Por que você critica a “minha” igreja?
Você é a terceira, das três pessoas indignadas que entraram em contato comigo nos três últimos dias. Uma, por telefone, tentou explicar por que sua “igreja local” era a correta e minhas informações sobre ela equivocadas. Outra, por e-mail, exigiu que eu tirasse do ar tudo o que escrevi sobre sua “congregação”, chegando ao ponto de dizer que quem fala mal dela está em desobediência! Agora você, via Youtube, dizendo que eu deveria guardar os mandamentos da Lei e não falar do que não entendo, além de respeitar a “profetiza” de sua religião sabatista. Consegue enxergar um padrão aí?
Todas essas pessoas defendem sistemas religiosos criados por homens em algum momento da história, geralmente séculos depois de Cristo fundar sua igreja em Atos 2. Não estão ocupadas em “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 1:3) ou defendendo o “um corpo” de Cristo, a Igreja que o próprio Senhor disse que edificaria em Mateus 16:18, contra a qual as portas do inferno não prevaleceriam. Ao contrário dessa Igreja, da qual fazem parte todos os crentes em Cristo e foi fundada no dia de Pentecostes há dois mil anos, essas pessoas gastam saliva, tempo e energia em defender alguma seita que alguém um dia decidiu criar para diferenciar um grupo de cristãos de outros por diferentes nomes e doutrinas.
“Ah!, mas a minha igreja foi criada por uma revelação dada à nossa profetiza!” - dirá você. “O Senhor revelou essa obra ao irmão Fulano!” - dirá o outro. “Não estamos mais ligados à sede nos Estados Unidos que você citou em seu vídeo!” - afirmou o terceiro.
Tá bom, vá acreditando que o Espírito Santo iria revelar algo contrário à Palavra, que diz coisas como “há um só corpo... assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também... que não haja entre vós dissensões”, etc. (Efésios 4:4; 1 Coríntios 1:10; 12:12). Ou então tente se convencer de que a verdadeira igreja, o corpo de Cristo, seja apenas o grupo do qual você faz parte.
A Igreja, a genuína, é o Corpo de Cristo do qual fazem parte TODOS os salvos. Entendeu? Todos! Não se trata de um grupo denominado ou não denominado. Trata-se de um só corpo cuja expressão local está representada por dois ou três congregados pelo Espírito ao nome do Senhor.
Deixe-me desenhar: Sabe o Exército Brasileiro? Pois é, só existe um, mas em cada localidade existe um quartel. Aquele quartel não é independente do Exército Brasileiro e nem tem outro nome ou direção. É apenas a expressão local do mesmo Exército. Quando um recruta é acrescentado ao Exército Brasileiro ele é acrescentado a todo o corpo do Exército, e não a uma facção. As denominações estão para a verdadeira Igreja como as milícias estão para o verdadeiro Exército. São espúrias e não condizem com a unidade que caracteriza o corpo como um todo.
Assim é com a Igreja, lembrando que quem acrescenta membros ao seu corpo é o próprio Senhor, e não algum ritual de batismo ou formulário de membresia. Nem mesmo a própria pessoa pode se acrescentar ao corpo de Cristo. “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor” — e não o homem — “dia a dia, os que iam sendo salvos” (Atos 2:47). Biblicamente falando você só pode ser membro do corpo de Cristo; não se pode querer ser membro do corpo de Cristo, que é a Igreja, e também querer ser membro e alguma facção ou milícia paralela tipo “Igreja A” ou “Igreja B”. Experimente criar facções ou milícias assim no Exército Brasileiro esperando ganhar alguma medalha por sua ideia.
