O que significam o cadáver e a águia de Mateus 24?

Ao contrário de muitos que tentam aplicar o capítulo 24 de Mateus à Igreja, o texto fala de um tempo ainda futuro, quando um remanescente de judeus fieis — representados naquele momento pelos discípulos judeus de Jesus — estará na Judeia por ocasião da Grande Tribulação. A passagem diz: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias”(Mt 24:27-28).

Repare que o trecho de sua pergunta está associado à vinda do Senhor como relâmpago e no caráter do Filho do Homem, um título que ele usa para se identificar como o Juiz capacitado a julgar os homens por ter, ele próprio, humanidade. É assim que o apóstolo João o vê na revelação do Apocalipse: “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem”(Ap 1:12-13).

João não vê a Jesus como o adorável Senhor de cada crente individualmente, nem como o amável Noivo da Igreja, mas como um Juiz terrível e assustador, e isso faz com que caia “a seus pés como morto”(Ap 1:17) e precise ser consolado pelo Senhor. Portanto tenha em mente que a passagem de Mateus 24 ocorrerá após o arrebatamento da Igreja, quando Cristo virá buscá-la e encontrar-se com ela, não na terra, mas quando os crentes forem transformados e levados até as “nuvens, a encontrar o Senhor nos ares”(1Ts 4:17), naquilo que costumamos chamar de arrebatamento. Em sua vinda para julgar as nações ele descerá até a terra.

Águias (algumas versões trazem “abutres”) nos falam de juízo, de rapina, pois são aves que de muito longe podem perceber suas vítimas, vivas ou mortas, e descer em grande rapidez sobre elas. Onde houver corrupção e podridão, ali estará o juízo rápido que virá do céu nesse dia de grande tribulação. Nessa ocasião, a falsa noiva, a Grande Meretriz ou Babilônia de Apocalipse, formada por falsos professos, terá sua recompensa por todo o mal que praticou. Alguém que apenas professe ser cristão, mas nunca nasceu de novo e nem creu em Jesus como Salvador, sempre será visto por Deus como um cadáver, “morto em seus delitos e pecados”(Ef 2:1).

Como já disse, quando isso acontecer a Igreja, formada por todos os verdadeiros crentes, já terá sido arrebatada da terra pelo menos sete anos antes. Tudo o que restará no mundo será a casca oca de uma profissão cristã vazia, com seus templos e rituais, mas sem cristãos verdadeiros.

Enquanto isso um remanescente de judeus que não foi alcançado pelo evangelho da graça nos dias da igreja na terra irá se converter e pregar o evangelho do reino (o mesmo que João Batista pregava). Esses, e também os gentios que se converterem nesse tempo, irão habitar na terra durante o reino milenial de Cristo.