Devemos comer apenas alimentos crus, como Adão e Eva?
Existe um “reverendo” norte-americano que prega a dieta “Hallelujah Diet” alegando que a alimentação que Deus planejou para o homem é vegetariana e crua. Ele se baseia em Gênesis, porém parece ignorar que aquele tipo de alimento foi dado para quem vivia antes da queda, quando o corpo humano foi radicalmente corrompido pelo pecado e a morte entrou em cena.
A verdade é que a solução para a vida eterna não é está em uma dieta, mas em crer em Jesus como Salvador, e no poder purificador de seu sangue. Quem crê na vida eterna não tem falsas esperanças quanto a este corpo, mas espera a transformação que ocorrerá no arrebatamento ou ressurreição, caso seja pego pela morte antes disso.
Geralmente você encontra dietas vegetarianas e naturistas associadas a alguma filosofia ou doutrina religiosa, e é aí que mora o perigo. Sei disso porque fui vítima de uma dessas dietas doutrinárias. Quando fazia faculdade na década de 1970, tinha sempre problemas de estômago, por isso decidi procurar uma alternativa aos pratos comerciais, tipo dobradinha, feijoada e rabada, que comia em bares e restaurantes de Santos, onde estudava. Passei a comer num restaurante macrobiótico e também numa associação macrobiótica que havia na cidade e logo minha saúde melhorou consideravelmente. As dores de estômago e azia passaram e o cabelo parou de gostar mais do pente do que do couro cabeludo.
Porém, na macrobiótica e em outras dietas fundamentadas em uma filosofia, você acaba sendo atraído para os livros que “explicam” a filosofia por trás daquilo e no pacote vem o engano. Virei um macrobiótico fanático que não comia nada que não fosse integral e dentro dos princípios de equilíbrio yin-yang. Queria atingir o equilíbrio com o Universo, e não conseguia perceber o quanto de engano havia nas aulas que eu costumava frequentar em um restaurante macrobiótico que havia no bairro da Liberdade, em São Paulo. Foi na mesma época que a cantora Tuca morreu, além de outro rapaz, ambos de desnutrição.
Numa das aulas nesse restaurante alguém comentou o caso de um rapaz, macrobiótico ferrenho e frequentador do mesmo local, que estava internado por ter sido atropelado em cima da calçada. A dúvida era o que fazer em casos assim, quando um macrobiótico fosse obrigado a receber transfusões de sangue impuro de algum doador não macrobiótico. A resposta do “mestre” foi que o rapaz devia ter comido algum alimento errado, pois se estivesse realmente seguindo à risca a dieta estaria em harmonia com o Universo e não teria sido atropelado. Naquela época eu não acreditava em Papai Noel, mas acreditava nisso.
Agora que sou cachorro mordido de cobra que tem medo de linguiça, mesmo que seja feita com carne de soja, desenvolvi uma espécie de faro para esse tipo de coisa. Outro dia encontrei um site de um ex-vegetariano que assinala os principais elementos que levam você a identificar um adepto de qualquer doutrina-dieta existente por aí. Ele trata da ortorexia nervosa, que é definida como a obsessão por alimentação saudável. Sim, uma dieta saudável pode virar doença como é a ortorexia nervosa Vou traduzir um trecho onde ele fala da dieta crudívora, mas que pode ser aplicado para identificar as afirmações dos gurus de dietas filosófico-religiosas:
— A alimentação vegetariana crua (raw vegan) é “a mais natural”, “ideal”, “perfeita”, etc.
— Os seres humanos foram criados ou evoluíram para ter uma dieta crua vegetariana.
— Alimentos cozidos são venenosos e/ou alimentos proteicos são tóxicos porque os subprodutos do metabolismo da proteína são prejudiciais ao organismo.
— A alimentação vegetariana crua é capaz de curar qualquer doença ou seu potencial de cura só é limitado pela disciplina do adepto em aplicar seus preceitos.
— A dieta vegetariana crua irá garantir uma saúde perfeita ou tornará você “perfeito” em qualquer sentido, ou “superior” aos demais que comem outras coisas. (Geralmente essa última afirmação de superioridade é mais implícita do que explícita, evidentemente).
