Existe alguma profecia sobre o novo Papa?
O binóculo do cristão deve se manter fixo na volta de seu Senhor para buscar a igreja. O apóstolo Paulo já esperava por este evento quando escreveu: “...depois nós, os vivos, os que ficarmos , seremos arrebatados juntamente com eles [Os que morreram em Cristo e ressuscitarão], entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4:16). Portanto qualquer especulação ou pseudo profecia sobre a troca do Papa é perda de tempo.
Uma noiva que esperasse pelo noivo que desejasse muito encontrar ficaria com os olhos fixos na porta de desembarque do aeroporto, pois ele poderia sair por ali a qualquer momento. Ela não estaria ocupada com as notícias nos jornais na banca do aeroporto. Seus olhos e expectativas estariam fixados naquele que ela tanto ama e almeja encontrar. Assim deve ser com o cristão, mas há outra razão para não perder tempo com os eventos dos jornais na banca do aeroporto do mundo, na tentativa de fazê-los casar com a profecia bíblica: o relógio profético está parado.
Você não encontra no Antigo Testamento nenhuma referência à Igreja, que era um mistério reservado para ser revelado primeiramente a Paulo e aos outros apóstolos apenas nesta dispensação da graça de Deus (Ef 3). A profecia bíblica tem aplicação direta a Cristo, o Messias, e a Israel, o povo terreno de Deus. No momento em que o Messias foi rechaçado e morto por seus próprios irmãos abriu-se uma espécie de parêntesis no tempo profético e é neste hiato profético que vivemos agora. As coisas profetizadas no Antigo Testamento dizem respeito a antes e depois do período da igreja na terra. Veja esta profecia de Daniel:
(Dn 9:24) “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo”. Ou seja, Deus está revelando a Daniel que até tudo ser resolvido com respeito a Israel, até Cristo voltar para reinar, se passarão “setenta semanas” ou 490 anos. Este tempo é dividido em 3 partes.
(Dn 9:25) “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém...”. A ordem foi dada por Artaxerxes em 445 A.C. “...até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos”. As setenta semanas aparecem divididas em dois períodos, um de 7 semanas [49 anos] e outro de 62 semanas [434 anos]. Nas primeiras 7 semanas [49 anos] Jerusalém foi reconstruída.
(Dn 9:26) “E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo...”. Aqui fala da morte do Messias, Jesus, ocorrida 434 anos após a reconstrução de Jerusalém. “... E o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações”. Esta é a destruição da cidade e do Templo, o que ocorreu no ano 70 da era cristã. A cidade e o templo foram destruídos pelos romanos, “o povo do príncipe que há de vir” , uma alusão ao anticristo.
[A atual dispensação da graça de Deus encaixa-se aqui]:
(Dn 9:27) “E ele [o anticristo] firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”. Repare que as 70 semanas de anos foram divididas em 7 semanas para reconstrução da cidade, 62 semanas até o Messias ser “tirado”, e finalmente a última semana [7 anos] quando esse príncipe fará cessar o sacrifício e ocorrerá “a consumação” ou o fim.
Se você fizer as contas, verá que são perfeitamente identificáveis na história as primeiras sete semanas e a outra porção de 62 semanas, mas não a última, pois ainda não ocorreu. Entre a retirada do Messias e o dia de hoje já se passaram mais de dois mil anos que não aparecem no cálculo porque era justamente o período em que Deus iria encaixar a sua Igreja, o “segredo” ou “mistério” que estava escondido da profecia dirigida a Israel. A retomada das tratativas com Israel só pode ocorrer se a Igreja for tirada de cena, já que ela não tem nada a ver com Israel. Isto ocorrerá no arrebatamento.
Portanto o arrebatamento já poderia acontecer a qualquer momento neste período da Igreja que começou no dia de Pentecostes, em Atos 2, já que não existia nada que precisasse se cumprir profeticamente entre a retirada do Messias e o início da última semana. No final da última semana Cristo vem para reinar e traz consigo justamente aqueles que foram arrebatados: “Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos“ (1 Ts 3:13).
Talvez você mencione passagens proféticas dos evangelhos, como Mateus 24 e 25, e elas estão corretamente inseridas ali porque os evangelhos ainda fazem parte das coisas referentes a Israel (o Messias ainda não tinha sido morto e ressuscitado). O livro de Apocalipse, este sim, traz algo da igreja até o capítulo 3, mostrando nas sete cartas às sete igrejas o caráter das sete épocas históricas pelas quais a igreja passaria, mas veja que ali também tudo está conectado a terra, ou seja, as sete cartas falam de forma geral da casa de Deus que é o caráter exterior da igreja que inclui salvos e perdidos, trigo e joio. Nessas cartas o catolicismo romano pode ser visto representado em Tiatira, mas nada ali fala do Papa.
