A igreja não aparece no Antigo Testamento?

A palavra “igreja” significa simplesmente assembleia, congregação ou agrupamento de pessoas. Neste sentido você vai encontrar a palavra também no Antigo Testamento, porque em alguns lugares Israel é chamado de assembleia ou congregação. O Salmo 107:32, por exemplo, usa assembleia e congregação para Israel: “Exaltem-no na congregação do povo e glorifiquem-no na assembleia dos anciãos!”.

Mas o ponto de partida para a interpretação não pode ser apenas a palavra “igreja”, que significa assembleia, existir no Antigo Testamento. Em Atos quando uma turba quer pegar Paulo, esse ajuntamento é chamado de “Eclésia” no original grego em Atos 19:32 e 39, no entanto ninguém de sã consciência diria que aquilo era a “igreja” no sentido que hoje usamos. Se fizer uma busca por “Eclésia” na Wikipedia, encontrará a palavra descrita como a principal assembleia popular da democracia ateniense da Grécia antiga.

A igreja não existia no Antigo Testamento porque teve início em Atos 2 e foi um mistério até Paulo receber a revelação. A questão é o corpo de Cristo, e os judeus não fazem parte do corpo de Cristo com tais, nem no Antigo Testamento, nem no Novo Testamento. No momento em que um judeu, como Paulo ou Pedro, se converte a Jesus, ele já não é mais identificado por Deus como pertencente ao povo de Israel, mas como membro do corpo de Cristo. Aos judeus convertidos a Cristo que teimavam em se apegar à sua identidade anterior o livro de Hebreus fala das coisas melhores e mais elevadas concernentes à igreja. Outra passagem ajuda a entender o caráter distinto da igreja nos dias de hoje:

(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.

Deus reconhece aí três grupos de pessoas: judeus, gregos (gentios) e igreja de Deus. Se os judeus fossem a igreja, o que estariam fazendo nessa lista? Existe uma distinção entre cada grupo.

A falta de compreensão do que seja o corpo de Cristo (a igreja) leva a esse tipo de confusão. Misturar Israel e Igreja é um erro normalmente encontrado em algumas correntes do protestantismo e no catolicismo, e isso ajudou a estimular a perseguição dos judeus durante a Inquisição e também nas épocas seguintes. O raciocínio dos perseguidores era simples: Se as promessas do Antigo Testamento são para a igreja, considerando esta como a continuação do judaísmo, então aqueles judeus que não são hoje cristãos não têm qualquer parte nas promessas e podem ser descartados.