Deus armou uma armadilha para suas criaturas?

Você questiona a bondade e retidão de Deus em provar o homem (inicialmente no Éden e mais tarde de outras maneiras) sabendo de antemão que o homem cairia, e depois ainda reprová-lo ou condená-lo por isso. Você comparou isso a Deus armar uma armadilha para o homem cair nela.

Sempre que falamos de coisas como bondade, justiça, amor, misericórdia, etc., não falamos de sentimentos ou percepções que tenhamos desenvolvido por nós mesmos ou que sejam costumes simiescos aperfeiçoados. Falamos de absolutos que sempre estão acima de nossa capacidade de executar.

Essas noções que eu e você temos dessas coisas nos foram legadas pela nossa cultura judaico-cristã, pois em alguns pontos elas podem diferir de alguém que seja, por exemplo, muçulmano. Mas mesmo o muçulmano, o hinduísta ou o pagão terão, em última instância, obtido essas ideias de uma mesma fonte: Deus.

Agora, se temos esses sentimentos em nós em um grau de tão grande imperfeição, como podemos julgar os motivos ou razões daquele que nos legou isso? Se você trabalhar de faxineiro numa grande indústria, as decisões do presidente não farão qualquer sentido para você dentro dos parâmetros limitados de visão que tem um faxineiro dentro de uma grande organização.

É por isso que a salvação ou a comunhão com Deus não vem da razão ou do entendimento. Não é compreendendo o modus operandi de Deus que somos salvos ou passamos a ter comunhão com ele, mas apenas crendo. A maior parte da Bíblia foi escrita por pessoas que não entenderam nada do que estavam escrevendo, mas mesmo assim cumpriram seu papel em nos legar a Palavra inspirada de Deus. Somente hoje aquele que é convertido a Cristo e que, portanto, possui o Espírito Santo, pode compreender as coisas do Antigo Testamento, e mesmo assim em parte, como diz em Coríntios.

Creio que estas duas passagens ajudarão a responder melhor do que eu sua dúvida. Mas, lembre-se: nós não estamos aqui para entender, mas para crer.

“Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:8-13).

“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”. (1 Co 13:12).

Agora pense nisto: Deus não fez o que fez sentado confortavelmente no céu e simplesmente assistindo para ver o que iria acontecer com suas criaturas. Deus se envolveu ao ponto de se fazer homem e assumir a culpa por nossos erros. Lembre-se sempre de que a conta pela dívida não foi enviada diretamente ao pecador, mas ao Salvador. A salvação não custa nada para nós, mas custou um alto preço para Deus.

Desde a queda Deus vem avisando que pagaria a conta, mas mesmo assim nossa desconfiança nos faz achar que ele esteja mentindo ou querendo nos enganar. Quando teimosamente nos recusamos a aceitar que Deus é bom, justo e misericordioso, e o rejeitamos, o que resta então senão a separação eterna de Deus?