Por que Simão não recebeu o Espírito?
Simão, o mago, de Atos 8 é o caso de uma pessoa que entrou na “grande casa” mas não entrou na igreja, o corpo de Cristo. Ele creu exteriormente, mas não foi salvo. Não tinha o Espírito, e quem não tem o Espírito de Cristo não é dele (Rm 8:9). A conversão de Simão, o mago, não foi real. Era apenas um professo, como são muitos que hoje aceitam o cristianismo, sem nunca terem se convertido.
(Atos 8:9-11) “E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria , dizendo que era uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas”.
Simão foi batizado, entrando assim na esfera do reino de Deus, como muitos são batizados hoje a Cristo, sem terem crido de verdade. São cristãos? Sim. São salvos? Não, a menos que venham a nascer de novo. Se aplicarmos a parábola do joio e do trigo, Simão era joio no meio do trigo.
(Atos 8:12-19) “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado , ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo“.
Existem três casos em Atos de pessoas batizadas, porém que revelam intenções espúrias quando colocadas à prova. O primeiro foi o de Ananias e Safira (Atos 5), que acabaram mortos por terem mentido ao Espírito. Eu particularmente acredito que eles eram realmente salvos, daí terem recebido uma disciplina tão severa de Deus. É o que a Bíblia chama de “pecado para a morte”, algo que um crente faz que o torna inidôneo para continuar no mundo como testemunha de Cristo.
O segundo caso foi o dos gentios que murmuravam contra os hebreus convertidos porque as viúvas dos que eram gentios estavam sendo negligenciadas no recebimento de recursos (Atos 6). Embora a murmuração deles possa parecer legítima, nunca vemos ser esta uma atitude que é segundo a piedade que encontramos em Cristo. O terceiro caso foi o de Simão, o mago. O que há de comum nos três casos? Dinheiro.
Simão quis pagar pelo poder de conceder o Espírito a quem ele bem entendesse, obviamente cobrando por isso como costumava fazer com sua prática de mago. Enquanto o pecado de Ananias e Safira envolviam o orgulho, por desejarem parecer mais generosos do que eram, o de Simão foi a primeira tentativa de transformar o cristianismo em um negócio lucrativo.
Em poucos séculos esse negócio estaria arraigado no cristianismo por meio do catolicismo, depois pelo protestantismo e mais recentemente pelas religiões neopentecostais. O elemento comum em todos os casos é o desejo do homem em transformar em algo pago, seja por dinheiro, boas obras ou penitências, aquilo que Deus concede de graça. Para os mercadores da fé da atualidade continua valendo a forte repreensão feita a Simão:
(Atos 8:20-21) “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”.
Perceba que Simão nem chegou a agir para ser considerado iníquo aos olhos de Deus. Aqui foram as suas intenções que foram detectadas por Pedro.
(Atos 8:22) “Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração ;”.
Mesmo assim as palavras de Pedro mostram que ainda havia chance de Simão se arrepender e crer de verdade no evangelho, o que aparentemente ele não faz, preferindo manter-se fora de qualquer confissão de pecado e arrependimento diante de Deus. Por isso ele não roga a Deus por perdão, mas pede a Pedro que faça isso. Simão é um típico caso de alguém que tenta “terceirizar” sua salvação esperando que algum homem (como Pedro) interceda por ele para ser salvo.
(Atos 8:24) “Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor , para que nada do que dissestes venha sobre mim”.
Desde então muitos têm apelado a intercessores humanos, como Pedro, Maria, etc., ao invés de irem diretamente a Deus por intermédio de Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens.
(1Tm 2:5) “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem“.
A recepção do Espírito, que começou em Pentecostes com judeus de muitas nações, foi depois administrada aos samaritanos (como era Simão) e gentios. Essa administração tinha a ver com as chaves que o Senhor entregou a Pedro.