A lei vigorou até João Batista?
Sim, o próprio Jesus afirma que a dispensação da Lei, que começou com Moisés, terminava com João Batista e uma nova dispensação era agora inaugurada. Portanto não há o que discutir neste sentido. João Batista foi o arauto do Rei prometido que chegava, mas ele mesmo não seria contado entre os que participariam deste reino. Na verdade o menor no reino de Deus seria considerado maior do que ele, não por causa de obediência ou outra virtude, mas pelo caráter superior da dispensação que estava sendo inaugurada.
(Lc 16:16-17) “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei”.
(Mt 11:11-13) “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João”.
A lei prometia bênçãos terrenas condicionadas à obediência e o que os fariseus queriam eram as bênçãos sem obediência, pois amavam as riquezas e não queriam se esforçar para obtê-las.
(Dt 11:13-15) “E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás”.
(Lc 16:10-15) “Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele. E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação”.
Jesus mostra que a dispensação estava mudando e que João Batista era o último dos profetas que viveram sob a lei. O reino de Deus estava agora sendo pregado e quem quisesse entrar nele precisava se esforçar pois a oposição dos escribas e fariseus seria grande. No reino, a promessa não é de riqueza momentânea, mas a bênção é prometida aos pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus. Assim fica mais fácil entender quando Jesus conta a história do rico e de Lázaro. Pelo raciocínio da Lei, que abençoava com prosperidade material o obediente, e trazia pobreza ao desobediente, a condenação do rico no hades e a recepção de Lázaro no “seio de Abraão” não fazia sentido. Na mente do judeu devia ser o contrário. O rico só podia ter enriquecido por ser obediente, e se Lázaro era pobre isto era por não ter sido fiel.
Os fariseus se gloriavam na lei, porém a lei agora saía de cena para dar lugar à graça de Deus e eles ficavam sem ter de que se gloriar. A Lei estipulava aquilo que era necessário para o homem viver bem na terra, e premiava sua obediência, enquanto os profetas previam a vinda do reino. O reino havia chegado, não ainda em forma visível, mas já estava aqui em sua forma espiritual e os homens se esforçavam (ou faziam violência) para entrar nele, enquanto os fariseus, com sua cegueira espiritual, ficavam de fora. Mas mesmo que a Lei deixasse de vigorar, nenhum jota nem til dela deixariam se se cumprir. Ela permanece, mas seu lugar não é o mesmo de antes. A Lei é santa e boa, portanto seus princípios morais permanecem.