É pecado pedir prosperidade a Deus?

Não existe nada na Bíblia que indique que um cristão deva pedir prosperidade a Deus. A maioria das pessoas não entende isso por falharem em seguir o conselho de Paulo a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”(2Tm 2:15). No original a expressão traduzida como “_maneja bem”_é “orthotomeo”, palavra grega que significa cortar com precisão, como quando alguém disseca um cadáver e separa cada órgão segundo a função.

As promessas de prosperidade no Antigo Testamento foram feitas a Israel, um povo terreno de Deus ao qual nunca foi prometido o céu. Para o cristão, todas as promessas são celestiais, assim como sua cidadania que é celestial. “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”(Fp 3:20 ARA). Pedir prosperidade a Deus quando você tem o necessário para viver é mostrar um coração ingrato pelo que já recebeu de Deus.

Não é errado um cristão ser próspero, pois Deus pode lhe dar mais do que necessita para poder repartir com os menos favorecidos e ajudar na obra do evangelho. Mas é Deus quem decide isso, pois sabe quais são os que irão agir de maneira liberal, e os que querem ficar ricos pelo simples amor ao dinheiro e propriedades.

As passagens a seguir nunca são pregadas nas igrejas da teologia da prosperidade pois condenam pregadores de prosperidade e seus seguidores, que estão ali só para buscar bens materiais. A oração ensinada pelo Senhor em Lucas 11:3 — “Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” — é pelo pão de cada dia, não por uma padaria ou um caminhão de pães. Tiago 4:3 mostra que o desapontamento por orações não respondidas pode ser da falta de comunhão e consonância com a vontade de Deus: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

A teologia da prosperidade, e os estelionatários que a pregam para obter fortunas, pode muito bem ser definida pelas palavras do apóstolo Paulo em 1 Timóteo 6:3-11: Trata-se de uma “_outra doutrina”_que não se conforma com “a doutrina que é segundo a piedade”. Quem a prega (e quem dá ouvidos) “_é soberbo... cuidando que a piedade seja causa de ganho (ou lucro)”_e a admoestação é para que se fique longe desses que agem assim.

A passagem continua falando daquilo que é lucro aos olhos de Deus: “Piedade com contentamento”, pois se tivermos “sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isto contentes”, vindo em seguida um alerta para os que querem ficar ricos: irão cair “em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína”. Você deseja todas essas maldições para você? Certamente que não. Então fique longe da teologia da prosperidade e seus pregadores mercenários.

Porque muitos há” — escreve o apóstolo Paulo aos Filipenses — “dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3:18-19).

A Palavra de Deus não diz que o dinheiro seja a raiz de todos os males, mas que “_o amor ao dinheiro”_é. O desejo de enriquecer fez com que “nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Como eu disse, Deus pode fazer um cristão próspero para honrar a Deus com seus bens, e não para si mesmo. Mas quando alguém tem por meta ficar rico certamente isso não terá nada a ver com honrar a Deus, mas a Mamom. Jesus ensinou: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”(Mt 6:24).

Vou ler a passagem toda de Filipenses, da qual citei apenas alguns trechos:

Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão” (1Tm 6:3-11).