O que a Bíblia diz sobre imposição de mãos?
Impor as mãos é demonstrar comunhão, concordância ou fazer-se participante de algo. Era assim que faziam os sacerdotes com os sacrifícios, quando os ofertantes se identificavam com as vítimas.
(Lv 8:14) “Então fez chegar o novilho da expiação do pecado; e Arão e seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do pecado;”.
(2 Cr 29:23) “Então trouxeram os bodes para sacrifício pelo pecado, perante o rei e a congregação, e lhes impuseram as suas mãos”.
A imposição de mãos podia significar a consagração de alguém para uma determinada função:
(Nm 27:22-23) “E fez Moisés como o Senhor lhe ordenara; porque tomou a Josué, e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação; E sobre ele impôs as suas mãos, e lhe deu ordens, como o Senhor falara por intermédio de Moisés”.
(Atos 6:6) “E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos”.
Impor as mãos também significava identificar-se com alguém em sua obra para o Senhor:
(Nm 8:10) “Farás, pois, chegar os levitas perante o Senhor; e os filhos de Israel porão as suas mãos sobre os levitas”.
(Atos 13:2-3) “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”.
Esse ato de impor as mãos como reconhecimento ou identificação com a obra de alguém pode ser melhor entendido quando lemos a orientação dada a Timóteo para que não fosse precipitado em reconhecer alguém ou seu trabalho ou identificar-se com a pessoa em seu trabalho:
(1Tm 5:22) “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro”.
Os apóstolos tinham o poder de impor as mãos e com isso alguém receber o Espírito Santo:
(Atos 8:17-18) “Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,”.
(Atos 19:6) “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam”.
Os apóstolos tinham também o poder de conceder um dom à pessoa pela imposição de mãos:
(2Tm 1:6) “Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos”.
Os apóstolos também podiam eventualmente impor as mãos ao curar alguém:
(Atos 28:8) “E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pós as mãos sobre ele, e o curou”.
O Senhor curava às vezes usando a imposição de mãos, mas como sabemos que ele também podia curar sem impor as mãos, certamente tal ato tinha algum outro significado, e não era feito no sentido de um passe de mágica ou “benzimento” como costumamos ver:
(Lc 13:13) “E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus”.
Hoje existe muita confusão por causa desses versículos. Mas a confusão se dissipa quando entendemos que existiam poderes e prerrogativas que eram exclusivos dos apóstolos e eles hoje já não existem.
Em Atos vemos que em alguns casos a imposição de mãos era feita de forma visível, mas não encontramos nas epístolas (a doutrina dos apóstolos) instruções de quando, onde, como e por quem isso deve ser feito, apenas encontramos a exortação a Timóteo para não fazê-lo de forma precipitada.
Portanto, como não existe a ordenança creio que para nós basta entendermos o seu significado, que é o de reconhecer a obra de alguém ou se identificar com ela. Isso pode ser feito de forma prática pelo uso de palavras de encorajamento, oração pela pessoa e seu trabalho no Senhor ou a comunhão financeira para que tal obra siga adiante.
Normalmente o erro que encontramos na cristandade consiste em impor as mãos em situações nas quais só encontramos os apóstolos fazendo, o que hoje significaria querer usurpar um poder e autoridade que não nos foram dados. Até onde consegui identificar, o Senhor e os apóstolos impunham as mãos para curar, e os apóstolos para conceder o Espírito Santo ou consagrar alguém para um ofício, como vimos em Atos 6:6 com os sete homens designados para servir.
Como não somos apóstolos e nem temos tal autoridade e poder, a nós não cabe curar, conceder o Espírito Santo ou consagrar alguém para um serviço pela imposição de mãos. Mas resta a nós a possibilidade de nos identificarmos com alguém e seu trabalho, o que também tem o sentido de estender a destra à comunhão, neste caso uma ação claramente simbólica ou, no máximo, equivalente a um aperto de mãos segundo nosso costume moderno de selarmos um acordo.
(Gl 2:9) “E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;”.
Mas uma coisa certamente a imposição de mãos não tem: algum tipo de poder mágico como vemos os homens tentarem fazer nas religiões pagãs ou em rituais de ocultismo. O cristão pode ser facilmente levado por atitudes e movimentos do corpo que deem a impressão a outros de que ele tenha em si algum poder ou esteja revestido por Deus disso. Alguns usam da imposição de mãos como se fosse uma varinha mágica que transfere algum tipo de virtude às coisas e pessoas com as quais é tocada.