Os perdidos também ressuscitarão em corpos?
Sim, todosressuscitarão, cada um por sua vez e com objetivos e destinos diferentes. Deus sempre faz distinção entre salvos e perdidos, até quando diz dos salvos que “dormem” e dos perdidos que estão mortos. Por isso você não encontrará o mesmo tratamento dado à ressurreição dos perdidos como o que é dado à ressurreição dos salvos em passagens como 1 Coríntios 15, onde tudo ali é muito positivo na forma de linguagem utilizada.
Repare que ele fala da ressurreição dentre os mortos, ou seja, dos salvos, enquanto os mortos continuam mortos aguardando pela ressurreição da condenação no final:
“Assim também a ressurreição dentreos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia- se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual” (1 Co 15:32-44).
Não podíamos esperar que Deus falasse da ressurreição dos perdidos como uma ressurreição em incorrupção, glória, vigo, porque estes privilégios são exclusividade dos salvos. Mas que os perdidos ressuscitarão, é um fato, mas ai deles quando ressuscitarem, porque do sofrimento atual que experimentam no hades enquanto estão apenas em alma e espírito, entrarão numa eternidade de sofrimento no lago de fogo com seus corpos também.
A Bíblia fala da ressurreição de todos os mortos, porém faz uma diferença entre os que ressuscitarão para a vida e os que que ressuscitarão para a condenação, lembrando sempre que a ressurreição não significa ganhar um novo corpo, mas sim receber de volta o nosso corpo em uma condição que não morre mais. Quando Jesus ressuscitou, o túmulo ficou vazio, seu corpo não ficou lá.
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12:2-3).
“Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28-29).
Antes que você se apresse em achar que é fazendo o bem que se obtém a vida eterna, o versículo está falando do apanhado geral e final. Os que aí aparecem com a característica de terem feito o bem são aqueles que foram salvos pela fé, e não por obras, para praticarem o bem que Deus lhes designou fazerem.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10).
Outro versículo que fala da ressurreição dos que fizeram o bem, por terem sido justificados pela fé, é Lucas 14:14: “E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos”. Mas não se apresse em achar que a ressurreição é só dos justos porque Atos 24:15 logo corrige tal pensamento: “Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos”.
Jesus ressuscitou de entre os mortos, e os salvos também ressuscitarão de entre os mortos, pois a ressurreição é seletiva. Repare neste versículo a palavra “dentre” ou “de entre”. Uma coisa é dizer que todos ressuscitarão, ou falar genericamente da ressurreição “dos mortos”, outra é traçar uma distinção para alguns que ressuscitarão “dentre” ou “de entre” os mortos, enquanto outros continuam mortos.
“Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentreos mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento” (Lc 20:35).
Quando Jesus ressuscitou foi só o seu corpo que saiu da sepultura naquela condição que os salvos terão, de um corpo perfeito e incorruptível não mais sujeito ao tempo e ao espaço. Mas, mesmo assim um corpo de carne e ossos como é o corpo de Jesus hoje no céu. Mas repare que é dito que sua ressurreição foi “dentre” os mortos, porque os outros continuaram em suas sepulturas.
“E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentreos mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18).
“E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou DENTRE os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1Ts 1:10).
No final ressuscitarão apenas os perdidos, que receberão de volta seus corpos para poderem receber a sentença da condenação eterna no lago de fogo:
“E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o hades deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:11-15).
Esta passagem, que costuma ser chamada de “juízo final” é na realidade o juízo final dos perdidos. Nenhum salvo aparece nessa cena, porque já terão sido salvos em vida e se morreram já estarão ressuscitados para a vida. Aqui apenas os mortos aparecem, e “deu o mar os mortos que nele havia, e a morte e o hades deram os mortos que neles havia” nos fala dos corpos e das almas/espíritos. Um corpo sepultado no mar é a condição de maior degradação que você possa imaginar, mesmo porque a quase totalidade da vida marinha é carnívora e literalmente nada sobra de um corpo sepultado no mar. Mesmo assim, Deus saberá recuperar cada partícula dele na ressurreição. O hades nos fala da condição de morte em que se encontram as almas e espíritos dos mortos, separados de seus corpos.
Naquele dia eles voltarão a ser corpo, alma e espírito como vieram ao mundo ao nascerem. Assim como um tribunal humano não julga e condena mortos, Deus irá trazer primeiro à vida os culpados impenitentes, mas não se diz deles que seja vida, como é dito dos salvos.
É bom lembrar que o assunto aqui é a ressurreição definitiva, aquela da qual ninguém mais voltará a morrer, e não as ressurreições que encontramos nas Escrituras, como a de Lázaro e outros.