Seria Eva a segunda esposa de Adão?
Existe uma lenda que alguns tentam associar ao livro de Gênesis, porém isso só pode vir de pessoas que, ou não conhecem a Bíblia, ou não sabem o que é uma lenda, ou estão empenhadas em minar a fé cristã. Ou ainda, que foram reprovadas em interpretação de texto em todos os exames. Trata-se da ideia de que Adão tinha uma primeira esposa chamada Lilith, que teria mantido uma relação com Satanás e gerado uma linhagem de seres malignos.
Outra teoria diz que Lilith teria sido a própria serpente que enganou Eva, e a moda parece que pegou depois que Michelangelo pintou no teto da Capela Sistina uma Lilith metade mulher, metade serpente, enroscada no tronco de uma árvore. Numa época quando ainda não existiam os gibis a garotada devia adorar ir à missa, mesmo se voltasse para casa com torcicolo. Apocalipse 20:2 deixa claro que a serpente era Satanás e não uma mulher: “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos”.
Tudo isso tenta se basear na ideia de que, se em Gênesis 1:27 está escrito que “criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”, e Gênesis 2:18diz “disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”, então supõe-se que a mulher do segundo capítulo seja outra, já que Adão já tinha recebido uma mulher no primeiro capítulo.
O problema é que em Gênesis 1:27 diz que Deus criou o homem, mas em Gênesis 2:7 também diz que Deus criou o homem, o que na mente limitada dos adeptos da teoria de Lilith deveria significar também que Deus teria criado dois homens! Se eu enviar um e-mail a você dizendo que estou de carro novo, e amanhã enviar outro e-mail para dizer que agora tenho um carro que vai me ajudar em meu trabalho, o que você vai pensar? Que no primeiro dia comprei um sedã e no segundo um utilitário? Nota zero de interpretação de texto para você!
Mas aí vem alguém e diz que existem até manuscritos antigos falando dessa outra mulher de Adão. É, devo admitir que existem mesmo, e esses manuscritos dão conta de que Lilith era o nome de uma deusa conhecida como o demônio da noite que assombrava os lugares desolados de Edom ou também poderia ser um animal noturno que habitava nos desertos. O texto de Isaías 34:14 também traz, no original, uma Lilith: “E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si” (Versão Almeida Revista e Atualizada).
A passagem está falando da terra de Edom no futuro, a qual ficará desolada e entregue às feras quando Deus derramar seu juízo ali. Se essa for a mesma Lilith do Éden é de admirar que não tenha envelhecido depois de tanto tempo! Dependendo da versão da Bíblia você encontrará a palavra hebraica traduzida como “animais noturnos”, “fantasmas”, “bruxa do deserto”, “espectro”, “coruja” ou “demônios”. Seja qual for o significado real da palavra ou sua tradução mais correta, o contexto da passagem claramente nada tem a ver com Adão ou com a Criação.
A lenda de Lilith durante séculos habitou o imaginário popular dos hititas, egípcios, israelitas e gregos, ressurgindo na Idade Média pela pena de autores judeus junto com outras personagens como o Golem. Não sabe quem é o Golem? Você viu o “Quarteto Fantástico”? Não, não estou falando dos Beatles, mas dos super-heróis da Marvel. Pois é, pense no “Coisa” e você terá uma ideia do Golem dos judeus. E aproveite para pensar na “Mulher Invisível” como uma Lilith, só que do mal, não só invisível como também inexistente.
Já nos tempos modernos grupos ligados ao esoterismo e bruxaria passaram a admirar essa figura maligna. O autor irlandês James Joyce a chamou de “padroeira dos abortos”, enquanto alguns grupos feministas veem nela uma heroína por ter simbolicamente 'rasgado o sutiã' e se livrado de Adão. Existe até uma revista feminina e feminista judaica que leva o seu nome e também um festival, Lilith Fair, celebrado anualmente para angariar fundos para vítimas de câncer nos seios.
Mas a verdade é que a lendária Lilith, que entre os sumérios seria uma entidade plural de demônios femininos representando o caos, a sedução e a impiedade, era chamada por eles de Lilitu. Os sumérios acreditavam que ela habitava os desertos e era um perigo para mulheres grávidas e crianças, pois seus seios seriam cheios de veneno, e não de leite. Ardat Lilitu, uma lenda derivada, representaria mulheres estéreis frustradas e inimigas de homens. Pense em Litith como uma versão feminina do Bicho Papão.
Não perca seu tempo tentando encontrar lendas e mitologias pagãs nas páginas da Bíblia. Ocupe-se procurando Cristo em suas páginas. Sabia que ele aparece em todos os livros da Bíblia? No Antigo Testamento em sombras, figuras e às vezes pessoalmente, e no Novo Testamento ele vem ao mundo em um corpo humano e depois parte daqui como o protótipo de uma nova Criação. Pois, quantos são os povos pagãos, tantas são as lendas da origem do homem, do pecado, do Éden, do dilúvio e até do Messias vindo ao mundo. O aviso de Paulo cabe aqui para você identificar quem são esses que espalham essas lendas como se fossem verdades bíblicas:
“O Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência... Rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade... Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (1 Timóteo 4:1-2, 7; 4:3-4).
Se não existissem esses que hoje tentam fazer você engolir fábulas como verdade, a previsão do Espírito Santo através do apóstolo Paulo nunca teria se cumprido. Mas como eles estão por aí, disseminando o que aprendem com “espíritos enganadores e doutrinas de demônios”, tendo suas consciências “cauterizadas” por “hipocrisia” e “mentiras”, podemos descansar no fato de que todos os avisos de Deus se cumprem. Não esteja você entre os que têm “coceira nos ouvidos” e vivem navegando nos sites dos “doutores conforme suas próprias concupiscências”. Esses são os que vivem disseminando lendas e teorias conspiratórias para inquietar os cristãos.
Portanto, esqueça a Lilith, Lilite, Lilitu, ou seja lá o nome que ela recebe nas diferentes versões. Prefira a Branca de Neve ou a Bela Adormecida, pois ao menos estas não tentam detonar a verdade da Palavra de Deus. Em um site onde o autor jura que a tal Lilith existiu alguém comentou, “Se existiu, como é que ela não é literalmente mencionada em Gênesis?” A resposta do autor é a mesma de todos os que duvidam da Palavra de Deus e só a utilizam até onde dá para cumprirem seus propósitos. Ele respondeu que “a igreja católica adulterou os manuscritos originais para fazer a Lilith desaparecer”. Fica aqui uma dica de como identificar um apóstata: ele usa a Bíblia para levantar uma teoria, e aí nega a veracidade da mesma Bíblia quando ela coloca em xeque o que ele quer dizer.
Se você acredita mesmo nessa lenda de Lilith como esposa de Adão, então terá de crer também em outras lendas como “verdadeiras”. Tem aquela da Branca de Neve, por exemplo. Eu não acredito em Branca de Neve, e você? Se ficar navegando na Web atrás de lendas e mitologias vai ter baldes e mais baldes de maionese para viajar. Não sou profeta, mas se o mundo ainda existir daqui a alguns milhares de anos alguém irá escavar um manuscrito de um escriba chamado Walt Disney que viveu no século 20, e então publicar um tratado arqueológico afirmando que em nossa época os ratos falavam. E sempre vão existir incautos sentindo coceira nos ouvidos para acreditar nisso.