É pecado substituir o ato sexual por masturbação?

Sua dúvida está no fato de você e sua esposa substituírem o ato sexual por masturbação, ou por causa da menstruação, ou por ela não estar disposta.

A Palavra de Deus diz: “Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.” (Hb 13:4). O leito sem mácula é o leito matrimonial sem o que ele diz em seguida, “devassos e adúlteros”. O dicionário define devasso como “Dissoluto, libertino, vicioso, desenfreado, licencioso, imoral, pervertido, perverso”. Se o casal concorda com o que faz, então não creio que seja devassidão.

O assunto me faz lembrar uma passagem. Embora o modo de agir das pessoas na Bíblia não seja um aval para agirmos igual, pelo menos mostra algo que caracterizava um casal:

“Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã?” (Gn 26:8-9).

Para Abimeleque desconfiar que Isaque e Rebeca eram marido e mulher, essa “brincadeira” devia ter caráter sexual.

A masturbação é um assunto controverso. A lascívia é pecado e dificilmente alguém consegue se masturbar sem que o ato tenha alguma ligação com a lascívia, mas não creio que seja também o caso no casamento. Ficaria até mesmo difícil julgar, por exemplo, casos de casais com problemas de saúde, como paraplégicos, que precisam substituir o ato sexual por algum outro tipo de carícia até por questões de fisiologia.

Há também situações onde a prática tem objetivos médico/cirúrgicos, como é o caso da coleta de material para exames de fertilidade e contagem de espermatozoides e também quando é feita vasectomia (após a cirurgia é preciso livrar-se do sêmen que ainda possa conter espermatozoides). Há também o caso da polução noturna, quando o próprio organismo se encarrega de expelir o líquido seminal que não interessa mais ao corpo, o que pode ocorrer como consequência de um sonho erótico ou não.

Ou, pense no caso de um coito interrompido por algum motivo, com a ejaculação ocorrendo fora do corpo, ou o contrário, no caso de ejaculação precoce, ela ocorrendo antes do coito. Tecnicamente nenhum dos dois seria uma relação sexual do tipo papai-mamãe, mas não creio que estivesse fora das práticas de um casal em seu leito.

O leito matrimonial, ao contrário do mundo libertino, é onde o casal tem seus momentos de intimidade, separado de tudo. Isso fica claro em Provérbios 5:

“Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos juntamente contigo. Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera?”

O livro de Cantares também carrega um forte apelo da intimidade entre um casal.

1 Coríntios 7 mostra que deve haver um consenso entre marido e mulher sobre sexo e que um não tem direito sobre o outro, nem de privá-lo e nem de forçá-lo:

“Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido. O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” (1 Co 7:1-5).

Não há na Bíblia uma ordem direta contra a prática da masturbação, mas há obviamente ordem direta contra os pensamentos lascivos que podem acompanhar a prática. Às vezes a recusa da mulher pelo ato sexual pode ter uma origem física. Há casos de estreitamento da vagina ou de outros problemas anatômicos que são resolvidos com uma simples cirurgia local, devolvendo à mulher o prazer do ato.

Encontrei o texto em um de meus arquivos. Devo ter copiado de um livro, mas infelizmente não anotei de qual foi. Talvez possa ajudar. Obviamente o texto não trata da masturbação como um ato sexual de um casal, mas está se referindo ao homem ou mulher que a pratica sozinho. Alguns alegam que a prática individual possa ser consequência de características pessoais ou mesmo como válvula de escape para o estresse.

Ou seja, algumas pessoas, por questões hormonais, podem ser mais propensas a sentir essa necessidade do que outras (assim como há pessoas com temperamentos mais fortes ou mais calmos). De qualquer modo, seja neste caso ou no do temperamento, cabe ao cristão controlar seus impulsos, pois ao contrário da fome, sede, sono, respiração, etc., eles não afetam em nada a vida e saúde de quem se priva disso. O cristão está equipado tanto a se abster de práticas lascivas, como de mau temperamento.

Mas vamos ao texto que copiei de algum lugar:

Não há passagem na Escritura que fale diretamente sobre a questão da masturbação. Há quem chame a atenção para Gênesis 38:8-10 e 1 Coríntios 6:9-10, mas creio que estas passagens não falam de masturbação. Mesmo assim, a bíblia fornece orientações que lhe permitirão decidir se a masturbação é pecado ou não. Reflita sobre as seguintes observações:

​1. Voltemos à definição de lascívia e luxúria; “Gratificação dos sentidos ou indulgência para com o apetite; dedicado aos ou preocupado com os sentidos” e “desejo sexual intenso”. A masturbação encaixa-se definitivamente nestas condições (Gl 5:19). Pode se praticar a masturbação sem lascívia ou luxúria?

​2. O teste seguinte é de vida mental. Jesus disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5:28). Quando uma pessoa pratica a masturbação, o que passa em sua mente? Pode alguém se masturbar sem imaginar um ato sexual ou ao menos cenas sexuais? O que é que você acha? Se você pratica a masturbação, pode sua mente permanecer pura?

​3. Em seguida, reflita sobre a santidade e a intenção da relação sexual no casamento. Sem sombra de dúvida, a masturbação é uma tentativa de experimentar as mesmas sensações que são atribuídas ao casamento. É um substituto do ato verdadeiro, uma farsa, uma falsificação.

​4. A masturbação é também totalmente egocêntrica. Uma das características do egocentrismo é a autoindulgência. Paulo descreve o modo de vida de quem é controlado por Satanás, dizendo: “Todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef 2:3).

​5. Finalmente a masturbação pode nos levar a escravidão. Quando uma pessoa é dominada por uma indulgência carnal, ela peca. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências” (Rom 6:12). Paulo também diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Co 6:12).