Se os acontecimentos mundiais parecem ter algo a ver com as profecias bíblicas referentes a Israel, no máximo eles revelam que o palco está sendo montado, mas a peça ainda não começou e nem começará antes da retirada da Igreja da terra e do Espírito Santo, que é o que retém a revelação do anticristo e da livre ação de Satanás neste mundo. Este será expulso do céu e descerá a terra trazendo consigo todo o seu exército de potestades celestiais para perseguir “a mulher” (Israel, representado no remanescente judeu fiel) que deu à luz o “varão” que há reger o mundo (Cristo).
Após o arrebatamento permanecerão aqui diferentes classes de pessoas: um remanescente judeu que irá se converter durante os sete anos que precederão a vinda de Cristo ao mundo (antes disso ele terá vindo nos ares, sem tocar a terra, para buscar a igreja), também identificados em Mt 25:40 como “meus pequeninos irmãos” , os “bodes” , que terão perseguido e atormentado esses “pequeninos irmãos” (e entre os “bodes” inclua-se a grande maioria dos hoje conhecidos como judeus que continuam em sua rejeição contra o Messias e também gentios) e as “ovelhas” , que serão gentios dentre todas as nações que acolherão os “pequeninos irmãos” , esse remanescente fiel ao Senhor que é o assunto de Mateus 24 (os que perseveram até o fim para que sua carne ou corpo entre a salvo no reino milenial de Cristo na terra).
Um pouco antes de Cristo colocar os seus pés neste mundo para julgar as nações um grande sistema responsável pela perseguição e martírio do remanescente judeu fiel ( “pequeninos irmãos” ) terá sido destruído por seus próprios associados judeus e gentios. Falo da “grande meretriz” , cuja visão causou espanto ao apóstolo João por ele não esperar tal coisa: aquela que devia representar a noiva de Cristo surgiu diante de seus olhos na visão como uma grande prostituta montada sobre uma besta (o sistema civil). E assim será: a cristandade como um todo (inclua-se aí católicos e protestantes) formada pelo joio, que não subiu no arrebatamento com os verdadeiros salvos (o “trigo” ), será um dos principais instrumentos do anticristo na perseguição do remanescente fiel. Pode ser que aí esteja incluído o Papa da vez, porém unido com outros líderes e seguidores de diferentes grupos “cristãos”, além obviamente dos judeus apóstatas.
Mas isso será por um tempo, pois em Apocalipse 18 vemos a “grande meretriz” derrubada da besta e destruída. Ou seja, aquela “forte cidade” deste mundo, a corrupta “Babilônia” (em contraste com a cidade santa que desce do céu no final do livro), a grande meretriz (em contraste com a noiva de Cristo) será julgada pelos mais de dois mil anos de volúpia e engano. Leia o capítulo 18 de Apocalipse junto com a carta à igreja de Laodiceia no capítulo 3 e verá que a característica de riqueza, poder e vanglória da cristandade aparece em ambas, já que Laodiceia representa o último estado da igreja no mundo (mais uma vez entenda que as cartas falam do estado da cristandade em sua responsabilidade para com Deus em seu testemunho no mundo). Esta volúpia por riquezas e poder, que antes parecia marca registrada do catolicismo, já é parte integrante dos diversos grupos que compõem a cristandade professa e aquele será o seu juízo como sistema. No presente momento os verdadeiros salvos estão espalhados dentro e fora dessa grande massa de organizações e denominações cristãs. A seleção entre o que é joio e o que é trigo se dará no arrebatamento da igreja.
Portanto, voltando à sua dúvida, o Papa atual e futuro (se der tempo) nada mais é do que um mero peão levado pelas circunstâncias deste grande tabuleiro que é o mundo, mas o xeque-mate que criará o divisor de águas entre salvos e perdidos na presente dispensação será o arrebatamento da igreja, o qual pode ocorrer a qualquer momento. Depois disso apenas os que não ouviram o evangelho poderão ser salvos. Portanto, aponte seus binóculos para o NOIVO, pois a qualquer momento você poderá ouvir o chamado para o embarque rumo ao céu.