O arcanjo Miguel é Jesus?

Quando alguém me pergunta sobre algum ensino do Adventismo do Sétimo Dia, deixo bem claro que o problema não está na coisa ensinada, que em alguns casos pode até ser verdade, mas na sua origem. O corpo de doutrinas dessa religião se originou dos ensinos de uma mulher, Hellen White, e a Bíblia afirma categoricamente que a mulher não deve ensinar:

(1Tm 2:12-14) “Não permito, porém, que a mulher ensine , nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão“.

Deus tomou este cuidado porque a mulher foi enganada lá no Éden, caindo em transgressão. Apesar de Adão ter acompanhado sua mulher em seu erro, ele não foi enganado pela serpente. Ele estava ciente do erro. Por esta razão a mulher é mais suscetível ao engano do inimigo, e mais ainda agora, pois depois da queda, Deus criou inimizade entre a serpente e a mulher, fazendo desta última o alvo preferido de Satanás.

(Gn 3:15) “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

Deus precisou fazer assim por causa da relação de confiança que havia iniciado entre a mulher e o diabo, quando ela foi na conversa dele. Deus pôs um fim àquela estranha amizade, criando um ódio especial de Satanás contra a mulher. Essa inimizade perdura até hoje e se estende à semente da mulher, o Salvador que havia sido prometido. É por esta razão que em várias ocasiões vemos Satanás atacando particularmente crianças na Bíblia, na tentativa de impedir o nascimento do Salvador anunciado no Éden, que esmagaria a cabeça da serpente.

Voltando à questão do Adventismo do Sétimo Dia, você nunca terá a garantia de que seus ensinos sejam corretos, já que sua origem está na desobediência a uma ordem clara dada por Deus: “Não permito que a mulher ensine” (1Tm 2:12).

Tratando agora de sua pergunta em particular, não existe qualquer fundamento na afirmação feita pelo Adventismo do Sétimo Dia (e também pelas Testemunhas de Jeová) de que o arcanjo Miguel seria Jesus. A epístola aos Hebreus deixa clara a diferença entre os anjos e Jesus:

(Hb 1:5-8) “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho? E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, e de seus ministros labareda de fogo. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino“.

Os anjos adoram Jesus porque ele é Deus, e os anjos não são adorados em lugar algum da Bíblia.

(Ap 19:10) “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos , que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus ; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

(Ap 22:8-9) “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus“.

Ao contrário dos anjos, Jesus é adorado por ser Deus e não recusa adoração:

(Mt 8:2) “E, eis que veio um leproso, e O adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”.

(Mt 9:18) “Dizendo-lhes Ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e O adorou , dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a Tua mão, e ela viverá”.

(Jo 9:38) “Ele disse: Creio, Senhor. E O adorou“.

(Hb 1:6) “E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus O adorem“.

O título arcanjo (arqui-anjo) dado a Miguel pode ser por ele estar numa posição elevada na hierarquia que Deus criou. Mesmo assim, ele ainda está abaixo do querubim Satanás, como é possível ver na epístola de Judas:

(Jd 1:9) “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda“.

O arcanjo Miguel não ousou repreender o diabo, mas Jesus o fez, em algumas ocasiões repreendeu demônios (ou espíritos imundos) e o próprio Satanás, quando este tentou influenciar os pensamentos de Pedro:

(Mt 17:18) “E, repreendeu Jesus o demônio , que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou”.

(Mc 1:25) “E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele”.

(Mc 8:33) “Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás ; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens”.

Mas sua pergunta podia também ter sido sobre alguma doutrina do Adventismo do Sétimo Dia que estivesse correta e mesmo assim eu iria sugerir que você nunca bebesse daquela fonte, justamente porque Deus afirma que não é confiável:

(1 Tm 2:12-14)“Não permito, porém, que a mulher ensine... Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.

Ainda que Hellen White, a fundadora do Adventismo, tenha costurado algumas verdades no tecido de sua doutrina, essas verdades podem estar ali apenas para servir de gancho para levar os incautos à mentira. Na tentação no deserto Satanás usou a Palavra de Deus, mas nem por isso ele estava certo. Procure sempre analisar a origem, mesmo de uma “verdade”, porque a verdade pode ser apenas o preâmbulo de uma mentira.

