua filha que havia morrido (Mt 9:18).

Portanto, mesmo entre a liderança religiosa existem os falsos e os verdadeiros, apenas neste caso devemos ser um pouco mais escrupulosos antes de “impor as mãos precipitadamente” sobre alguém (1Tm 5:22). Deus efetivamente tem dons espalhados pelas denominações para alimentar o rebanho de Deus, ainda que alguns sejam obrigados a ensinar uma mistura de verdade com os dogmas que aprendeu dos sistemas. Mas se não fosse por esses, as ovelhas pereceriam de fome. O triste é que, por suas congregações terem sempre um homem à frente, Deus não pode fazer com que “falem dois ou três profetas e os outros julguem”, como é a instrução dada em 1 Coríntios 14:29 para as reuniões da igreja.

Os irmãos perdem muito com isso, pois o que está à frente pode ter o dom de evangelista e aquela congregação nunca sair do básico, ou ter o dom de mestre, e eles nunca serem consolados como faria um pastor, ou ter o dom de pastor, e nunca aprenderem a Palavra em profundidade como seria o caso de um mestre ensinar. Além disso, por ser praticamente “proibido” que “os outros julguem”, os irmãos ficam sujeitos ao erro sem julgamento, sendo obrigados a acatar tudo o que o líder lhes disser. Mas mesmo assim precisamos dar um desconto para o irmão que está à frente porque para muitos, estar ali é um fardo. Conheci um irmão que é um excelente evangelista e que tem rodinhas nos pés, sempre desejoso de sair por aí para pregar para os incrédulos. Porém, por ter sido ordenado “pastor”, abriu comigo seu coração dizendo que não tinha o dom para ficar ali pastoreando uma congregação.

Tudo muda de figura quando o assunto são os pregadores que vivem pedindo dinheiro na TV, aí já não estamos falando mais de irmãos que fazem a obra de Deus, ainda que inocentemente influenciados por ensinamentos que receberam dos sistemas aos quais pertencem, mas sim de verdadeiros lobos interessados em se alimentarem do rebanho. Creio que você sabe discernir bem a diferença entre um e outro. Paulo previu isso:

(Atos 20:29-33) “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados... De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário”.

Mesmo na história da igreja temos muitos homens sinceros que foram usados por Deus dentro dos sistemas onde permaneceram, como Lutero, Agostinho, Calvino, etc. Até mesmo no Antigo Testamento você vê que Deus não abandonou o seu povo que na divisão de Israel ficou do lado errado. Jerusalém era o centro divino de adoração, porém ali só ficaram as tribos de Judá e Benjamim, chamados de “Judá”, enquanto as dez tribos, ou a maioria do povo, chamados a partir da divisão de “Israel”, acabou ficando fora do lugar que Deus havia estabelecido para colocar o seu nome. Mas, apesar de estarem fora do lugar indicado por Deus, o povo não ficou sem um testemunho, pois também em Israel havia profetas, como Elias e Eliseu.