Se Jesus não era filho de José, como era descendente de Davi?
Quanto à descendência de Davi, isso é incontestável, pois a genealogia no evangelho de Mateus é clara. Ele era descendente de Davi tanto por parte de José como de Maria. Legalmente ele era filho de José e devia ser essa a sua condição no censo que era feito na época e nos registros dos livros do Templo. Os judeus nunca contestaram isso nos evangelhos. Aliás, Herodes mandou matar um monte de meninos só de medo do Rei que tinha nascido em Belém.
Se os judeus hoje contestam a descendência de Jesus é porque existe uma lenda judaica que diz que Maria teria cometido adultério com um soldado chamado Panthera, por isso os judeus o chamam de Yeshu Ben-Panthera (Jesus Filho de Panthera).
A descendência legal sempre foi a considerada (ou você acha que é só com teste de DNA que se determina a paternidade?). Tenho um filho adotado por adoção plena, ou seja, ele é meu filho, tem meu sobrenome e em sua certidão de nascimento constam os nomes de meus pais e sogros como avós. Se sobrar alguma herança, ele terá seu quinhão. No processo de adoção existe uma linha escrita pelo juiz que diz que ninguém poderá contestar isso.
Os próprios judeus da época consideravam Jesus filho de José:
“Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?” (Mt 13:55).
Mesmo esta seria hoje considerada pelos judeus. Pergunte a qualquer judeu e saberá que hoje é considerado judeu quem o é por parte de mãe. Um povo em constante exílio não podia se dar ao luxo de agir diferente, já que eram constantemente escravizados por inimigos e suas mulheres violadas por estrangeiros. Quem me explicou isto foi um judeu.
Isto eu tirei do site www.jewfaq.org:
“Who Isaías a Jew? A Jew Isaías any person whose mother was a Jew or any person who has gone through the formal process of conversion to Judaism”. (“Quem é judeu? Um judeu é qualquer pessoa cuja mãe era judia ou qualquer pessoa que tenha passado pelo processo formal de conversão ao judaísmo”).
O texto que você indicou, escrito por um rabino que alega não haver base para Jesus ter sido o Messias, diz:
“Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai — e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!”
Percebe as implicações do que ele diz? Esse rabino está baseando sua refutação na afirmação dos cristãos e, ao fazer isso, está assumindo que a afirmação dos cristãos estaria correta: Jesus é filho de Deus. Ao tentar refutar uma coisa ele acaba admitindo outra (não vai ficar bem diante de seus patrícios) que era justamente o que os judeus da época não queriam aceitar.
Mas, voltando ao “quem é judeu”, nem os judeus chegaram a uma conclusão, mas a linhagem materna é a oficial e adotada pelo Estado de Israel para definir quem pode ser cidadão:
“Já quanto à descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se matrilinearmente, patrilinearmente ou ambas as hipóteses. A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador. Essa tese tem força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo. Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica.” (Fonte: http://pt.wikibooks.org).