O que você acha do testemunho desta ex-artista?
Assisti o vídeo que você enviou apenas até a metade, portanto talvez minhas conclusões possam estar equivocadas e você poderá confirmar ou não. O mundo religioso gosta muito de testemunhos, e eles podem ajudar a converter pessoas, mas é preciso sempre ficar atento e discernir se o testemunho está sendo para exaltar a Cristo ou a pessoa que dá o testemunho.
Mesmo assim, embora encontre testemunhos de conversão sendo contados pelo próprio protagonista, como Paulo faz algumas vezes em Atos não vejo que isto fosse o assunto de uma reunião da igreja, onde o foco nunca deve ser colocado na pessoa, mas em Cristo. Outra coisa a ser considerada é se a conversão foi real. Nos EUA (e agora no Brasil) é comum encontrarmos artistas em decadência que se “convertem” e voltam para a mídia, agora atraindo um público fiel de evangélicos ou católicos. Deus conhece os corações, mas alguns logo revelam nunca terem se convertido, mas apenas adotado uma estratégia mercadológica.
Outro ponto importante é ver se o testemunho não serve de alternativa para a carne. Digo isto porque muitos cristãos que evitam filmes e livros de violência e sexo acabam expostos a estas mesmas coisas quando assistem ou leem testemunhos de ex-marginais, ex-garotas de programas, ex-traficantes, etc. Uma vez comecei a ler um livro da conversão de uma ex-prostituta e logo percebi que o livro “evangélico” era, na verdade, uma aula de prostituição. Apenas no último e breve capítulo ela falava de sua conversão. O resto não era muito diferente de um livro escrito por alguma garota de programa, obviamente sem as cenas explícitas. Mas vamos às minhas observações do testemunho do vídeo:
1. Não posso contestar que ela tenha tido uma experiência maravilhosa, pois experiências a gente não contesta, apenas escuta e respeita. O que a gente pode contestar é se a interpretação da experiência é correta ou não de acordo com a Palavra de Deus. As crianças que viram Nossa Senhora de Fátima em Portugal certamente viram algo. Elas interpretaram como sendo Maria (Nossa Senhora), mas eu não creio nessa interpretação. Acredito até que elas tenham visto um anjo maligno, já que o resultado daquela visão foi a conversão de milhões à idolatria.
2. O que eu disse não significa que o que ela viu ou ouviu não tenha sido Jesus, mas tenho certo receio dessas conversões impactantes, pois elas mandam uma mensagem que pode enganar as pessoas. Quero dizer que se alguém não tiver uma visão maravilhosa de Jesus vai achar que não se converteu de verdade. Minha conversão foi impactante pelas “coincidências” que me levaram a Cristo, embora não tenha sentido o chão tremer. Meus filhos se converteram na infância e nem sabem exatamente como foi aquele momento, mas nem por isso se consideram menos convertidos (hoje são adultos).
3. Em nenhum momento ela falou o evangelho (1 Co 15:1-2) que inclui Jesus morrendo por nossos pecados e ressuscitando pela nossa justificação. Ao longo dos anos e em contato com muitos convertidos das mais diferentes maneiras, sempre presto atenção para saber se a pessoa creu realmente no evangelho ou numa experiência. Evangelho sem sangue não é evangelho, mesmo que resulte em mudança de vida. Muita gente tem experiências maravilhosas no budismo, no islamismo, no espiritismo e acabam mudando de vida, mas isso não significa que tenha sido uma conversão a Cristo ou que estejam salvas.
Talvez ela tenha falado do sangue, do perdão dos pecados, da morte de Jesus, da cruz, etc. porque eu não vi até o final.