Se 2:3 da humanidade crê na reencarnação, por que você não?
Obrigado por escrever e também por sua preocupação sincera a meu respeito. O fato é que boa parte das ideias, filosofias e religiões que você menciona foram meu ponto de partida há uns 35 anos, quando comecei a me preocupar com as coisas espirituais. Em stories.org.br/angels.html eu conto o que aconteceu depois da alguns anos de busca no esoterismo, espiritismo, filosofias orientais, etc.
A questão básica envolvendo a reencarnação não está apenas no fato de ser uma ideia estranha à Bíblia, mas de ser totalmente desnecessária diante da verdade do Evangelho da graça de Deus. A reencarnação pressupõe uma evolução espiritual fundamentada no esforço próprio, e a Bíblia, a Palavra de Deus, revela exatamente o oposto: a graça de Deus vindo até o homem incapaz de sair de seu estado arruinado.
Quando falamos em evolução no sentido da natureza, isso obviamente inclui a ideia da sobrevivência do mais forte e sua supremacia sobre o mais fraco ou menos capaz. Na teoria da evolução natural não há lugar para deficientes. O mais capaz come o menos capaz e garante sua sobrevivência e a continuidade da espécie. Na teoria da evolução espiritual igualmente não há lugar para deficientes espirituais. Apenas os mais capazes evoluem por meio daquilo que você chamou de “trabalho árduo da evolução”.
Mas quando vamos ao cerne do evangelho, encontramos que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores”. E Paulo, em sua carta aos Coríntios, continua:
“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: aquele que se gloria glorie-se no Senhor”. (1 Co 1).
A ideia é simples. Se eu evoluo espiritualmente, então palmas para mim. Se for salvo por graça, por puro favor imerecido recebido de Deus, palmas para Deus. Se minha salvação ou “evolução” está baseada nas coisas que faço e em meu esforço, acabo transformando Deus em meu devedor, pois se existe um referencial divino e eu cumpro os passos exigidos nesse referencial, posso cobrar benesses de Deus. Afinal, fiz a lição de casa, estudei, fui bem nas provas, então ele me deve a melhor nota.
Mas se me coloquei diante dele como um desgraçado infeliz, incapaz de dar um passo em direção à minha salvação, iluminação, evolução, ou seja, qual for a ideia, dependendo unicamente da obra substitutiva de Cristo para me salvar, passo à condição de devedor de Deus por me salvar por pura graça. Se fui eu quem pagou o almoço, Deus me deve. Se foi ele, eu devo a ele. É nesta segunda condição que me encontro hoje, salvo por Jesus.
Existe outro aspecto da reencarnação: se Deus oferece a salvação imediata e incondicional para aquele que crê em Jesus, a encarnação de Deus, e na suficiência de sua obra na cruz assumindo a pena devida ao pecador, para que vou precisar de reencarnação? O evangelho oferece a passagem sem escalas para o céu, porque o preço foi pago por Jesus. A reencarnação oferece uma escada de infinitos degraus. O sincero vai perceber que até o primeiro degrau dessa escada é alto demais para sua capacidade.
A única forma pela qual o ser humano pode efetivamente se colocar numa posição humilde é aquela apresentada pelo evangelho. Qualquer ideia de reencarnação ou evolução espiritual traz em seu bojo a pretensão de capacidade, e a Bíblia ensina justamente o contrário no capítulo 3 da carta aos Romanos:
“...todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus... Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
É esse o ponto de vista de Deus a respeito do homem: uma ruína completa, e isso inclui eu e você. O título de “Salvador” que a Bíblia dá a Jesus não é por menos. Salvador, assim como temos o salva-vidas, é alguém que salva o incapaz de salvar-se a si mesmo. A menos que você compreenda esse seu estado e condição, não irá compreender a essência do evangelho. Achar-se capaz de qualquer coisa (evoluir ou cumprir alguma missão ao longo de “n” reencarnações) é não entender a distância que estamos do absoluto que é Deus. É, como dizemos na gíria, “se achar”.
É nisso que está a diferença entre o que o evangelho (as “boas novas”) ensina e o que todas as outras religiões ensinam. A grande maioria, como você mesmo disse, acredita em reencarnação, em evolução espiritual, salvação por meio de boas obras e coisas semelhantes. Mas o que Jesus ensinou? A passagem imediata de um estado para outro mediante a fé nele e na obra que consumou aqui. As últimas palavras de Buda foram: “Continuem se esforçando”. As últimas palavras de Jesus foram: “Está consumado”.
Observe os tempos dos verbos na afirmação abaixo feita por Jesus no evangelho de João capítulo 5:24 e tire suas conclusões:
“Na verdade, na verdade vos digo que quem OUVE a minha palavra, e CRÊ naquele que me enviou, TEM a vida eterna, e não ENTRARÁ em condenação, mas PASSOU da morte para a vida”.
Você pode afirmar que já passou da morte para a vida, que não entrará em condenação, que tem a vida eterna porque creu na Palavra de Deus? Entenda que “vida eterna” não é uma vida que nunca mais acabará, mas a mesma vida de Deus que não tem começo e nem fim, portanto eterna (a outra seria “vida perene”, “vida perpétua”, etc.).
Fica aí o que encontrei na Bíblia e na fé que professo desde minha conversão em junho de 1978. Tenho feito vídeos de três minutos falando de minha fé em 3minutos.net e você encontra muita coisa em respondi.com.br Certamente não irá concordar com tudo isso, como eu mesmo não concordei com a pessoa que da primeira vez me falou da graça de Deus há 30 anos. Foi só quando entendi que “graça” é um favor imerecido, algo que você não pode pagar ou dar qualquer coisa em troca, foi que percebi o que Jesus tinha feito por mim e o que Deus estava me oferecendo.
É compreensível que 2:3 da população do planeta acredite em reencarnação, na evolução espiritual ou na salvação por meio de boas obras e do mérito pessoal. A alternativa é a graça de Deus, mas isso é um soco no estômago do ego, porque para aceitá-la é preciso reconhecer-se pecador, incapaz e inapto para dar um passo sequer em direção a Deus.