Como posso ser útil?
Ouvi notícias pelos irmãos e fiquei muito animado com tudo, em especial por saber de seu pedido à comunhão à mesa do Senhor. Ele é realmente digno de o buscarmos em adoração e fazermos o que ele pediu da forma e no lugar (ao seu NOME) que o Senhor sempre desejou.
Tenho certeza de que os irmãos da assembleia mais próxima de você também estão alegres com seu pedido, mas nenhum deles tanto quanto o próprio Senhor. Que honra para o NOME de Cristo é ele poder ver mais um que deixa para trás os sistemas humanos apenas para a obediência de fé. Hoje as pessoas buscam a Deus com tantos interesses (como prosperidade, cura, relacionamentos, música, etc.) e ficam tão ocupadas com tantas coisas, que acabam perdendo “a boa parte” que Maria escolheu: estar aos pés de Jesus e ouvir dele.
(Lc 10:39-42) “E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”.
Às vezes ficamos relutantes quanto ao que fazer por estarmos ocupados com a obra do evangelho no lugar onde estamos, mas nunca devemos nos esquecer de que há coisas que Deus dá e há coisas que Deus procura. Dentre as coisas que Deus dá estão os dons, inclusive evangelistas, pastores e doutores. E quando nos preocupamos com a obra na seara de Deus, será que procuramos formar mais trabalhadores ou pedimos que o Pai envie trabalhadores para a sua seara?
(Ef 4:11) “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,”.
(Mt 9:37-38) “Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara“.
Se as coisas relacionadas ao serviço ou trabalho na seara de Deus é ele mesmo quem providencia, o que será que Deus procura? Adoradores. Isto ele não dá, ele procura. Mas não apenas adoradores, mas aqueles que adorem em espírito e verdade.
(Jo 4:23-24) “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade ; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.
Os judeus adoravam em verdade, pois eram zelosos das Escrituras, mas não em espírito. As religiões criadas pelos homens adoram em espírito, mas não em verdade por fecharem os olhos para as Escrituras e fazendo cada um do jeito que acha melhor fazer. A responsabilidade do crente está em individualmente buscar onde e como o Senhor quer ser adorado, e isto é algo que perguntamos a ele, como fizeram os discípulos.
(Lc 22:8-14) “E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos”.
Sei da dificuldade que tem em abrir mão do trabalho que fazia com os jovens na denominação de onde se apartou. Eu passei por um dilema parecido com o que você está passando há mais de 30 anos. Pregava em uma pequena congregação batista e minha esposa ensinava na escola dominical. Então viemos a conhecer o lugar de reunião conforme é mostrado na Palavra de Deus e ficamos na dúvida: deixar a denominação ou não? O que nos manteve lá até a última hora foi justamente a preocupação do que a nossa saída poderia causar naqueles jovens e crianças. Mas quando aprendemos a colocar tudo nas mãos do Senhor e a seguir a direção do Espírito as coisas ficaram bem mais fáceis.
Em 2 Timóteo 2 há uma passagem de grande instrução:
(2Tm 2:19-21) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra“.
A parte para a qual quero chamar sua atenção é ser um vaso para honra. Quando queremos ser vaso para honra, nós procuramos nos afastar do mal sem nos preocuparmos com os que permanecem lá. A decisão é individual porque o discernimento é individual. Evidentemente eu não chamaria os irmãos que estão nas denominações de vasos para desonra, porque eles também querem honrar a Cristo, apesar de imporem limitações a si mesmos por estarem sujeitos a um sistema que tolhe a liberdade do Espírito Santo. Então vamos pensar apenas nos vasos para honra, mas aí entra um detalhe: podemos ser vasos para honra e podemos ser vasos para honra preparados para toda a boa obra. O que isto significa?
Quando me mudei para Alto Paraíso, na viagem de ida atolei a Kombi e para tirá-la do atoleiro precisei erguê-la com o macaco e enfiar pedaços de “canela de ema” sob a roda. O problema é que eu não tinha nenhuma pedra ou viga de madeira onde apoiar o macaco, que teimava em enterrar no barro, e as “canelas de ema” eram moles demais para isso (você deve conhecer, elas são apenas um feixe de fibras resistentes à tração, mas não à pressão). Então peguei das coisas da mudança uma panela dessas de alumínio fundido, novinha, e coloquei-a sobre a lama com a base do macaco dentro dela criando assim uma sapata. Funcionou muito bem e tirei o carro do atoleiro, só que a panela já era. A base do macaco deixou marcas profundas nela já não servia para cozinhar. Mesmo assim, a partir daquele dia eu passei a carregar a panela dentro do estepe da Kombi e ela foi usada muitas outras vezes em atoleiros. Mas nunca para preparar comida.
Se considerarmos que cozinhar é uma boa obra, sem a qual não sobrevivemos, minhas panelas de cozinha estavam sempre preparadas para toda a boa obra e eram usadas em diferentes refeições. Estavam planas, alinhadas, limpas, prontas. Porém, aquela panela só servia para uma coisa: apoiar ao macaco na lama.
Um cristão pode ser um vaso para honra e mesmo assim não estar preparado para toda a boa obra, só para uma ou duas. Às vezes não percebemos o quanto estamos limitando a ação do Espírito através de nós, por colocarmos todo o nosso foco em algo, sem perceber que o Senhor nos queria para outras coisas, algumas muito mais nobres do que apoiar um macaco na lama.