O que veio primeiro: monoteísmo ou politeísmo?

Quando você assiste um documentário na TV mostrando como eram os nossos antepassados, via de regra seus autores deixam Deus completamente de fora. São consideradas apenas as poucas evidências desenterradas das rochas e sobre elas construídas as hipóteses. Mas nada é buscado na revelação de Deus dada em sua Palavra. O resultado é uma meia verdade.

Por isso a conclusão desses estudiosos é que o homem inventou seus diversos deuses, sendo politeísta desde o princípio. O monoteísmo teria surgido como uma espécie de acidente de percurso, já que foram poucos os povos que o adotaram. Além dos hebreus, há evidências de períodos monoteístas no Egito antigo e entre os Incas, e mesmo entre os gregos havia um “Deus Desconhecido” que estaria acima de todos os deuses de seu Olimpo.

A primeira vez que a adoração a ídolos aparece na Bíblia é em Gênesis 31:19, portanto o costume politeísta já existia antes disso. Eu considero que o embrião do politeísmo tenha sido lançado no jardim do Éden, quando Satanás prometeu à mulher:

(Gn 3:5) “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”.

A promessa equivalia dizer que seres humanos podiam ser como Deus. Evidentemente Adão e Eva logo se deram conta de que eles não estavam com a bola toda que a serpente havia prometido, pois se viram nus, fracos e medrosos, se escondendo do verdadeiro e único Deus. Mas certamente a promessa do diabo ficou ressoando em suas mentes e o próximo passo no caminho rumo à idolatria seria identificar quem seriam esses seres humanos com poderes divinos.

Na sequência os melhores candidatos são os homens poderosos ou gigantes que aparecem em Gênesis 6, prováveis filhos do cruzamento de anjos e mulheres. Talvez esteja neles a origem das lendas de semideuses que encontramos em várias culturas. Mas antes do dilúvio a Bíblia não fala em idolatria, portanto parece não ter existido um culto instituído a deuses alternativos. Com a longevidade dos homens da época, a consciência da existência do Deus único ainda estava fresca na memória de muitos que escutaram pessoalmente de Adão ou mesmo de Caim histórias de primeira mão de como tinha sido a vida no Éden ou de como Deus tratou pessoalmente com Caim por causa de seu homicídio.

O mais provável é que a geração seguinte ao dilúvio tenha criado seus próprios deuses. Talvez a passagem em Romanos revele a ordem como as coisas aconteceram: Primeiro o Deus único e verdadeiro:

(Rm 1:19-20) “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”.

Em seguida os homens passaram a confiar mais em seus raciocínios do que na revelação divina, achando-se sábios aos seus próprios olhos (exatamente como a humanidade atual) e adotando seu primeiro ídolo: o próprio homem:

(Rm 1:21-23ª) “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível”.

Finalmente passaram a adotar outros seres vivos, numa ordem do céu para a terra:

(Rm 1:23b) “...e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”.

Se a teoria de que a Torre de Babel (Gn 10 e 11) seria, não uma torre para alcançar fisicamente o céu (os homens não eram tão idiotas assim), mas um observatório astronômico-astrológico, em meio a essa idolatria de coisas vivas pode ter se desenvolvido também um politeísmo envolvendo os astros, já que o próprio Deus os havia dado no princípio como governantes do dia, da noite e das estações, e os homens também se orientavam por intermédio deles (Gn 1:14-18).

Resumindo: Meu entendimento é que primeiro o homem foi monoteísta (e nem podia ser diferente, pois Adão e Eva conversavam com Deus), então passou a venerar outros homens, o firmamento, as aves, os quadrúpedes e os répteis, chegando aos dias atuais, quando os ídolos do homem moderno incluem artistas, aparência física e automóveis. Até do ponto de vista racional, o monoteísmo teria nascido primeiro, pois qualquer povo politeísta teria começado sua idolatria a partir de um deus para depois acrescentar outros.