Os hebreus atravessaram mesmo o Mar Vermelho?

Sua dúvida é baseada nas várias suposições sobre a travessia, desde a que diz que eles teriam atravessado um pântano, até que não atravessaram coisa alguma. Os mais favoráveis tentam associar a abertura do mar a algum terremoto ou vendaval. No fundo, ninguém gosta de admitir que Deus tenha feito um milagre. Vamos fazer algumas considerações:

​1. Temos o relato bíblico de um mar aberto para os hebreus passarem e de um exército se afogando nessas águas quando fecharam.

​2. O que hoje chamamos de “Mar Vermelho” não era chamado assim na época, e o original bíblico diz que eles atravessaram o “yam suph”, literalmente “mar de juncos”.

​3. Ninguém sabe onde era esse “mar de juncos” na época, porque as coisas mudam de nome com o tempo. O termo pode ter sido usado na época para toda a extensão de água ou para um ponto apenas. Se você encontrasse alguém que dissesse ter nascido no Estado da Guanabara, não iria duvidar que ele tivesse nascido lá só porque não existe mais um Estado da Guanabara.

​4. Ao norte do que hoje chamamos de Mar Vermelho há grandes lagos e pântanos que os historiadores concordam que poderiam não ser como são hoje. Em quatro mil anos o sertão pode virar mar e o mar virar sertão. (Pergunte ao Antonio Conselheiro).

​5. Em 1 Reis 9:26 é usado o mesmo “yam suph” para apontar onde Salomão deixava seus navios: “Também o rei Salomão fez naus em Eziom-Geber, que está junto a Elate, à praia do mar de Sufe (“yam suph”), na terra de Edom”. Pelo seu raciocínio, Salomão devia estar falando de navios de brinquedo para brincar num pântano.

Juntando tudo, temos um relato de uma travessia de um povo por um mar, genericamente chamado de “Mar de Juncos”, mas não temos exatamente o ponto onde se deu essa travessia. Pode ter sido em qualquer ponto, raso ou fundo. Quando o detetive junta a isso outro relato, de um exército que se afogou nesse ponto, só pode concluir que foi num ponto fundo. O cético elimina aquilo que não cabe na sua cabeça. Seria um problema de profundidade?

Você acreditaria se eu dissesse que já pulei o Rio Tocantins de um salto? Se eu não disser o ponto exato você pode tirar duas conclusões: ou foi mentira, ou foi milagre. A terceira opção foi na nascente.

Nem eu nem você podemos dizer o ponto onde os hebreus cruzaram. Mentira, nascente ou milagre? Neste caso, milagre.

Uma teoria interessante eu vi em um documentário “Decodificando o Êxodo” no Discovery Channel. Embora em muitos pontos o autor viaje de Hellman's Airlines, ele apresenta a teoria de que os Hicsos, povo semita que ficou 200 anos no norte do Egito, seria o mesmo povo de Israel, já que foram encontrados sinetes contendo o nome de José nas escavações de onde esse povo morava. Sua saída do Egito coincidiria com o Êxodo bíblico. Existem relatos dos autores gregos Maneton e Mnaseas de Patara de que os Hicsos e como seriam os hebreus.