Por que não posso ofertar?
Sempre que alguém me diz que pretende visitar os irmãos congregados ao nome do Senhor eu costumo esclarecer alguns pontos para a pessoa não ser surpreendida ou até, sentir-se excluída. Basicamente são três os pontos que chamam a atenção de quem visita uma reunião: o ministério da Palavra não ser feito por um só homem, a ceia do Senhor ser restrita aos que foram previamente recebidos à mesa do Senhor, e a coleta não ser estendida a visitantes que não estão à mesa do Senhor participando da ceia.
Se o convidado for a uma reunião de ministério da Palavra, por não existir um homem à frente dirigindo, e o ministério ser dado pelos diferentes dons com a liberdade do Espírito (“falem dois ou três profetas, e os outros julguem” - 1 Coríntios 14:26-40), ele pode achar que aquilo é um debate ou espaço aberto para cada um dar sua opinião. Já vi casos de pessoas desavisadas, inclusive incrédulos, tomarem a palavra e começarem a dar suas opiniões, do tipo “Eu acho isso...”, “Eu penso aquilo...”, etc.
Embora não exista um dirigente humano, o Espírito Santo é quem dirige cada um a falar, e isto é feito com o mesmo critério que o Espírito estabeleceu para aqueles que ministram a Palavra: devem ser julgados naquilo que falam. Isto não significa impedir um dom de ministrar, mas sim saber de antemão se aquele dom está de acordo com a Palavra de Deus. Você deixaria um desses lobos que aparecem de vez em quando na TV abrir a boca em uma reunião dos irmãos? Não, porque o que eles falam tem por objetivo pedir dinheiro ou espalhar seu fermento (má doutrina). Para o ministério da Palavra deve valer o mesmo princípio usado na escolha daqueles que irão ministrar para as necessidades materiais, que vemos como diáconos: “E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis”. (1Tm 3:10).
A grande dificuldade do ministério aberto a desconhecidos é que um Testemunha de Jeová, Mórmon ou Espírita pode chegar e se apresentar como cristão. Aí ele começa a ministrar na reunião e pode dizer que Jesus não é Deus, que a salvação é pela reencarnação, etc. O mal já terá sido feito e todos terão sido contaminados com sua má doutrina. Daí a necessidade de um julgamento prévio para conhecer quem é aquela pessoa.
Este cuidado se faz mais necessário em virtude dos tempos em que vivemos, quando lobos se introduziram no rebanho. E mesmo os irmãos que já são conhecidos são julgados quando ministram. “Falem dois ou três profetas e os outros julgam”. Não raro alguém tem sua fala interrompida por dizer algo que não está de acordo com a Palavra ou precisar de melhores esclarecimentos.
O critério da restrição à participação da ceia (de comer do pão e beber do vinho) já expliquei em outro texto, portanto vou falar algo sobre a surpresa que alguns têm quando percebem que sua oferta ou contribuição não é aceita na hora da coleta.
Este é um critério que se faz mais importante ainda em tempos de tanta confusão quanto os que vivemos. Abraão não quis aceitar nada do rei de Sodoma e isto deve ser um princípio para a assembleia também: não aceitar nada que venha de incrédulos ou do mundo. Para uma pessoa que apenas visita uma assembleia, que não está em comunhão e que não é ainda conhecida dos irmãos, existe o zelo de aguardar até conhecer melhor a pessoa. Quem é ela? É convertida? Está vivendo em pecado ou não?
Conheci um homem que era diácono de uma igreja presbiteriana que, além de ser maçom, era também adúltero reconhecido por todos na cidade (mantinha duas casas, duas mulheres e duas famílias). Como era muito rico, e seu dízimo era o maior da igreja, o pastor jamais cogitou excluí-lo da comunhão. Estas distorções acontecem quando não atentamos para o que disse o apóstolo em 3 João 1:7 “Porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios”.
Evidentemente alguém que esteja numa denominação não irá entender isto, pois é comum na cristandade as “igrejas” aceitarem favores de incrédulos e principalmente de políticos em campanha. Conheci um homem que, mesmo sendo incrédulo, ficou horrorizado quando acompanhou um político que assessorava a uma reunião da qual participavam candidatos a cargos políticos e pastores de denominações. A reunião, na casa de um pastor, foi uma espécie de leilão, no qual cada político apresentava o que poderia fazer por cada pastor caso tivesse votos daquela igreja.
É assim que muitas denominações religiosas ganham terrenos para construir seus templos, equipamentos para o culto, etc., além da isenção de impostos, que já é comum porque o governo prefere saber onde as pessoas estão reunidas e que estão sob a tutela de um só líder, pois manobrando o líder fica muito mais fácil manobrar as massas.
Até financiamentos de incrédulos para campanhas evangelísticas são aceitos por muitos cristãos e igrejas na cristandade. Quem conhece a história dos primeiros missionários protestantes que vieram para o Brasil sabe que a maçonaria apoiou e financiou boa parte dessa obra, às vezes até protegendo seus missionários. Um desses missionários batistas, Salomão Ginsburg, era maçom, e em sua biografia que li há muitos anos há um trecho que diz:
“Enquanto prega, uma multidão armada com punhais cerca o dedicado missionário. Salomão ora pedindo livramento a Deus e um pensamento lhe vem de súbito: “Seria possível que naquele lugar houvesse um irmão maçom?”. Sem pensar duas vezes este ilustre maçom protestante faz o sinal da maçonaria e alguns homens o cercam, conduzindo-o a uma das melhores residências da cidade.”
As ofertas que são coletadas nas reuniões da assembleia reunida ao nome do Senhor vêm de irmãos em comunhão e são destinadas às necessidades dos santos. Pelos motivos que já expliquei acima, é preciso critério nisso, e por isso é que costumo sempre preparar aqueles que visitam as reuniões para não ficarem surpresos quando tentarem falar e forem interrompidos, ou quando o pão e o cálice não passarem por eles, ou ainda quando enfiarem a mão no bolso e a coleta passar ao largo.