“É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade” , diz o comercial da Folha de São Paulo veiculado nos anos 1980:

“Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus 4 primeiros anos de governo o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900.000 pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capta dobrar. Aumentou o lucro das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de marcos, e reduziu uma hiperinflação para no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura, e quando jovem imaginava seguir a carreira artística. É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”.

No final do comercial, que tinha um rosto que ia ficando cada vez mais nítido, você acabava percebendo que o texto falava de Hitler

Além da ideia de que o arcanjo Miguel seria Jesus, Hellen White ensinou outros enganos, e alguns deles são:

— O sono da alma após a morte

(Lc 16:23) “E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”.

— A aniquilação dos perdidos

(Mc 9:44) “Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga”.

— A guarda do sábado por cristãos

(Gl 3:11) “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”.

— Satanás teria levado os pecados do crente

(1 Pe 2:24) “Levando ele mesmo [Jesus] em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro...”.

— O cristão deveria ser vegetariano

(Mt 15:36) “E, tomando os sete pães e os peixes, e dando graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, e os discípulos à multidão”.


Podemos analisar a inteligência de Cristo? ===========================================

Até hoje só li um livro de Augusto Cury, “Inteligência Multifocal”, e achei muito interessante. Mas é um livro que ele escreveu como médico, psiquiatra e psicoterapeuta, e não é um livro motivacional, como os que escreve atualmente, ou tratando de temas cristãos, como a série “Análise da Inteligência de Cristo” e “Os segredos do Pai Nosso”.

Não conheço o conteúdo dessa série e nem tive o interesse de ler quando foi lançada, porque o título me pareceu areia movediça para um escritor se aventurar a caminhar por ele. Quando vieram os outros livros e o autor firmou-se como escritor motivacional e de autoajuda, aí meu interesse desapareceu por completo, pois não gosto de livros assim.

É claro que minha percepção sobre os livros de Augusto Cury pode estar equivocada, principalmente porque sei que os títulos dos livros nem sempre são escolhidos pelo autor, mas pelo editor que busca por algo mais vendável. Mas minha percepção parece ser a mesma que você teve ao ler a série “Análise da Inteligência de Cristo”, pois você comentou:

“O livro se trata mais de uma visão humana de Cristo, sobre sua capacidade de lidar com seu meio, com os discípulos, os judeus e suas tradições... Enfim, está falando de Cristo como homem e não Filho de Deus. Quando digo homem, fala de Cristo fora da escala da fé, investigando ele apenas como homem mesmo, sem divindade, assim como Sócrates e Gandhi ou qualquer outro pensador Você acha isso saudável?”.

Prefiro comentar sua preocupação, não como uma crítica ao Augusto Cury ou aos seus livros que não li, pois seria injusto. Comento como minha opinião sobre livros de autoajuda em geral, e livros que tentam decifrar a Pessoa de Cristo em particular, aparte daquilo que podemos saber do Senhor que é revelado na Palavra de Deus. Mas não acredito que seja correto nos aprofundarmos ao ponto de tentarmos analisarmos a inteligência do Senhor Jesus e nem tampouco querermos usar dessas conclusões para melhorar a vida das pessoas, e digo isto baseado em alguns pontos.

Primeiro, porque Jesus é o Filho de Deus, portanto Deus e Homem perfeito. Sua natureza é um mistério ao qual psiquiatra nenhum pode ter acesso. Podemos analisar a inteligência e comportamento dos discípulos, e fazemos isso com frequência porque são seres humanos como nós. Mas colocar o Criador num divã é ousado demais em minha opinião. Veja isto:

(Mt 11:27) “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai ; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

Esta passagem revela que existe um mistério a respeito da Pessoa de Cristo que ninguém é capaz de compreender. E nem poderia, já que estamos falando de deidade e humanidade em uma Pessoa, sem pecado e sem a possibilidade de pecar. Repare que, apesar do texto dizer que só o Pai conhece o Filho, e só o Filho conhece o Pai, diz ainda que existe a possibilidade de o Filho revelar o Pai a quem ele quiser, mas nada é dito que o Pai revele o Filho. O que podemos saber do Filho é o que nos é revelado pela Palavra de Deus, e ainda assim nada entenderemos a não ser pela fé, e esta é um dom de Deus.

Quero dizer com isto que, ainda que alguém escreva um livro explicando tudo o que é possível explicar sobre Jesus, o homem em seu estado natural não irá entender. Continuará a enxergá-lo apenas como um homem mais inteligente, mais sábio, mais poderoso e palavras e obras, mas nunca como aquele que ele realmente é. E se alguém tentar compará-lo a outros homens comuns só estará criando uma situação que Deus não gostaria que criássemos.

