O arrebatamento e a volta de Jesus não são a mesma coisa?

Você escreveu: “O que você diz ser o arrebatamento da igreja não é a mesma coisa que a vinda de Jesus, quando todo olho o verá? Parece-me que as palavras usadas no grego não fazem distinção ou apontam para algum outro tipo de ‘vinda’”.

A maior dificuldade que eu vejo quanto à ordem dos eventos proféticos não é do ponto de vista das palavras usadas para falar da vinda do Senhor, mas de como encaixar tudo o que é falado de um remanescente de Israel nas profecias do Antigo Testamento e também em Apocalipse em claro contraste com o que é dito a respeito da Igreja. Esta foi fundada no dia de Pentecostes (Atos 2), portanto não é mostrada no Antigo Testamento (era um mistério que só foi depois revelado a Paulo). Sobre a Igreja é feita menção a ela como algo ainda futuro do ponto de vista daquele momento em que o Senhor estava na terra (“edificarei”) em Mateus 16:18. No mais, os evangelhos, em suas partes proféticas, mostram basicamente a relação entre o Rei e seu povo de Israel.

Se considerarmos, como você sugeriu, que não exista um arrebatamento, então precisamos considerar que não existe uma distinção entre o que é Igreja e o que é o remanescente de Israel, do qual os Salmos falam especificamente. Veja que interessante este artigo escrito por J. N. Darby no século 19, que fala do remanescente e de como ele se encaixa na ordem toda:

Um ponto conectado a isso tem sido apresentado com insistência pelos adversários da verdade, a respeito do qual eu exorto aqui que não seja levado em conta, porque, ainda que fosse verdadeiro, não diz respeito ao ponto principal e é usado tão somente para obscurecer essa verdade importante e vital que é o arrebatamento da igreja, isto é, o caráter secreto do arrebatamento.

Os dois pontos sobre os quais é importante ter um testemunho claro das Escrituras são: primeiro, que haverá um remanescente judeu no final, com um lugar que lhe é particular como tal; segundo, o verdadeiro caráter da igreja de Deus (...)

Como consequência, qual é a evidência das Escrituras a esse respeito? Há seis passagens que falam da tribulação, e pelas quais sabemos que haverá uma tribulação. Quatro são claras e positivas em sua aplicação aos judeus; uma declara que os santos da igreja fiel serão livrados dessa tribulação; e a última, que diz respeito aos gentios, faz uma clara distinção deles em relação àqueles que representam a igreja, os santos no céu, os que receberam a coroa e os anciãos entronizados.

Portanto, as respectivas passagens são muito claras. Vimos que, de forma indireta, Apocalipse 2 confirma essa interpretação. O que mais? Os princípios, de uma forma geral. Portanto o que existe é uma tentativa de se incluir a igreja na tribulação, e é este o cerne de toda a questão — confundir a igreja de Deus com os judeus e com o mundo, com suas esperanças e com as provas que virão sobre eles.