O que significam o sangue e a água?
Antes de qualquer coisa é preciso deixar claro que Jesus não morreu do ferimento causado pela lança do soldado. Ele já estava morto quando a ponta da lança entrou no seu lado. Nem perca seu tempo acreditando em livros escritos por médicos ou documentários na TV que tentam explicar clinicamente a morte de Cristo. Sua morte ocorreu quando ele deu um brado e entregou o espírito, fazendo algo que homem algum tem poder de fazer, que é dar a própria vida, isto é, conjugar o verbo morrer na primeira pessoa e sem cometer suicídio. Os versículos a seguir mostram isso e a ordem dos eventos:
“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10:17-18).
“E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou” (Lc 23:46).
“Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado; Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (Jo 19:32-34).
Mas o que significam o sangue e a água que verteram do lado ferido de Jesus? Na Bíblia a água aparece várias vezes com o sentido de purificação e o sangue de vida. Não foi o suor de Jesus enquanto orava, que “tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Lc 22:44), que nos purificou dos pecados. Também não foi o sangue vertido de suas costas afligidas pelos açoites, nem de sua testa ferida pelos espinhos, ou de suas mãos e pés perfurados pelos cravos. O sangue que saiu dessas feridas era o sangue de um Cordeiro vivo, portanto ainda não sacrificado. É o sangue de um Cordeiro morto, que saiu da ferida da lança do soldado, que nos purifica de todo pecado.
O ato do soldado mostra até onde a maldade humana é capaz de chegar, pois existe um consenso de que até nas guerras os corpos dos inimigos mortos devem ser tratados com respeito. Atacar um cadáver é revelar uma inimizade que vai além da vida; um ódio perpétuo contra o Filho de Deus. O soldado romano foi apenas um instrumento nessa expressão de ódio, pois a responsabilidade recairá no futuro sobre os judeus, dos quais é dito:
“A casa de Davi, e... os habitantes de Jerusalém... olharão para mim, a quem traspassaram” (Zc 12:10).
A água e o sangue que saem da ferida são os elementos que possibilitaram a salvação do homem. O sangue nos fala da expiação judicial dos pecados, pois “sem derramamento de sangue não há remissão [de pecados]” (Hb 9:22), e a água representa a purificação moral (Jo 5:3; Ef 5:26). O capítulo 5 da primeira carta do apóstolo João fala destes dois elementos associados ao Espírito como levando o testemunho de que Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho. O sangue e a água saíram do corpo morto de Jesus, enquanto o Espírito foi derramado de um Cristo ressurreto e glorificado nas alturas. Apesar de não termos de nós mesmos vida, esses três elementos testemunham que temos vida eterna no Filho de Deus.