Veja que quando Pedro, com boas intenções, tenta colocar Jesus no mesmo nível de Moisés e Elias, imediatamente estes dois desaparecem de vista. E quando Jesus pergunta aos discípulos sobre quem ele seria aos olhos dos homens, existe a resposta do que as pessoas em geral pensavam dele, um profeta, João Batista, etc., e existe a resposta da revelação do Espírito, o Filho de Deus.

William Kelly escreveu: “O Filho revela o Pai, mas a mente humana sempre fica aos pedaços quando tenta desvendar o insolúvel enigma da glória pessoal de Cristo”.

Tentar desvendar a “inteligência de Cristo” para com isso trazer algum benefício às pessoas em seu estado natural, como descendentes de Adão também apresenta algumas dificuldades. Primeiro, como eu poderia entender a inteligência do Criador sendo eu mera criatura?

(Rm 11:33-34) “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos , e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor?“.

Ainda que alguém conseguisse extrair algumas gotas da inteligência divina para na melhor das intenções querer ajudar as pessoas a terem uma vida melhor, a questão é que as coisas de Deus jamais podem penetrar a mente e o coração do homem a menos que este venha a nascer de novo e essas coisas lhe sejam reveladas pelo Espírito de Deus.

(1 Co 2:14) “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente“.

O grande problema dos livros de autoajuda é que eles tentam dar aos seres humanos a falsa ideia de que podem ser felizes. Um médico pode ajudar seu paciente a ter uma vida melhor no sentido físico e emocional, mas não poderá dar a ele a certeza de vida eterna ou nem mesmo de uma vida plena aqui, já que o vazio que o ser humano sente é do tamanho de Deus. Nada menos que Deus poderia preenchê-lo e saciar sua sede. Frases motivacionais podem até dar uma sensação passageira de satisfação, mas são como gotas de água extraídas do poço de Samaria.

(Jo 4:13-14) “Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede ; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.

Quando alguém busca em livros motivacionais ou de autoajuda a solução para seus problemas espirituais está buscando no lugar errado. Não precisamos de autoajuda, mas da “ajuda do alto”: Cristo, como Salvador e Senhor. Nada menos que isso pode resolver o problema do homem, e não é pela imitação de Cristo que o problema é resolvido, mas pela fé em Cristo como o Cordeiro de Deus, que morreu em meu lugar levando meus pecados na cruz. Querer que um incrédulo siga o exemplo de Cristo é como ensinar papagaio a falar. Ele pode até aprender, mas não faz ideia do que seja aquilo e não terá qualquer utilidade.

Por eu ser um palestrante profissional e tratar de temas como carreira, comunicação, marketing pessoal, vendas, etc., alguns me chamam de “palestrante motivacional”. Em certo sentido eu realmente procuro motivar as pessoas, mas sempre no sentido profissional: motivar o vendedor a vender mais, motivar o profissional a aprimorar suas competências, o empresário a melhorar sua comunicação com sua equipe e coisas do tipo. Mas em momento nenhum eu digo às pessoas que essas coisas as tornarão felizes e realizadas.

Minhas palestras e livros são no sentido de resolver questões terrenas ligadas a esta vida e à carreira profissional. Porém ninguém irá sentir-se verdadeiramente realizado enquanto não resolver sua questão eterna, que inclui o perdão de seus pecados para apresentar-se a Deus, não mais como um réu para ser condenado ao fogo eterno, mas como um filho que volta à casa do Pai. Mas em minhas palestras e livros profissionais eu não abordo temas relacionados ao evangelho porque não é este o objetivo das pessoas que me contratam ou compram meus livros.

Alguém que se propusesse a analisar a inteligência de Cristo precisaria incluir também o comportamento dele no Antigo Testamento e também em Apocalipse, quando aparece como o ancião de dias com uma imagem tão terrível que faz João sentir-se como morto. Tente analisar a Pessoa descrita por João na passagem de Apocalipse, comparando-a com Buda ou Gandhi como costumam fazer os autores seculares, e verá como a ideia de se tentar decifrar a Pessoa de Cristo fica infinitamente mais complexa:

(Ap 1:12-18) “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi... um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pós sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno...”.

(Ap 19:11-16) “Ele... chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo... e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus... E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.