Quem morre no ato do adultério perde a salvação?
Sempre iremos julgar aquele que morreu em pecado por nos acharmos mais fiéis que nosso irmão. Mas quando chegarmos ao céu descobriremos que a glória de termos chegado lá “ilesos” não pode ser tributada em qualquer medida a nós, mas somente a DEUS. A religião sempre irá querer dar ao homem o mérito de sua salvação na tentativa de evitar perder membros de suas “igrejas”, mas DEUS não divide sua glória com ninguém. Se eu caio, é graças a mim; se eu não caio, é graças a Deus. Mas vamos ver o que a Palavra de Deus diz do plano que Deus tem para o salvo e de quem receberá o mérito por cada etapa cumprida:
Fiz aparecer o “Sujeito oculto” do versículo em Romanos 8:30 para ver se alguém se atreveria a interrompê-lo em seu trabalho e alegar que uma determinada etapa de sua salvação foi por seu próprio esforço, disciplina ou fidelidade:
“E aos que...
[DEUS] predestinou a estes também
[DEUS] chamou; e aos que
[DEUS] chamou a estes também
[DEUS] justificou; e aos que
[DEUS] justificou a estes também
[DEUS] glorificou”.
(Cl 1:22) “Agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis”.
(1Ts 5:23) “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Mas vamos usar o exemplo prático que você deu, do Fulano que se dizia crente e morreu no ato do adultério. Perdeu sua salvação? Depende. Se para ele “ser crente” é filiar-se a uma religião evangélica e andar segundo a “lei” de sua “igreja” então nunca creu de fato e nem era salvo. Foi apenas alguém que se converteu de um modo de vida para outro, algo que até um ateu consegue, se seguir à risca os “Doze Passos” dos “Alcoólicos Anônimos”.
Mas digamos que realmente fosse alguém que “ouviu a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido” e tenha sido selado “com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
Se o Senhor não mentiu quando disse que o Espírito estaria “para sempre convosco” (Jo 14:16), e eu creio que ele estivesse dizendo a verdade, então esse que morreu no ato do adultério pode ter sido alcançado pelo juízo disciplinar de Deus por cometer um “pecado para morte” (1 Jo 5:16), como fizeram Ananias e Safira, e como fez o homem de 1 Coríntios 5 que Paulo ordenou fosse “entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (1 Co 5:5). O “pecado para morte” é para morte física, não para condenação eterna. É o adúltero no ato do adultério a quem Deus decide interromper sua loucura e levá-lo para o céu antes que faça mais bobagem. Esse será salvo como de mãos vazias, “esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Co 6:15).
Mas por que usar o exemplo de alguém que “morre no ato do adultério”? Por que não o de alguém que abusa da macarronada e morre no ato da glutonaria? Ou que morre no ato da cobiça, por bater o carro enquanto olhava a moça seminua no outdoor? Ou no ato da mentira, ao terminar de declarar o imposto de renda? Ou no ato da impureza, enquanto namorava no carro escuro? Ou no ato da idolatria, ao cancelar o plano de saúde da família para comprar o carro dos sonhos? Ou da embriaguez, ao abusar da caipirinha do churrasco? Ou de qualquer ato “contrário à sã doutrina”? (1Tm 1:10). Esses pecados sempre aparecem lado a lado com o adultério, mas costumamos fazer vista grossa para eles por serem socialmente aceitos.
Visto deste ângulo, entendemos o quanto dependemos da graça e misericórdia de Deus, e não de nossos vãos esforços, para chegarmos ao final da jornada. Os dois versículos que citou devem ser vistos em seu próprio contexto. O primeiro foi dito a Caim e fala do pecado que sempre estará à porta querendo nos “picar” como uma serpente. Sim, o crente deve viver atento e dependente do Senhor. Sobre os ombros do Pastor estamos a uma distância segura das cobras. “Se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar” (Gn 4:7).
O segundo versículo que você citou fala de carreira e prêmio (ou galardão) e é a isso que Paulo está se referindo, e não à salvação eterna. Ele sabia bem que jamais perderia a salvação, mas que poderia ser reprovado e perder o prêmio (ou recompensa ou galardão).
(1 Co 9:24-27) “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”.