Os primeiros cristãos congregavam em sinagogas?

Quando observamos o modo de agir dos primeiros cristãos devemos ter em mente que nem sempre isso serve de exemplo para nós. A igreja teve início em Atos 2 e era inicialmente composta por judeus convertidos a Cristo. A princípio eles não entenderam exatamente o que era a Igreja, pois em nenhum lugar do Antigo Testamento os profetas haviam previsto que Cristo teria um corpo na terra formado pelos salvos, de cujo corpo o próprio Jesus seria a Cabeça no céu.

Por isso logo no início de Atos ainda vemos os cristãos frequentando o Templo em Jerusalém, mas eles logo deixariam de fazer isso para se reunirem em casas. Uma das primeiras epístolas, a de Tiago, ainda chama de “sinagoga” (esta é a palavra que está no original grego) o lugar de reuniões, mas é preciso também entender duas coisas.

Devemos ter em mente que a epístola de Tiago é uma das mais antigas e foi escrita no ano 45 AD, ou seja, cerca de apenas 12 anos depois da morte e ressurreição de Cristo. Como Paulo se converteu entre 31 e 36 e só depois disso é que teve a revelação do que era a igreja, podemos considerar que Tiago estivesse escrevendo a judeus cristãos que ainda carregavam uma grande dose de judaísmo em seus costumes e nomenclaturas utilizadas. Isso seria corrigido depois pela epístola aos Hebreus, que foi escrita uns 20 anos depois da de Tiago.

Vemos Paulo visitando sinagogas em Atos mas elas eram de judeus e não de cristãos. Paulo e outros iam lá para pregar o evangelho aos judeus. Quando eles se convertiam a Cristo paravam de ir às sinagogas. As sinagogas tinham um caráter de escolas de judaísmo, onde o Antigo Testamento era lido e onde faziam orações. Não era um lugar de adoração, pois no judaísmo o único lugar de adoração era o templo em Jerusalém.

Não existe qualquer semelhança entre uma sinagoga e um salão de reuniões cristãs (isto quando os cristãos se reúnem em salões, porque muitos se reúnem em casas, escritórios, garagens, escolas, hotéis, etc.). O lugar de reuniões do cristão não tem significado algum, é apenas um endereço físico e é um erro chamá-lo de Templo. Infelizmente muitos cristãos cometem este erro ao emprestarem do judaísmo muitos elementos que são estranhos à fé cristã. Se entendessem a epístola aos Hebreus abandonariam de vez o “arraial” contaminado pelo judaísmo.

O que importa é a quem estamos reunidos, e não o endereço físico ou se existem ou não quatro paredes. Quando há muitos irmãos e existe esta facilidade, costuma-se alugar ou comprar um salão, mas este não tem qualquer paralelo com as sinagogas dos judeus. Comparar a igreja (que nunca na Bíblia é um edifício físico) a uma sinagoga (que é um edifício) é perder de vista o ensino no Novo Testamento e deixar de desfrutar as verdades que foram reveladas a Paulo acerca do corpo de Cristo e da assembleia que deve estar congregada ao seu Nome.