Por que Deus aceitava a poligamia?

Deus nunca criou a poligamia. Isso foi invenção dos descendentes de Caim, começando por Lameque: (Gn 4:19) “E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá”. O que vemos é Deus pacientemente suportando a poligamia entre os reis de Israel tendo em vista cumprir os seus desígnios, assim como antes de Jesus o repúdio do cônjuge foi suportado por Deus, porém por causa da dureza do coração dos homens e não como algo aceitável a Deus.

Você encontra a poligamia entre os reis de Israel numa época quando o povo andava em desobediência. Em nenhuma situação a poligamia foi motivo de bênção, mas sempre de problemas para eles, inclusive seus reis. Experimente ler o Antigo Testamento com a pergunta: Quem ali foi feliz pelo fato de ter mais de uma esposa?

Certamente a poligamia era e continua sendo um pecado, porém Deus na sua soberania podia ao mesmo tempo disciplinar essas pessoas que a praticavam e tirar bênção disso. Se verificar a genealogia de Jesus verá que ali há uma prostituta (Raab), uma mulher que praticou incesto (Tamar) e um rei adúltero e homicida (Davi). Percebe como a graça de Deus brilhou com maior fulgor mesmo onde abundava o pecado?

Quando lemos o Antigo Testamento devemos entender que apesar das falhas humanas Deus tem algo a nos mostrar que está muito além disso.

Mas a ordem de Deus para o matrimônio está claramente definida nas palavras de Jesus.

(Mt 19:4-6) “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, [1] no princípio, o Criador os fez [2] macho e fêmea e [3] disse: Portanto, [4] deixará o homem pai e mãe e [5] se unirá à sua mulher, e [6] serão dois numa só carne? Assim [7] não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, [8] o que Deus ajuntou não separe o homem”.

Estamos tão acostumados a ler esta passagem pensando no contexto do divórcio, que nos esquecemos de que ele está reafirmando a ordem de um matrimônio segundo o projeto original (“no princípio”) de Deus. Se fôssemos chamar estes versículos de um “passo-a-passo” do casamento, teríamos:

​1. Este é o projeto original de Deus. “No princípio”.

​2. Um casamento é feito de um homem e uma mulher. “O Criador os fez macho e fêmea”.

​3. O mesmo Criador estabeleceu como devia ser essa união. “E [Deus] disse...”.

​4. O homem deixa o pai e a mãe, ou seja, se desliga daquele casal ou célula familiar. “Portanto, deixará o homem pai e mãe”.

​5. O homem se une à sua mulher, criando uma nova célula familiar como aquela de onde veio, isto é um homem + uma mulher = um filho. “E se unirá à sua mulher”.

​6. A união chega ao extremo quando atinge o físico e dois corpos se transformam em um. “E serão dois numa só carne”.

​7. Do ponto de vista físico já não são dois corpos, mas só um, o que elimina a possibilidade de ser polígamo.

​8. Essa aliança, que ajunta esse casal, não é algo que o homem criou, mas Deus. “O que Deus ajuntou não separe o homem”.

Ao invés de tentarmos entender as razões de Deus ter permitido a poligamia em alguns momentos da história antiga, ficará mais fácil (e seremos mais felizes) se tão somente procurarmos saber o que agrada a Deus hoje para os cristãos, e isto nós encontramos na doutrina dos apóstolos dada à igreja (as epístolas). A Palavra mostra claramente que a Deus agrada que o homem seja marido de uma mulher (não de muitas), e isto foi dito àqueles que deviam cuidar das coisas de Deus na igreja.

(1Tm 3:2) “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher [singular], vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;”.

(1Tm 3:12) “Os diáconos sejam maridos de uma só mulher [singular], e governem bem a seus filhos e suas próprias casas”.

(Tt 1:6) “Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher [singular], que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes”.

(Ef 5:23-24) “Porque o marido é a cabeça da mulher [singular], como também Cristo é a cabeça da igreja [singular], sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”.

(Ef 5:28) “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher [singular], ama-se a si mesmo”.

(Ef 5:31-33) “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher [singular]; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher [singular] como a si mesmo, e a mulher [singular] reverencie o marido”.