Podemos apressar a vinda do Senhor?

Você disse que ouviu um irmão dizer que poderíamos apressar a vinda do Senhor vivendo de maneira santa, e para isso baseou-se em 2 Pedro 3:11-12. “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão”.

O problema com essa interpretação é que a passagem não está falando da vinda do Senhor para buscar a igreja; está falando do “Dia de Deus”, não um evento, mas um período (se é que podemos chamar de período algo que não terá mais tempo) diferente da vinda do Senhor (este sim, um evento).

O “dia de Deus” é o estado eterno, quando não existirá mais tempo e do qual a Bíblia quase não fala porque nossa mente ainda presa a um corpo terreno não entenderia. O “dia de Deus” vem depois do arrebatamento, tribulação, milênio, juízo final e destruição dos céus e da terra que existem hoje.

Repare também que o versículo não diz “... apressando a vinda do Dia de Deus, quando os céus, incendiados...”, mas “...apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados...”. O “dia de Deus” vem porque antes ocorreu a destruição do universo que conhecemos. Pelo menos 1007 anos antes disso terá ocorrido o arrebatamento da igreja.

O versículo 13 confirma que o apóstolo está falando do estado eterno: “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. Não confunda, porém, a passagem de Isaías 65:17 e 66:22 que usa a mesma expressão “novos céus e nova terra” para referir-se ao período do milênio, já que naquele período continuará havendo pecado (Is 65:20) e crianças nascendo (Is 65:23), coisas que obviamente não encontraremos nos novos céus e nova terra do estado eterno.

Resta ainda uma dificuldade: Como poderíamos então, mesmo entendendo se tratar de um estado e não um evento, apressar a vinda do Dia de Deus? Acredito que a resposta esteja no início do capítulo e com outra dos evangelhos:

“Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (2 Pe 3:3-4).

“Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 24:48-51).

O incrédulo certamente acredita que o fim de todas as coisas vai demorar para sempre, que o juízo nunca vai chegar. Mas o crente sabe que estas coisas estão logo ali, por isso vive na radiante expectativa da vinda de seu Senhor no arrebatamento, que será o “gatilho” que irá acionar toda uma sequência de eventos que culminará no “dia de Deus”, como se fosse a primeira peça de um dominó. Veja o contraste da passagem assim (da expectativa do incrédulo) com as passagens que mostram a expectativa do crente:

(Hb 10:37) “Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;”.

(1 Co 15:52) “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”.

(1Ts 4:17) “Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor”.

(Ap 22:16-20) “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! ... Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!”.

Evidentemente aqueles que estão esperando pelo cumprimento das profecias feitas a Israel, que incluem uma porção de coisas, como a volta do povo judeu a Israel, as catástrofes mundiais previstas para a grande tribulação, a vinda do anticristo, etc., não poderão viver na expectativa da vinda do Senhor a qualquer momento e, consequentemente, “apressando a vinda do Dia de Deus” que é o estado eterno que terá início no mínimo 1007 anos após o arrebatamento da igreja.