O costume era de não ser contencioso ou de cobrir a cabeça?
Você leu os textos sobre a mulher cobrir a cabeça (e o homem descobrir) quando ora ou fala da Palavra de Deus, e não concordou. Para você a conclusão da passagem deixa claro que nem Paulo, nem as igrejas de Deus, tinham esse costume de as mulheres cobrirem a cabeça (e os homens descobrirem).
Você citou 1 Coríntios 11:16 e para você a palavra “_costume”_se referia a cobrir (ou descobrir) a cabeça. Ali diz: “_Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.”._É fácil perceber a que “_costume”_Paulo se referia se você trocar a expressão “_ser contencioso”_por “cuspir no prato”. Então ficaria assim:
“Se alguém quiser cuspir no prato, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus”. De que “costume” então o apóstolo estaria falando? De homens não cobrirem a cabeça e mulheres cobrirem, ou de“ser contencioso”?
O mesmo apóstolo Paulo, chamado de machista por alguns, escreveu: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente” (Fp 2:12-16).
Nesta passagem é possível ver seu uso da palavra “contendas” associado à não obediência da doutrina que lhe foi dada pelo Espírito Santo. Portanto, não faria sentido ele falar tudo aquilo sobre o homem orar com a cabeça descoberta para chegar no final e dizer que não havia esse costume nas igrejas de Deus. Ah, me desculpe! O assunto era a mulher cobrir a cabeça. Mas aí, se era desse “costume” que Paulo estaria falando não ter, como ficaria o ensino sobre o homem descobrir a cabeça quando ora ou profetiza? Seria isso também um costume que nem ele e nem as igrejas de Deus teriam? Ou será que o “não temos tal costume” estaria associado ao “contender”?
Basta consultar uma professora de português para ela dizer a você que a frase “_nós não temos tal costume”_está diretamente relacionada ao que o apóstolo disse imediatamente antes, “se alguém quiser ser contencioso”(1Co 11:16). Ou seja, como cristãos não temos o costume de sermos contenciosos, e vários textos deixam isso tão claro que nem preciso citar onde estão em sua Bíblia.
“Andemos honestamente, como de dia, não... em contendas... Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas... me foi comunicado pelos da família de Cloé que hácontendas entre vós.... pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?... desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas... É soberbo, e nada
sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras... Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade... ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam”.
Não faria qualquer sentido o apóstolo escrever tudo o que está do versículo 1 ao 15 de 1 Coríntios 11 só para dizer que não temos esse costume de as mulheres cobrirem a cabeça. Mesmo porque se o “_não temos tal costume”_fosse sobre o assunto que ele discorreu com tantos detalhes, teríamos de incluir nisso a ordem estabelecida no versículo 3, ou seja, “Cristo é a cabeça do homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo”. Acaso deveríamos deixar de lado o _costume_de achar que Cristo é a cabeça do homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo?
Teríamos também de concluir que seria indiferente o homem cobrir ou não a cabeça ao orar, o que deixaria sem sentido os séculos de “costume” de cristãos do gênero masculino que tiravam o chapéu na hora de orar expressando respeito à ordem estabelecida por Deus. Se para a mulher fosse indiferente orar com a cabeça coberta ou descoberta, então o mesmo deveria valer para o homem.
Mas o texto mostra que Deus dá tanta importância ao assunto que não resumiu assim, como poderia ter feito: “Todo homem ou mulher que ora ou profetiza, faça do jeito que achar melhor, porque é indiferente cobrir ou não a cabeça”. Paulo, inspirado pelo Espírito, poderia ter escrito simplesmente isto e as árvores teriam agradecido a economia de papel de bilhões de Bíblias com quase trezentas palavras a menos.