Quer um conselho? Se você realmente crê no Senhor Jesus e busca só a glória da Pessoa dele, não perca tempo pregando uma religião, “igreja”, denominação, ou seja lá o que for. Faça como os apóstolos e discípulos em Atos e nas epístolas: defenda apenas Cristo, o nome que está sobre todo nome. Não gaste tempo e saliva me escrevendo ou ligando para defender uma agremiação de pessoas, ou as pessoas de algum grupo, por mais cristãs que sejam. Eu nunca falo mal das pessoas, de meus irmãos em Cristo, espalhados pelas denominações. O que eu deixo claro é que as organizações nas quais eles estão espalhados não existem na Bíblia. São coisas criadas para dividir cristãos em diferentes facções. Paulo em 1 Coríntios chama a isso de carnalidade, quando dizem eu sou de Paulo, eu sou de Cefas, etc. Nem preciso falar de defender algum líder ou suposto “profeta”, não é mesmo? Pessoas que falam “eu sou do Pastor Fulano”, “sou da igreja do Missionário Sicrano”. Que igreja do Pastor Fulano? Só existe a igreja que é do Grande Pastor das ovelhas, Cristo.
Quando Cristo vier buscar sua igreja ele vai levar os salvos, todos eles, independentemente de onde estejam espalhados nessa grande casa, a Laodiceia em que se tornou a cristandade. Qualquer grupo de cristãos que disser que salvos são apenas eles, ou ao menos que são eles os “mais espirituais”, “as virgens com azeite” ou “os únicos que guardam o sábado” não passa de um ninho de soberbos pretensiosos. Os de Filadélfia em Apocalipse 2 (nome apenas geográfico, não de alguma “igreja” ou denominação) nada disseram de si mesmos. Quem disse deles, que tendo pouca força guardaram a Palavra e não negaram seu nome, foi o próprio Senhor. Eles não estavam preocupados com eles mesmos, se eram isso ou aquilo. Os únicos preocupados consigo mesmos, seus feitos e realizações, eram os de Laodiceia, que também elogiava a si mesma. Mas na sequência vemos o Senhor buscando a comunhão de quem estivesse disposto a abrir a porta para cear com ele.
Jesus não vai voltar para arrebatar e levar para o céu algum sistema ou organização religiosa apelidada de “igreja”. Essas organizações, com seus templos e infraestrutura, permanecerão na terra recheadas com os que forem cristãos apenas de nome (porque os genuínos serão levados ao céu) e serão usadas pelo anticristo na perseguição do remanescente judeu que irá se levantar depois do arrebatamento. Ou por que você acha que o apóstolo João tomou o susto que tomou, quando viu uma mulher, que deveria ser uma noiva virgem e pura, aparecer no seu radar profético como uma grande meretriz?
“Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra... Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto” (Apocalipse 17:1-6).
O cristão tem um trabalho neste mundo, e este não é defender alguma denominação ou organização religiosa como se tivesse vindo de Deus. Não veio. Apenas a Igreja, o corpo de Cristo, estava nos planos eternos de Deus, não alguma seita criada por algum falso profeta ou mesmo um santo com boas intenções. O Senhor disse que “toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” (Mateus 15:13), e eu pegunto: Alguma dessas organizações foi plantada pelo Pai ou é iniciativa meramente humana? Se é obra de Deus, então quem não está nela está perdido. Se não é, por que razão a defender?
Paulo, o apóstolo, também deixa claro em que devemos empenhar nossos esforços: quando feitos novas criaturas, fomos “criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Você teria coragem de afirmar que a “Igreja A” ou “Congregação B” está na lista de boas obras que Deus de antemão preparou? Se é caracterizada como Igreja, então seu plano e origem só pode estar “antes da fundação do mundo”, que foi quando Deus elegeu os que seriam membros do corpo de Cristo, a Igreja (Efésios 1:4). Paulo escreve ainda:
“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios 3:9-17).
Você teria coragem de afirmar que, por “lavoura de Deus” e “edifício de Deus” Paulo estava se referindo à “igreja”, “congregação” ou “comunidade” à qual você dedica tanto tempo, saliva e esforços para defender? Se você vacilou em afirmar que Paulo estava falando de sua organização religiosa, então utilize sua saliva e esforços para edificar sobre o único fundamento que Deus estabeleceu. Seja você também um construtor daquilo que vai permanecer; utilize materiais nobres, raros e duradouros, e não o feno, palha e madeira triviais. Porque tudo o que for construído fora desse fundamento não vai permanecer. E o que for construído com material descartável também não.
“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1:27).
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 1:3).