Por que as sete cartas de Apocalipse são proféticas?

Você pergunta com base em que podemos afirmar que as cartas que foram enviadas às sete igrejas nos capítulos 1 e 2 de Apocalipse representam o testemunho da igreja aqui na terra e não são simples cartas. Na verdade elas também são simples cartas, e este é um princípio que você encontrará em toda a Bíblia. Por exemplo, os Salmos são canções, e ao mesmo tempo a expressão do salmista. Mas é inegável que são também proféticos, pois você encontra ali Salmos como o 22, que descrevem a morte de Cristo na cruz e muitos outros que falam dos sofrimentos do remanescente judeu que irá se converter após o arrebatamento da igreja.

Com base no mesmo princípio podemos ler as sete cartas de Apocalipse como cartas efetivamente endereçadas àquelas sete igrejas nas cidades que identificam cada uma delas, e também podemos ler como cartas endereçadas aos cristãos de hoje, pois há muita coisa ali para nos edificar, exortar e consolar. É o caso de todas as epístolas dos apóstolos também: elas têm um endereço primário, que é assembleia (por exemplo, Corinto) ou o irmão (por exemplo, Timóteo) a quem é endereçada, mas também são a Palavra de Deus endereçada a cada um de nós, dois mil anos mais tarde. É como se ouvíssemos Pedro dizendo: “Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas” (2 Pe 1:15).

Quando falei das sete cartas de Apocalipse em “O Evangelho em 3 minutos” concentrei-me em seu caráter profético (e Apocalipse é um livro profético) lembrando sempre que a chave do próprio livro é dada logo no início, quando o Senhor dá a João instruções precisas das três divisões da revelação: (Ap 1:19) “Escreve as coisas [1] que tens visto, e [2] as que são, e [3] as que depois destas hão de acontecer”. As cartas estão na divisão das “coisas que são”, ou seja, do período vivido por João e que se estende até hoje.

Obviamente apenas hoje é possível enxergar nelas as diferentes etapas históricas do testemunho cristão no mundo. Existem coisas na Palavra de Deus que entendemos apenas depois que elas acontecem como foi o caso da profecia a respeito de Tiro. O próprio profeta que a escreveu não deve ter entendido como ela iria se cumprir, mas hoje é história. Então olhamos para trás e vemos como foi.

Assim é com a história do testemunho de Deus na terra. Muitos cristãos já escreveram a respeito das sete igrejas representando diferentes fases do testemunho cristão, e acredito que isso foi uma das verdades que foram resgatadas no século 19 por irmãos que congregavam fora do sistema religioso e somente ao nome do Senhor. Mas hoje, vivendo na época de Laodiceia, podemos ver claramente.

Uma boa ideia é ler a metade final deste texto de um livro que estou traduzindo. O assunto é outro, mas o trecho fala especificamente das sete cartas às sete igrejas de Apocalipse. O autor, Bruce Anstey, é contemporâneo, mora no Canadá e congrega somente ao nome do Senhor, fora dos sistemas denominacionais: http://aoseunome.blogspot.com.br:2013:03/capitulo-tres-por-que-tao-poucos.html.