Havia poligamia no início da igreja?
Sim, devia haver poligamia nos tempos do Novo Testamento, pois a maioria dos convertidos vinha de povos gentios, como gregos e romanos, e a poligamia era permitida nessas sociedades. Por isso em algumas passagens foi ordenado que os presbíteros fossem maridos de uma só mulher, e apenas isto já ajuda a entender a razão de a bigamia ou poligamia ser contrária ao projeto que Deus desenhou no princípio para os seres humanos. Vamos às passagens:
“Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes” (1Tm 3:2-6).
No Antigo Testamento a poligamia era comum e você encontra até mesmo os homens que Deus usava tendo mais de uma mulher. Davi e Salomão são exemplos extremos dessa poligamia. “E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas”(2Sm 5:13). “E [Salomão] tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas”(1Rs 11:3). Mas antes que você ache que multiplicar mulheres traz a felicidade, veja na continuação da passagem que foram essas mulheres que levaram Salomão ao pecado e à idolatria. Podemos considerar o livro de Eclesiastes de Salomão como uma confissão do quanto errou em buscar a felicidade nos prazeres deste mundo “debaixo do sol”:
“... e suas mulheres lhe perverteram o coração. Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu pai, porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas. Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor; e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi, seu pai” (1Rs 11:3-6).
Portanto nunca se esqueça do que Jesus disse acerca do casamento segundo os planos originais de Deus no princípio:
“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homempai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim” (Mt 19:4-8).
Mas se a poligamia era suportada na igreja no Novo Testamento para aqueles que já chegavam casados numa condição assim, certamente não era permitido para quem já fosse convertido se casar com mais de uma mulher. “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”(1Co 7:2). Para os que já tinham mais de uma mulher não seria correto ordenar que ficassem com uma e abandonassem as outras, pois isso faria delas prostitutas.
No século 19 os primeiros missionários ingleses que levaram o evangelho na África e países muçulmanos encontraram essa dificuldade, pois os homens eram polígamos, algo que ainda hoje é perfeitamente normal em países muçulmanos. Então os missionários orientavam aos novos convertidos que mantivessem e sustentassem todas as esposas, pois naquelas sociedades uma esposa rejeitada era excluída da sociedade e só podia se sustentar pela prostituição. Porém que procurassem ter relações apenas com uma, o que não sei se seria exatamente a decisão correta, pois criaria um conflito na família.
Uma vez um irmão disse: “Sim, no Antigo Testamento os patriarcas eram polígamos, mas vá lá ver quanta dor de cabeça aquelas mulheres extras deram a eles”. Acredito que esta seja uma grande verdade.