Qualquer um pode participar da ceia?

Qualquer pessoa pode participar da ceia, desde que seja convertida a Cristo, tenha sido batizada e peça seu lugar à mesa do Senhor para poder ser conhecida e recebida pela assembleia. Estar à mesa do Senhor nestes dias de tanta confusão religiosa envolve um triplo julgamento:

PRIMEIRO, o julgamento da própria pessoa que deseja participar. Uma vez uma irmã me disse que achava ótimo os critérios que os irmãos usavam para receber alguém à comunhão, porque ela mesma não gostaria de partir o pão em um lugar que aceitasse qualquer um que chegasse dizendo ser cristão.

Quando participamos da ceia estamos expressando nossa comunhão prática com outros membros do corpo de Cristo, e estaríamos contaminando a mesa e nos contaminando se ficássemos lado a lado com alguém vivendo em pecado, por exemplo, um adúltero, uma prostituta, um bandido procurado pela polícia, alguém envolvido em ocultismo, espiritismo, maçonaria, etc.

“Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? ... Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais... Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? ... Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Co 5-6).

Portanto é bom que a própria pessoa que deseja participar da comunhão seja criteriosa e queira saber em que terreno está pisando, e deve alegrar-se por encontrar uma comunhão em que os irmãos são criteriosos quanto a quem é recebido ou não. Se você entender que este critério é para manter a comunhão sã, certamente irá apoiar a ideia. Mesmo que você não seja uma pessoa que anda em pecado, se desejar realmente estar em comunhão será muito bem vindo, mas antes precisará ser conhecido dos irmãos com os quais terá comunhão, do mesmo modo como desejará conhecê-los.

A única coisa que poderia impedir você de participar seria querer estar em comunhão à mesa do Senhor, onde testemunhamos que há um só pão, um só corpo, e que TODOS os salvos são membros desse corpo, e ao mesmo tempo continuar participando de uma denominação. Se estamos à mesa do Senhor confessando que há um só corpo (e não muitos corpos) seria uma incoerência eu estar ali e ao mesmo tempo ser membro de uma “igreja” criada pelos homens.

SEGUNDO, o julgamento da assembleia, que tem o dever bíblico de receber cada um que vem sobre as bases determinadas pela doutrina dos apóstolos, que é a de julgar quem pode estar à comunhão (conforme expliquei acima). A assembleia é também responsável em julgar os que estão “dentro”, isto no sentido de comunhão, pois quando alguém peca deve ser excluído da comunhão, colocado “fora” (1 Co 5). Seria também uma incoerência alguém continuar congregando em uma denominação pois aí estaria sob dois escrutínios: o da assembleia reunida ao nome do Senhor e o da denominação que se baseia em seu dogma ou regra de fé.

TERCEIRO, o julgamento de si mesma perante o Senhor. Este versículo confunde a muitos, pois pensam ser este o único julgamento que deve ser feito e que caberia exclusivamente à pessoa saber se deve ou não participar da ceia. Mas uma simples atenção ao versículo irá mostrar que é um julgamento para ter consciência de sua indignidade de estar ali, mas de ter sido feita digna de comer, pois a conclusão é “...e assim coma do pão e beba do cálice”. (1 Co 11:23-34).