— A dieta vegetariana crua fará do mundo um lugar melhor; se todos seguissem a dieta vegetariana crua não haveria problemas sociais no mundo, e atingiríamos um mundo de paz e viveríamos em um paraíso natural. Aqui as expectativas têm dois lados: (1) por fazer a conexão entre corpo e mente a dieta é poderosa e um elemento crítico para a paz e saúde mental; e (2) o estilo de vida que acompanha uma dieta vegetariana crua eliminará comportamentos e Atos de pessoas orientadas para o dinheiro, os quais são a principal raiz dos problemas sociais.
O artigo traz também uma lista das razões pelas quais a dieta vegetariana crua seduz seus adeptos:
— É rica em idealismo e nos faz pensar que o mundo é fácil de ser compreendido.
— É tão boa para ser verdade que o adepto acredita que só pode ser verdade (meu palpite: A doutrina da propaganda de Hitler estava em contar uma mentira tão grande que as pessoas acabariam duvidando que alguém seria capaz de contar tamanha mentira e acreditariam).
— Cria uma falsa sensação de segurança quando você acredita no dogma de que aquela é a dieta “melhor”, “mais natural” e “perfeita”.
— O aspecto social da dieta faz de você uma pessoa singular que acaba conquistando a atenção das pessoas (muito apropriado para pessoas egocêntricas)
— Ao adicionar uma falsa moral à dieta, você acaba acreditando ser moralmente superior àqueles que comem outros alimentos (bom para o ego).
— Para aqueles que sofrem de baixa autoestima a dieta pode proporcionar um movimento com o qual você pode se identificar; pode lhe dar um tipo de identidade própria.
— Alguns aspectos do vegetarianismo-crudismo podem ser comparados à experiência de se filiar a alguma seita religiosa quando você passa a seguir os gurus da dieta.
Evidentemente muitos desses tópicos se aplicam também a algumas religiões pentecostais que pregam que o cristão não fica doente ou, quando fica, é porque não tem fé, pecou ou não ofereceu algum tipo de sacrifício pessoal, físico ou monetário a Deus (em outras palavras, não seguiu a “dieta”). O desapontamento e desilusão que sofrem as vítimas dessas seitas pentecostais não é diferente da sensação de culpa dos adeptos de dietas quando caem enfermos. O ponto é que, convertidos a Cristo ou não, comendo alimentos vegetarianos e crus ou não, este corpo continuará tão arruinado pelo pecado quanto sempre esteve, e seu destino é a degradação e a morte. Uma dieta equilibrada pode dar uma melhor qualidade de vida, evitar algumas doenças e até prolongar a vida do corpo, mas não evitará a doença e a morte que entraram na criação através do pecado. Animais que vivem em seu habitat natural, comendo alimentos naturais e adequados ao seu organismo, também adoecem e morrem.
Recentemente comprei um livro sobre dieta vegetariana crua, escrito por um médico. Por ser escrito por um profissional de saúde eu esperava encontrar nele apenas os aspectos científicos e práticos, nunca filosóficos, para entender tal dieta. Minha decepção foi enorme. Seu autor alega que os fundamentos para sua dieta vêm não apenas de artigos científicos, mas dos antigos essênios, uma das seitas do judaísmo, valendo-se para isso de um dos vários evangelhos apócrifos.
Como acontece com o espiritismo, é comum essas novas filosofias buscarem em Jesus algum tipo de endosso para tornar sua doutrina palatável para uma civilização ocidental cristianizada. Na falta de subsídios bíblicos, apela-se para supostos manuscritos antigos ou revelações feitas por anjos ou espíritos. Basta uma citação do dito livro para você entender o espírito por trás de suas ideias:
“Novos elos se encontrarão na cadeia evolutiva, no caminho da humanidade em direção à paz, quando deixarmos de aguardar que Jesus nos salve e procurarmos fazer aquilo que Jesus nos trouxe”.
Em outras partes ele explica o que quer dizer com “aquilo que Jesus nos trouxe”, usando trechos de um evangelho apócrifo que ensina (acredite se quiser!!!) técnicas de lavagem intestinal como meio de se obter o perdão dos pecados.
É isso que dá não conhecer a Palavra de Deus e nem a Pessoa de Cristo...