Meu marido pode me impedir de congregar?

A Palavra de Deus deixa claro que a mulher deve se sujeitar ao marido. Se ele a impede de ir congregar, você deve procurar manter sua comunhão com o Senhor dentro do que for possível, e certamente nesta esfera o marido nada pode fazer para impedi-la de orar e ler a Palavra. Agir em insubordinação para ir às reuniões seria errado, pois tal coisa poderia criar uma reação violenta por parte do marido e subverter toda a ordem do lar. A mais importante e poderosa arma de uma esposa é justamente aquilo que acharíamos ser sua maior fraqueza: a sujeição ao marido, quando ele percebe que sua esposa está agindo assim justamente por causa do mesmo Jesus a quem o marido quer impedir sua mulher de seguir.

(Ef 5:22-24) “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido”.

Alguns pontos importantes desta passagem: primeiro, a mulher deve olhar sua submissão não como algo que está fazendo para com o marido, mas para o Senhor. “Sejam submissas... como ao Senhor”. Segundo, ela faz isto por reconhecer o senhorio de Cristo, ou seja, o poder do Senhor sobre nossa própria vontade na ordem que Deus estabeleceu na criação. “Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja”. Como nos explica 1 Co 11, esta é uma hierarquia à qual até Cristo está sujeito em seu lugar de submissão ao Pai: “Quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (1 Co 11:3).

A ordem que Deus estabeleceu é para a criação, isto é, para as coisas funcionarem aqui neste mundo, porque foi assim que ele fez. No entanto, do ponto de vista espiritual e eterno, isto é, não no mundo, mas em Cristo, homens e mulheres são absolutamente iguais como sacerdotes com livre acesso a Deus e iguais direitos e privilégios eternos.

(1 Co 11:8-12) “Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem... Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus”.

(Gl 3:28) “[Em Cristo] não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.

A submissão da mulher ao marido não implica em fazer coisas que sejam contrárias à vontade de Deus. O Senhor Jesus podia ser preso e amarrado por seus algozes, para impedir sua livre circulação ou que fosse ao Templo como costumava fazer, mas nenhum deles poderia obrigá-lo a desobedecer ao Pai. Assim deve ser a submissão da mulher ao marido como ao Senhor. Ela se submete dentro daquilo que não a leva a pecar ou venha a violar sua própria consciência para com o Senhor. “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).

Mas ao assumir uma posição assim ela não deve achar que terá uma vida maravilhosa, porque em sua Palavra, Deus inclui provisão para aqueles que sofrem por amor a Cristo.

(1 Pe 4:14-16) “Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome”.

Voltando à passagem de Efésios 5 vemos qual a abrangência da submissão: “as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido”. Fica claro que não se trata de uma submissão parcial ou condicionada àquilo que a mulher acha ser correto, mas “em tudo”, excetuando-se, obviamente, aquilo que possa levá-la a pecar contra Deus.

Mas a submissão é uma atitude pacífica, e não algo feito com um sentimento de ira e vingança. Nada pode resistir ao amor e é impossível que o mais rude marido não venha a notar que, ao ser tratada com aspereza, sua esposa revida com suavidade. É aí que entra a atitude da esposa. Primeiro, ela deve deixar muito claro para o marido que sua submissão a ele é por causa do mesmo Jesus do qual ele quer distância e tenta obrigar sua esposa a também permanecer distante. Veja as características da submissão na carta de Pedro:

(1 Pe 3:1-6) “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor. Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma”.

A palavra “igualmente” no início do versículo nos obriga a ler o que veio antes, ou seja, o capítulo 2, e ali encontramos a submissão apresentada em seu caráter mais amplo e envolvendo tanto homens quanto mulheres.

(1 Pe 2:11-25) “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei. Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente...”.

O antídoto para a perseguição, não é a resistência, mas a submissão notória a todos. É pela submissão que os ignorantes e insensatos são neutralizados, já que a resistência ou força bruta não faria o cristão nem um pouco diferente de seu opressor. A submissão também não está limitada aos bons e cordatos, mas também aos perversos, sempre lembrando ser submissão a Cristo, não a homens.

A história de Abigail em 1 Samuel 25 é um bom exemplo de como uma esposa submissa deve agir diante de um marido violento, como era Nabal. O texto diz que Abigail “era sensata e formosa, porém o homem era duro e maligno” (1 Sm 25:3). Até então Davi havia servido de proteção para os pastores de Nabal, sem que este o soubesse, mas quando Davi envia seus servos a Nabal pedindo algum mantimento, este se recusa veementemente a ajudar aquele que é uma figura de Cristo.

Davi, então, decide atacar Nabal, o que certamente significaria sua destruição e a de sua família, mas Abigail fica sabendo do plano e sai às pressas ao encontro de Davi, levando ainda muito mantimento. Ela faz tudo isso sem o conhecimento de seu marido, demonstrando que mesmo em submissão uma mulher pode agir de modo a agradar ao seu Senhor e interceder pelos familiares. E foi o que fez Abigail, intercedendo por Nabal diante de Davi e livrando-o de ser morto.

Depois de ter a garantia de Davi de que não haveria o ataque, Abigail voltou para casa e contou ao seu marido o que havia feito, o que o deixou em estado de choque. Agora ele estava ciente de seu terrível pecado e do trabalho de intercessão que sua submissa esposa havia feito livrando toda a família. Dez dias mais tarde o Senhor tiraria a vida de Nabal, tendo dado antes a ele a chance de ficar ciente de todo o mal que havia praticado.

A esposa sábia e submissa saberá interceder diante do Senhor pelo marido violento, deixando muito claro que faz aquilo por causa do mesmo Senhor a quem ele rejeita e colocando sobre o marido a responsabilidade das consequências de toda perseguição e agressão que fizer contra sua esposa. Ele precisa estar ciente de que não está agredindo a ela, mas ao próprio Senhor. Em muitas ocasiões Jesus deixou claro que tudo o que é feito para os que lhe pertencem, é o mesmo que fazer ao próprio Senhor.

(Mt 10:40) “Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou”.

(Mt 18:5) “E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe”.

(Mt 25:40-45) “E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes... Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim”.

(Atos 22:7-8) “E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues”. [A rigor Saulo perseguia os cristãos, mas era o mesmo que perseguir o próprio Cristo].

Dependendo do proceder da esposa submissa para com seu marido, a situação com o tempo poderá se reverter. Mas é importante lembrar que no estado de confusão em que a cristandade hoje se encontra há situações em que eu daria total apoio a um marido incrédulo que não permitisse que sua esposa fosse à “igreja” por querer impedi-la de ser vítima de pregadores malandros. Infelizmente muitas mulheres cristãs hoje são menos sábias que seus maridos incrédulos e estão cegas pela sedução dos pregadores da prosperidade.

Não são poucos os casos de homens assim que acabam enganando suas seguidoras e espoliando seus bens. Uma vez um motorista de táxi, cuja esposa é crente, me contou que chegou em casa e flagrou o “pastor” da igreja de sua esposa saindo com a TV que ela tinha doado para a “igreja”. Foi só ameaçando ligar para a polícia que o taxista conseguiu sua TV de volta, mas ele me contou que antes disso, muitas coisas de valor pertencentes ao casal já tinham sido entregues ao tal “pastor”.

(2Tm 3:6-9) “Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles”.

Portanto, antes de criticar seu marido incrédulo, certifique-se de ter a certeza de você mesma não estar sendo vítima de lobos famintos. Talvez seu marido esteja sabiamente protegendo-a de ser arrebatada por um lobo, e não impedindo-a de seguir a Cristo.