Uns vão ao Pai e outros ao Filho?
Sua dúvida vem da passagem em João 6:37 onde Jesus diz que “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Será que algumas pessoas vão a Deus Pai para serem salvas e outras vão ao Filho de Deus? na verdade, nem uma coisa, nem outra, porque homem nenhum vai a Deus. E como poderia, se em Romanos 3:11 a afirmação categórica é que “Não há ninguém que busque a Deus”?
Portanto o que vemos neste versículo é como as coisas funcionam nos bastidores, apesar de alguns ainda acharem que se aproximaram de Deus de moto próprio, ou foram a Jesus, impelidos por sua própria vontade. A eleição é clara e cristalina nesta passagem, e a segurança eterna também.
Alguém poderia dizer que a primeira parte, “Todo o que o Pai me dá”, esteja falando de eleição, mas “virá a mim” esteja falando da responsabilidade humana, mas não vejo assim. Certamente Deus escolhe os que são salvos, e certamente o homem tem a responsabilidade de crer, mas esta passagem está falando de algo muito mais profundo nos desígnios de Deus, e aí certamente não sobra nada para o homem.
Portanto entenda a passagem toda como um processo em sequência: o Pai dá a Jesus e esse que o Pai deu vai a Jesus. O Senhor Jesus nada fazia em independência do Pai, portanto só é possível ir a ele se o Pai tiver lhe dado.
“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:38-40).
Se algum dia você achou que teve uma “grande sacada”, descobriu-se pecador e, de sua própria e espontânea vontade, achou que era a hora de crer em Jesus, sinto desapontá-lo mas nada disso partiu de você. Se tivesse partido você teria de que se gloriar e poderia até considerar-se um pouquinho melhor do que aqueles que nunca tiveram essa sua “grande sacada” de ir a Jesus.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8-9).
Voltando ao nosso versículo, “Todo o que o Pai me dá”, nos fala da eleição de Deus. Se eu e você fomos salvos pela fé em Jesus isto só aconteceu porque o Pai nos deu ao Filho porque ele quis e porque nós estávamos entre os que ele “elegeu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1:4-6).
Foi só por isso que pudemos ir ao Filho, “Todo o que o Pai me dá virá a mim”, não porque tivemos este desejo de nós mesmos, mas porque fomos dados pelo Pai, como se fôssemos um presente de Pai para Filho. O Filho alegremente recebe esses que o Pai lhe dá e nenhum deles se perde. “E o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”.
Portanto se um dia você foi a Jesus pode ter certeza de que não foi de moto próprio. Você foi dado a ele por Deus Pai e não tinha como escapar desse processo. Embora possamos não ver e nem entender isso, é assim que acontece nessa relação perfeita entre Pai e Filho.
Alguns irão contestar dizendo que não é justo o Pai ter dado só alguns e outros não, mas não devemos nos esquecer de que todos estavam igualmente perdidos. Deus não colocou ninguém na perdição, foi o homem que escolheu isso e se dependesse de nós ninguém iria querer sair desse estado. Espero que neste ponto não tenha alguém que também venha a reclamar dizendo: “É injusto o Pai ter me dado ao Filho sem me consultar. Eu não queria ser salvo! “.
Certamente para aquele que em sua natureza tem aversão a Deus e jamais teria escolhido essa opção, o céu seria um inferno. Mas Deus quer salvar, e tal qual o homem da parábola da grande ceia, “obriga”, por meio do seu Servo, o Espírito Santo, todos a entrarem. Mas no momento em que alguém vai ao Filho é porque Deus já “injetou” vida nessa pessoa (esse é o “novo nascimento”) através da água da Palavra e do Espírito e essa pessoa não tem mais escapatória. Ela irá desesperadamente querer ir a Jesus, e só quem já passou por isso entende.
Então vem a parte bendita das palavras de Jesus, contra a qual muitos lutam por não gostarem da ideia de que não têm parte em sua própria salvação ou na manutenção dela por boas obras, perseverança, etc.
“...E o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora... E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:38-40).
Será que depois de uma afirmação tão clara e inequívoca quanto esta você teria a audácia de dizer que sua salvação dependeu de você? E que a manutenção de sua salvação depende de sua fidelidade, perseverança, etc.? Ou que, depois de ter sido salvo, ainda exista a possibilidade de você escapar por entre os dedos de Deus e se perder?
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um”. (Jo 10:26-30).