Deus fixou em 120 anos a idade máxima do homem?

Você perguntou se os 120 anos mencionados em Gênesis 6 seriam o limite de idade para os seres humanos viverem após o Dilúvio, e se esse limite continuaria valendo para hoje.

Não, cento e vinte anos seria o tempo que Deus iria esperar para dar uma chance aos seres humanos de se converterem com a pregação de Noé antes de enviar o dilúvio que mataria a todos.

Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos” (Gn 6:3).

Como não houve arrependimento — ao contrário de Nínive, mais tarde, que se arrependeria mediante a pregação de Jonas — Deus enviou o dilúvio 120 anos depois de ter avisado Noé. Esse também foi o tempo dado para Noé ser o pregoeiro da justiça, avisando as pessoas do juízo que estava por vir, e ele fez isso pelo Espírito de Cristo, como aprendemos em 1 Pedro 3:19 e 4:6. Vou acrescentar comentários [entre chaves] para você entender melhor o significado do texto:

Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual [Espírito] também foi, e pregou [por intermédio de Noé] aos espíritos [agora] em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água... Porque por isto foi pregado o evangelho também aos [que hoje estão] mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito”.

Ao comentar a passagem em que Deus dá 120 anos de prazo para os homens se converterem antes de lançar o dilúvio, William MacDonald comenta: “O Senhor avisou que Seu Espírito não contenderia com o homem para sempre, mas que haveria um atraso de cento e vinte anos antes de ocorrer o juízo do dilúvio”. L. M. Grant tem a mesma opinião, dizendo: “Deus, por meio de Seu Espírito, tinha estado contendendo com os homens contra a pecaminosa vontade deles, a Sua paciência chegaria ao fim, embora Ele ainda iria permitir mais 120 anos antes de destruir a civilização”. Outro que comenta algo semelhante é F. B. Meyer: “Mas o Espírito de Deus insistiu com o homem, e apesar de ter sido colocado um limite para Suas súplicas, Deus buscou homens com arrependimento sincero, até que o Seu Espírito Santo recebeu a negativa final e se afastou triste e desapontado. A postergação do juízo foi considerável. O Espírito de Deus aguardou por 120 anos”.

Mais um comentário, de Geisler/Howe, diz: “A passagem entra em conflito com as idades das pessoas que viveram mais que 120 anos em Gênesis 11:12-16. Portanto, a ideia (da longevidade de 120 anos) eu acredito ser baseada numa má leitura ou má interpretação do texto. Os cento e vinte anos mencionados por Deus em Gênesis 6:3 não podem significar um limite para o tempo de vida de seres humanos, já que você encontra pessoas mais velhas que isso que são mencionadas alguns capítulos depois no livro de Gênesis, incluindo o próprio Noé. O significado mais provável é que o Dilúvio do qual Deus havia alertado Noé, não aconteceria até 120 anos após o aviso inicial dado a Noé. Isso é melhor explicado em 1 Pedro 3:20, onde lemos: “Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca”. Portanto, considerando o contexto da passagem de Gênesis 6:3 ele estaria bem conforme ao que encontramos no capítulo 11 do mesmo livro (que fala do tempo de vida de pessoas após o dilúvio)”.