Como entender o dispensacionalismo?
Você sabe o que é uma “conta conjunta”, não sabe? É quando duas pessoas possuem tudo em comum. O sentido de Efésios 3:6 é de uma conta conjunta, de uma união de comunhão total. Tomando a liberdade de transgredir as regras da nova ortografia, se separarmos o prefixo “co” para enfatizar a ideia que pretendo transmitir, a passagem poderia ser lida assim:
“Os gentios são co-herdeiros, e co-membros de um mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.
O problema é que quando olhamos para as profecias do Antigo Testamento e de Apocalipse que falam do futuro vemos um Israel que é cabeça sobre as nações da terra (os gentios). Vemos os gentios indo atrás dos judeus pedindo que estes os ensinem a Palavra de Deus. Vemos também o que há de melhor na terra sendo dado a Israel e os gentios aparecendo como tributários levando presentes e ofertas a Jerusalém, como acontecia nos tempos do reino de Salomão. Como conciliar isso com a ideia de dois povos tendo uma conta conjunta, uma união com comunhão universal de bens, em condições iguais?
A única forma é entendendo que Efésios3 está falando da Igreja como uma entidade distinta de Israel e gentios, apesar de ser formada por indivíduos convertidos de ambos os povos. Mas estes já não são considerados por Deus como judeus ou gentios, e sim um só corpo de Cristo. Enquanto isso Deus continua enxergando as duas outras entidades no mundo, judeus e gentios (ou gregos) separadamente, como fez no passado e fará no futuro, após o atual parêntese da Igreja no desenrolar da profecia.
(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.”.
William MacDonald explica assim: “A era da Igreja é um parêntese nos desígnios de Deus que pode ser explicado da seguinte forma. Durante a maior parte do período de história registrado no Antigo Testamento Deus estava tratando principalmente com o povo judeu. Na verdade, de Gênesis 12 até Ml 4 a narrativa fica quase que exclusivamente centralizada em Abraão e seus descendentes.
Quando o Senhor Jesus veio ao mundo Ele foi rejeitado por Israel. Como consequência Deus deixou de lado aquela nação temporariamente como sendo o Seu povo escolhido na terra. Vivemos agora na era da Igreja, quando judeus e gentios estão em um mesmo nível diante de Deus. Após a Igreja estar completa e tiver sido levada para o lar celestial, Deus voltará a tratar com Israel como nação. Mais uma vez os ponteiros do relógio profético voltarão a se mover.
Portanto o atual período é uma espécie de parêntese entre os desígnios passados e futuros de Deus para com Israel. Trata-se de uma nova administração no programa divino, que é singular e separada de tudo o que veio antes ou virá depois.” [“Comentário Bíblico Popular” - W. MacDonald].