Não devo pregar mudança de vida ao incrédulo?
O evangelho é muito simples e não se trata de mensagem de mudança de vida. Paulo deixa muito claro o que é o evangelho nos primeiros versículos de 1 Coríntios 15:1-4: “Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Talvez sua preocupação esteja no fato de não estar descansando no poder de Deus, que é o que irá fazer a pessoa realmente se converter. Você não tem poder para fazer com que ela mude de vida, e esqueça achar que porque uma pessoa parou de fumar, beber, dançar, tomar drogas e outras coisas ela é convertida. Me vem à mente uma frase de um comediante: “Não tente ensinar um porco a cantar. Você vai perder seu tempo e aborrecer o porco”. Portanto não queira fazer um incrédulo viver como crente.
A mudança de vida será consequência de uma conversão real, mas ela deve ir a Cristo do jeito que está, e não caiada com a maquiagem da religião farisaica. O Espírito Santo é que a convencerá de pecado, ainda em sua condição natural, incutirá nela vida para sentir esse fardo (é quando acontece o novo nascimento), e a levará a crer em Jesus para ser então selada com o Espírito Santo.
Pense na pregação do evangelho como um trabalho feito a dois, você e o Espírito Santo. Primeiro você vai até o pecador e lhe apresenta a Cristo, dizendo que ele morreu para pagar os pecados de seu ouvinte e ressuscitou para sua justificação. Pronto! Você já fez um ótimo trabalho que Deus não deu a anjos executar, mas a seres humanos. Aí é hora de você sair da frente e deixar o Espírito Santo fazer a obra. A pessoa que prega o evangelho é como o mestre de cerimônia de um evento. Não é ele a atração principal, ele apenas apresenta aquele que é a estrela do evento.
Sua missão não é pregar abstinência de pecado, como na indagação de Romanos 6:1-2: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?”. Repare que Paulo estava escrevendo a crentes, não a incrédulos. A carta aos Romanos é o evangelho explicado, não é o evangelho pregado. Depois de salvos recorremos a essa carta para entender o que aconteceu conosco. É como se tivéssemos dado uma pirueta em nossa conversão e, depois de termos caído em pé, olhamos em redor para tentar entender o que aconteceu. Para isso serve a carta aos Romanos.