O que você acha do pensamento filosófico cristão?
A essência da diferença entre todo o pensamento filosófico “cristão” e o cristianismo bíblico está na obra expiatória e substitutiva de Cristo. Renegar isso é renegar Cristo e fazer do cristianismo algo parecido com qualquer outra religião, uma lista de preceitos e belas palavras. Mas o sacrifício de Cristo na cruz e seu sangue derramado são a base de tudo, e não pode ser entendida por quem busca sabedoria ou se baseia na sabedoria humana. Veja 1 Coríntios:
(1 Co 1:18-19) “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele”.
Ou seja, o evangelho da cruz é algo tão simples que qualquer criança pode entender. A filosofia humana é algo tão complexo e intrincado que apenas os sábios podem compreender. E é aí que entra o versículo 29, pois gostamos da sapiência porque ela nos faz sentir mais elevados do que os outros.
Uma vez, no interior de Goiás, eu falava do evangelho (da cruz) ao dono de uma farmácia que seguia um movimento chamado gnose. Ele, por sua vez, me falava de todos os degraus de sabedoria que sua crença ensinava. Aí entrou o Sebastião, um lavrador de lá que era crente e semianalfabeto (só sabia ler porque aprendeu a ler a Bíblia, mas não sabia escrever) e, quando percebeu que eu falava do evangelho, entrou na conversa. Depois de um tempo eu perguntei ao farmacêutico:
— Se Deus quisesse realmente indicar um caminho de salvação, será que ele faria isso de forma a ficar acessível apenas a mim e a você que temos curso superior, ou ele daria algo que fosse acessível a qualquer pessoa? Tudo isso que sua gnose ensina pode ser muito interessante, mas é preciso estudar, desenvolver, etc. e tal. O evangelho, por sua vez, é algo tão simples que estamos eu e o Sebastião falando a mesma coisa, apesar da diferença em nossa formação.
Prezado, você diz que sua intenção com o livro de filosofia cristã que pretende escrever é convencer os ateus e agnósticos da fé cristã, mas não estamos falando da mesma fé. Você está falando de uma fé que também foi minha antes de minha conversão, mas era no fundo uma fé em mim mesmo, em minha capacidade de aprender, desenvolver, reencarnar, subir, etc. Eu estou falando da fé no sangue redentor, no sacrifício de um único substituto, naquele que foi prenunciado no Éden, quando Deus matou um animal para fazer roupas de peles para Adão e Eva; daquele que foi prefigurado nos milhares de sacrifícios de animais ao longo do Antigo Testamento, e finalmente foi consumado quando entrou no mundo identificado por João Batista como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Para qualquer judeu de então fazia todo o sentido chamar de Cordeiro aquele que devia morrer no lugar do pecador.
Você questiona o valor do Sangue de Cristo, dizendo (suas palavras): “Como poderiam cinco litros de hemoglobina, criminosamente derramados por homens pecadores, constituir a base da redenção do gênero humano? E como poderia o ato de um terceiro purificar as impurezas de milhões de homens, a maior parte dos quais ignoravam, e continuam a ignorar, até a simples existência desse redentor”.
Há ateus, há crentes (em qualquer tipo de deus), há cristãos (porque se denominam assim) e há salvos pelo sangue de Cristo. É dessa última classe que estou falando. Não existe cristianismo e não existe evangelho sem sangue. Quando Paulo resume o evangelho que pregava, ele não fala de sermão da montanha ou de práticas ou virtudes cristãs. Ele fala da cruz, da morte e ressurreição de Cristo:
(1 Co 15:1-4) “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.
Quanto à questão que levantou, de sua preocupação em convencer ateus, sugiro a leitura de um ex-filósofo-ateu que se converteu depois de ouvir o evangelho de J. R. R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”. Refiro-me a C. S. Lewis, que escreveu “As crônicas de Nárnia” e outros livros (Nárnia é uma alegoria a Cristo, o leão da história, e seu sacrifício substitutivo). Mas sugiro mesmo que leia “Cristianismo Puro e Simples”, no qual ele relata como chegar a Deus sem falar em Deus. A segunda parte do livro eu não sugiro porque é mesclada de crenças e práticas anglicanas, que foi a religião à qual ele se uniu após sua conversão a Cristo. Mas a primeira parte é simplesmente ótima e faz um ateu pensar duas vezes.