O crente está liberto do poder de Satanás?

Todos os poderes que há, sejam humanos ou angelicais, foram instituídos por Deus. O pecado arruinou tudo, começando pelos poderes angelicais quando Satanás liderou sua rebelião contra Deus (Is 14:12). Depois o pecado também arruinou o homem, que tinha sido criado para estar acima de toda a Criação e dominar sobre ela (Hb 2:7). Tanto as potestades (ou poderes) angelicais quanto as potestades humanas ficaram sujeitas às consequências do pecado, mas ainda assim permanece seu status de autoridade.

É por isso que Deus ensina que devemos obedecer às autoridades humanas que sobre nós foram constituídas, como governos, polícia, etc., ainda que sejam falhas (Rm 13:1-7). Naquilo que não for contrário à vontade de Deus expressa em sua Palavra, devemos ser submissos a elas. É por isso também que o arcanjo Miguel não ousou repreender Satanás, pois na hierarquia angelical Miguel, que é um arcanjo, ocupa uma posição de autoridade abaixo de Satanás, que é um querubim (Jd 1:9). Mas nada nos é dito no sentido de obedecermos a anjos, pois eles ocupam uma posição de “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14).

Encontramos o Senhor repreendendo os demônios e Satanás nos evangelhos (Mt 17:18; Marcos 8:33), mas não vemos os discípulos fazendo o mesmo, apesar de expulsarem os demônios, não repreendê-los. Mas em Efésios6 nos foi dito que devemos batalhar contra as hostes da maldade nos lugares celestiais, indicando assim que nossa luta não é contra carne e sangue mas contra os principados e potestades da maldade. Esses habitam as regiões celestiais além de passearem pela terra, como aprendemos do livro de Jó capítulos 1 e 2.

(Ef 6:11-12) “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

Considerando que esses principados e potestades que se desviaram de Deus habitam no ar ou atmosfera (Ef 2:2), imagine a surpresa desses quando viram aquele que Satanás considerava ter vencido passar por ali ressuscitado rumo à glória.

Cristo já havia entrado na casa do valente e o amarrado enquanto andou aqui neste mundo, preparando o caminho para “furtar os seus bens... saqueando então a sua casa” (Mt 12:29). Então, com sua morte e ressurreição ele deu o golpe final na cabeça da antiga serpente, que é o diabo e Satanás, “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15). Com essa mesma obra ele levou cativo o cativeiro e subiu triunfante sobre todas as hostes de Satanás. Assim elas foram expostas publicamente em sua derrota e hoje o crente pode ter a certeza de que está liberto.

“Deus nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1:13-17).

Era evidente que os principados e potestades que foram criados por Jesus e para Jesus não poderiam ser independentes dele, daí ser necessária essa intervenção para que as coisas fossem colocadas em seus devidos lugares. Às vezes nos ocupamos com a obra de Cristo em relação à nossa salvação e acabamos nos esquecendo de tudo o mais que está envolvido nela, principalmente da glória de Deus, que foi a primeira razão pela qual Cristo morreu. Ainda que ninguém fosse salvo, mesmo assim o Cordeiro teria tirado o pecado do mundo, ou seja, resolvido a questão pendente do pecado que manchou a Criação de Deus.

Tente imaginar um grande rei da antiguidade voltando vitorioso da batalha. Ele traz consigo todos os seus soldados que estavam nas mãos dos prisioneiros, como Abraão fez quando venceu aqueles que subjugaram seu sobrinho Ló (Gn 14). E não só isso, mas ele traz acorrentados todos os inimigos e desfila com eles ao entrar na cidade. É isto o que significa a frase “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15).

Que precioso para todo aquele que crê saber que já não precisa temer Satanás e seus anjos, ainda que reconheça que eles têm poder e continuam agindo nesta esfera até o tempo determinado. Se a morte era o máximo com que o diabo podia nos ameaçar, já não estamos mais sujeitos a essa servidão.

(Hb 2:14-16) “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão”.

Hoje somos espetáculo para os anjos e estes observam a igreja, pois ao contrário deles, que nunca caíram em pecado ou que caíram e nunca conhecerão o perdão, somos seres arruinados que foram resgatados e hoje glorificam a Deus.

(1 Pe_1/12) “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”.

(Ef 3:10) “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,”.