Como lidar com os que discordam?
Quando o assunto é lidar com os que discordam ou se opõem à Verdade, existem dois extremos contra os quais devemos vigiar. Um é o de nos ensoberbecermos pelo conhecimento que nos foi gratuitamente dado pelo Senhor e sairmos por aí ofendendo a todos os que não pensam de igual modo. Os Coríntios eram assim, pois eram tão conhecedores (intelectualmente) que desprezavam o apóstolo Paulo que anos antes lhes havia conduzido ao Senhor. Boa parte das duas epístolas é usada por Paulo para apresentar suas credenciais de apóstolo e repreender os coríntios por sua soberba.
Paulo diz: “Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?” (1 Co 4:7 NVI). Eles se esqueciam de que tudo o que sabiam tinham recebido de Deus por graça e não por mérito ou esforço. Em outra parte Paulo escreve: “O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” ((1 Co 8:1 NVI).
O outro extremo é querermos ser brandos e pacientes demais com os que se opõem à verdade. Recentemente bloqueei do Facebook e do Youtube um sujeito (incrédulo) que fez um comentário no Youtube insultando de maneira execrável a Pessoa e obra de Cristo. Se ele falasse mal de mim eu talvez deixasse para lá, mas quando alguém é inimigo da verdade não devo tratá-lo do mesmo modo como trataria alguém que ignora a verdade. Vamos encontrar esses inimigos da cruz entre incrédulos e cristãos professos, pois Paulo nos avisou que depois de sua partida entrariam lobos querendo destruir o rebanho e também homens (dentre os cristãos) buscando seguidores (Atos 20). Por isso hoje fica mais difícil filtrar, mas devemos filtrar.
Quanto ao homem que “expulsei” de minhas redes sociais, vi em seu perfil que ele se dedica a combater sistematicamente o Senhor Jesus, a Palavra, a Verdade e tudo o que diz respeito a Deus. Do mesmo modo como alguns criam perfis e canais para propagar a verdade, os perfis e canais dele são para combater a verdade. É certamente um louco em sua fúria demoníaca tentando destruir algo que o incomoda.
“Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem” (Jd 1:10).
Quando alguém diz algo por ignorar a verdade, procuro ajudá-lo. Quando se opõe, mas vejo que é uma oposição sincera apenas por falta de conhecimento, persisto em tentar encaminhá-lo à verdade. Nem sempre iremos encontrar crentes ou incrédulos que concordem com o que pensamos, mas o fato de alguém discordar não é motivo para ser tratado como inimigo. O amor irá procurar conduzi-lo à verdade. Eu mesmo já discordei de muitas coisas que hoje acredito.
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3:12).
“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4:2).
“...Disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (2Tm 2:25).
“Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe” (2Ts 3:14).
“Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore” (1 Jo 5:16).
Mas quando alguém deliberadamente ofende a Pessoa do Senhor, tenta anular a obra da cruz ou é petulante ou zombador em seu modo de tratar as “pérolas” e “coisas santas” o melhor mesmo é nos afastarmos dos tais. É prudente também não ficarmos discutindo com pessoas assim nas redes sociais, pois estaremos apenas dando a elas oportunidade de destilar seu veneno contra o Senhor. Estou me referindo, mais uma vez, não aos que discordam de boa consciência, mas aos que estão deliberadamente empenhados a difamar o nome de Cristo.
“Como o soltar das águas é o início da contenda, assim, antes que sejas envolvido afasta-te da questão” (Pv 17:14).
“Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes” (2Tm 2:14).
É a diferença, por exemplo, de um que não acredita em Deus mas vive sua própria vida sem “pregar” seu ateísmo e nem ficar procurando seguidores, e de um Richard Dawkins, por exemplo, que é um “evangelista do ateísmo” e tem até uma loja virtual para vender badulaques para promover sua aversão a Deus. Enquanto alguns se dizendo cristãos exploram comercialmente a fé, há também ateus que exploram comercialmente a negação da fé.
Felizmente nas redes sociais (Facebook, Youtube, Twitter...) existem mecanismos para apagar algum comentário impróprio ou chegar ao extremo de bloquear a pessoa para que nem mesmo tenha mais acesso ao nosso perfil nessas redes. É importante entender que o perfil na rede é “a casa” ou “a sala de estar” de alguém, não um lugar público. Se alguém deseja visitar “minha casa”, é bem-vindo, podemos conversar e até discordar.
Porém se alguém entra em “minha casa” e passa a se comportar de forma inconveniente, desrespeitosa, ou ofendendo o Senhor, que tanto prezo, sou obrigado a expulsá-lo “de minha casa virtual” como faria na casa de tijolos. Alguém poderá discordar argumentando que isso não é agir de forma democrática, mas quando se trata de um lugar privativo (como é “nossa casa”) não se pode querer que cada um faça o que bem entender apelando para uma suposta democracia.
Gosto da história que um irmão norte-americano me contou e que aconteceu na década de 50, quando os homens usavam chapéu. Dois cidadãos bateram à porta da casa de um irmão e disseram que queriam conversar com ele. Ele os convidou a entrar, pegou os chapéus, pendurou-os nos cabides e os três sentaram-se na sala. Quando um deles disse que estavam ali como representantes da “Torre de Vigia” (eram Testemunhas de Jeová) o irmão pediu licença, levantou-se, foi até o cabide, pegou os chapéus, saiu e os colocou no meio da rua. Imediatamente os dois TJ saíram correndo para salvar seus chapéus e o irmão fechou a porta.
“Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 Jo 1:10-11).
“Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze” (Tt 2:15).
“Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” (Tt 3:10).
“Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais” (1 Co 5:11).
“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mt 7:6).